24 maio, 2011

DOPA-ME ...

DOPA-ME ...


Com o narcótico

Do teu desejo...

Deixa-me ser

a traficante...

Faz-me sentir deslizar

verticalmente…

Brilho escaldante…

Neste chão partilhado…

Faz de mim,

negócio dos sentidos...

Intentos de juízo...

Desígnios mútuos...

Plangente ruidosa...

Corrente carcereira,

que delimita o horizonte...

Abençoada prisioneira,

dum estigma que te perdoei...

Ser binário que não ama...

Serenidade matemática...

Néctar de penugem…

Que aflora tua boca…

O Futuro... O destino...

Num só...

Um aroma...

Um incenso ...

Um desígnio imenso…

Em que me apodero de alguém…

E vislumbro…

A vista abrangente de um pôr do sol...

A mistura terrena entre o céu e a terra...

A melodia que não morre...

Sobe as cinzas da paixão...

Em tábuas húmidas...

Perdidas na areia...

Em que nos sentamos,

outrora…

E devoramos nosso coração…

A cor rubra que te corre nas veias...

Estimula a pulsação...

A arte sôfrega e impaciente...

Dos desejos ardentes...

Euforia de cor transformada...

É nossa tempestade,

de ventos frios e quentes

O apetite voraz...

Que te sorve em cada aspiração...

Absorvendo o teu ar...

Inspiração...

Numa fotografia apagada...

Que tenta surgir...

Na memória…

Da intenção…

O impulso dos movimentos...

Respirar...

A morfina ...

O círculo de nosso jogo…

Uma gargalhada que perdemos no ar...

Se vires entristecer meu olhar …

Aproxima-te…

e…

Dopa-me...

Ana P. / J.C. PATRÃO
ÐяЌ

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