29 junho, 2013

Por

de trás deste passado/presente
De muralhas invisíveis
Exibindo-se
no redor de um fogo manso,
que se finge adormecido...

Meu corpo
átomo de cinza branca
Asa da esfinge,
incenso do pó
que me liberta...

Não serei mais que, pó!...

No sopro do vento
que me há-de levar ...
Voltarei,
na maresia
para te beijar...
Unir
Tua Alma
que de quedou da minha.

Ana P.

BOLCO DE NOTAS 29/06/2013

Quisera desprender as asas dos sonhos que se escondem por de trás dos ciclos, que nos rodeiam.
Quisera ser mais do que sou, simplesmente!
Não jazo nos momentos que foram.
Por explicar fica a repetição das palavras que não soubeste decifrar. Que rebuscas sem tacto para as tactear.
Quisera!... Encontrar-te por entre as cordas do relógio que não pára. No rosto...
Vejo-te no tempo, sem tempo .
Vejo-te na tela dos meus olhos, onde as cores não se perderam, prevaleceram tal qual o dia de um passado qualquer. Um amor não fica para depois. Amor é a sombra dos dois. Poderia escrever-te na ardósia mais rasa a alquimia do olhar, o mistério que galopa no silêncio e falar-te da nascente das lágrimas que jorro no sorriso. Poderia explicar-te o reverso do avesso do interior que me fascina. Meramente anotar, nada mais. Não há ruído mais forte que a tristeza que carregas nos olhos, não há palavras que não fujam do remetido silêncio. Olhando-te carrego-te no colo, acaricio-te no brilho dos meus olhos. Falar é muito pouco, comparado com a essência que me inalam os sentidos. Falar, é apenas um cântico dos desejos que nunca foram proibidos...
Quisera trazer-te de volta .... quisera!

Ana P.

24 junho, 2013

CARTAS AO VENTO 23/06/13

Nada mais, que o sossego dos dias de olhos fechados.
Nada mais, do que ver sem estar acordado.
Nada mais que o teu amor, para transformar
Nada mais do que o meu, para te amar....


No peito a consequência do tempo, sem razões para esquecer. Labareda incandescente que arde sem se ver. Amor rasante das marés: Tábua segura que decalco com os pés.
Meu vento! Paisagem sem estações, liberdade sem equações. Saberia confrontar o avesso dos dias que não me fizeste esquecer. A esplêndida simbiose de recordações ilustram as páginas, soletram as tempestades e as bonanças do dias a que seguiram as noites, no brilho dos teus olhos. No silêncio, as gravuras de caprichos ilustrados. Partes de desejo do perspicaz pecado, escondido na guilhotina do tempo. E as horas decepavam-se nos dias, na vontade mais louca de te abraçar e sufocar os beijos e as palavras que não foram ouvidas muito antes de as falar. Lembro-me de ti! Da morosidade dos dias que não findavam, e das noites que não os acordavam.... esqueciam-los!
Lembro-me, de te olhar.
Do significado que foste e do significado que deixarás sempre ficar.
Nada mais, que o sossego. A paz que me dás nesta vontade sem medo.
Onde amar, é simplesmente o enredo que nos leva e nos deixa ficar....

Carinhosamente

Ana P.

19 junho, 2013

Bolco de notas 19/06/2013

A última vez!
Sempre será a última vez das vezes não me esqueci de lembrar.
Acordo aqui, perante as palavras irrequietas que solidificam os dias nas cordas de um tempo, que me une nos elos dessa suposta eternidade.
A última vez nem sei seria mesmo a última vez ou mais uma vez das vezes que me deixei lembrar.

Ana P.

18 junho, 2013

BLOCO DE NOTAS 18/06/2013

No fim eras o silêncio das páginas que gritavam por ti.
A cumplicidade dos sentidos, braseava os sôfregos corações. Havia uma infinita paz que redobrava o aprumo do desejo das emoções tacteadas nos nossos corpos. Sentia-se o perfume onde nos perdíamos no olhar. Em cada despojo no nu, as vestes da alma lavada, a inocência do jejum da equestre eternidade. Jaz no peito da saudade, que um dia iremos relembrar como atos de um afrodisíaco amor. Que despenhamos em todos os leitos, na rendição de meros argumentos que sofregamente sorvemos nos beijos que não calamos...

Lembrarei-me de ti.
Assim como tu, te lembraras de mim...

Ana P.

16 junho, 2013

CARTAS AO VENTO 16/06/2013

Quantas vezes te falei no murmurar dos meus olhos?!
Na voz do silêncio que ficava para depois.

Olhávamos para a ermida do horizonte que nos enfeitiçava, que nos presenteava com os afagos da brisa que nos lambia a face.
Certamente haveria o azul deste céu, a distância mais curta que sempre nos abraçou. Havia contextos personalizados que estilhaçavam o lote das razões que se poderiam fomentar. A conta gotas houve sempre as lágrimas de uma chuva acida que nos desnudou. Uma prece inacabada como um final de uma certa história que não terminou. ... Pausadamente fecho a boca para que o olhar te grite mais alto que o som da minha voz. Necessitas de todas as regras e de todas a excepções que se fizeram para as quebrar. Não és mais que uma regra... Nem o podes ser. Em que as excepções são as opções que tomaste sem regras. ... Trago-te no novelo dos sonhos, exponho-te nas páginas brancas do livro que ainda não escrevi. Sei de ti, mais do que alguma vez saberei de mim. E mesmo assim acredito na adversidade da vida, acredito no retorno de esfera que já foi a linha mais recta que dignamos traçar, esquecendo os ajustes de um tempo que se prevê infinito. ... Fecham-se-me os olhos! Neles a inesgotável procura do teu olhar. E todas as palavras que se juntaram num refrão único, em toda a intransigência do simples verbo Amar... Passa o tempo, fecham-se os anos, renascem os dias nos dias. Sem temer a lembrança soletra cada frase, cada palavra que me deixas-te aprender.
E no tempo o compasso, o regaço do abraço de tudo o que ficou por dizer...

Carinhosamente

Ana P.

15 junho, 2013

BLOCO DE NOTAS 14/06/2013

Por vezes é necessário, olhar os quadros.
Relembrar as telas, que deixamos pintar.
E nunca esquecer, Amar por Amar...

Por vezes é neste silêncio que abro as janelas da minha morada.
É nele que esmiúço a saudade e abasteço os reforços para mais um dia, talvez.
Aqui ,não se cala o que deixei ignorar. Não se cala o olhar mais obstinado. Não se esquece, só por se esquecer. ...
Porque quem esquece, vai morrendo lentamente. Por fora, por dentro na filosofia dos sonhos algures no pensamento.
Porque deveria esquecer-te ??!!
Se sempre serás a força de todos os elos que se unificam em mim.
Lembras-me um velho moinho, de velas brancas nas feições das estações, contra-relógio do tempo. Império dos ventos que as fustigavam.
Quantas vezes abrimos, nossos braços no vento??!!!
Quantas vezes fechamos os olhos, para sentir a brisa do mar??
Quantas vezes nos deitamos nas dunas??
Quantas noites por dormir, e outras tantas adormecidas...
Vale-me o relembrar desses sorrisos, a amordaça da cumplicidade que sempre nos uniu, cada suposto destino que nos afastou.
Relembro-te como uma quimera. O vento de um tornado que por mim passou.
Relembro-me de mim, e do que agora sou...
... Uma tela sem quadro!
Onde Amar, é muito mais do que simplesmente, esquecer-me!...

Ana P.

04 junho, 2013

Bloco de notas 04/06/2013

Tatuo o fogo, nas palavras que murmuras ao ouvido..

Por mim existem palavras que se lavram no fogo.
Existem no perfume que desflora o incenso. Nas brisas que sinto e em todas que não passam por mim. Em cada cortejo que pintam as estações num naco que o tempo nos oferece. Dominam em algures as vestes nuas da alma. Predominam no silêncio que explora os sonhos e as utopias que decerto já ouvimos falar. Uma incerteza do corretamente correto. Uma simbiose nunca calculada. Em que jamais nos deixaríamos queimar num fogo que não se vê. Neste perfeito momento, reclamo as cinzas dos momentos que me deixei queimar sem ver. Reclamo o giz de uma ardósia em que nunca se escreveu. A mais alta chama de um fogo adormecido. Procuro por mim, quando me murmuras no ouvido. Ópio dos desejos que foram concebidos quando lavravas meu corpo, como um fruto proibido. ...
Onde tatuadas ainda existem, as palavras!

Ana P.

02 junho, 2013

Bloco de notas 02/06/13

Exclusivamente...

É-me necessário! ...

Às vezes é necessário esquecer a ambiguidade do tempo.

Fazer das dúvidas um caminho para o conhecimento. Tão necessário como a abstrata esperança.

Aqui!

Neste sossego onde a alma se funde nas páginas do livro que fomenta a minha vida, Resumo meros significados que a beliscam e defendem.

Defendem contextos e expõem as razões que compõem as adversidades e uma ou mais opção.

Há neste silêncio o acalento da luz que ilumina a saudade. Que me ilumina.

Onde sem asas me faz sentir na cordilheira de um voo não planeado. Sinto-me, azul!

De um lado o azul mar que me fascina, do outro o Céu azul libertador. Simbolicamente representam as asas que não tenho. Predominam na cor terra dos meus olhos, nos mistérios que vagueiam na pista do vosso olhar. Poderei ser o Mar? ... Poderei ser o Céu?! ... Ou apenas uma interrogação de doce inferno. Um inferno que não devora! Ilustra para além de fogo que arde sem se ver. Que coloca à prova o ruído mais estridente, do silêncio que nasce e também morre. ... Às vezes é necessário não querer esquecer.

Rabiscar é o murmúrio das minha palavras.

É-me necessário....

Ana P.