30 maio, 2013

Bloco de Notas 28/05/2013

Permita-se...

Permita que por entre seus dedos, sinta o fugir da areia.
Que suas mãos sejam as dunas que afagam os ventos.
Permita que entre nós, ecoe a liberdade de pensamentos.
Celebre os dias, as horas e os meros segundos como se fossem a apoteose do nosso banquete.
Permita que se soltem as lágrimas, os sorrisos e a mais estridente gargalhada. ...
Permita que as páginas brancas sejam um lembrete dos amores passados, dos que ficaram e de uns tantos que ainda virão. Permita, o adormecer nos meus braços, os murmúrios que moldam o reverso do meu rosto, que esculpem os vértices do meu lado invisível. Imperfeita, é a melodia que não toca o piano. Imperfeita serei eu, na forma mais simples de um engano.... Permita, que lhe cobre o silêncio. Que lhe leia o lembrete das páginas brancas, que lhe dediquei. Mesmo rasgadas saberei ler-lhas de cor e salteado. Enzimas da memória que catalisa o perfume das estações, o enrendo para lá do negro arco-íris, o mistério que esquarteja a voz dos olhares.

Permita-se serenamente, a Amar! ...
Amar-se, no antes, no agora e no depois.

Permita-se...

Ana P.

26 maio, 2013

CARTAS AO VENTO 26/05/13

Vértice.
Ponto onde me encontro, contigo.
Olhares que culminam ...
....

és o murmurio das analogias das razões que meus olhos incitam.

Dos momentos que se transformam no ópio do incenso que escrevo com minhas mãos. É a poeira que liberta a alma, a lama que a molda.... Contra ao tempo soletro as palavras que são cúmplices da densidade dos desejos que flamejam. Dos tornados invisíveis, das chuvas silenciosas. São o caule, as pétalas o perfume do beijo que minha boca calou. O segredo de um gesto que nunca falou. E mesmo presa no último abraço que não demos, encurto a distância que sempre nos separou. Ainda sinto a meiguice nos meus olhos, quando te revejo no olhar. O cintilar das lágrimas, não enganam! Corroboram o significado de uma existência, rosa-dos-ventos dos meus ventos. Ainda tropeço na doce nostalgia do pensamento. Onde as memórias são as asas da saudade racional que se reparte por mim. O lugarejo onde se acomodam as estações dentro do meu peito, uma clareia sem fim, sem azimute sem horas. Extensa como qualquer abraço que ficou, que não se deu... Posso sentir-te presente, embora representes o passado. E o passado é um fosforo que se queima no presente, as cinzas de todos os predicados que argumentam os meus olhares de ontem, de hoje.
Do passado, do presente... Contra-tempos das minhas vontades!
Incenso do ópio que me delata.

Carinhosamente

Ana P.

24 maio, 2013

Bloco de notas 24/05/13

Depois...

A saudade ajuda-me a descrever os dias como se fossem um apêndice dos momentos que resgatados da vida...
A saudade sobre a qual tanto se escreve e descreve. Podemos apagar o fogo, mas não sabemos o que fazer com o fumo. Não o podemos esconder, nem o podemos fazer desaparecer. Certamente que o tempo aniquilará uma qualquer fogueira. Assim como este será portador das lágrimas que não me viram derramar. Todavia existira a fumaça que se equilibra no fumo dos meus olhos. No espaço aberto repleto de imperfeitas harmonias, de sorrisos de boca fechada e de beijos decepados pelo esquadrante que nos traça as horas.
Inverso de todas as formas que julguei perfeitas, onde sem querer omiti o ruído deste silêncio que falava de mim para mim. E para mim falava-me de ti! De um simples prepósito que denuncia as inigualáveis fragilidades de cada ser. Emotiva as razões, que deixei para te dizer... depois!...
Depois, já não estavas. Já não poderias escutar . Depois...
Valorizei as palavras que me ensinaste a escrever. Fragmentos que não se deterioraram. Que acederam a fogueira que tenho no peito, que queimam o incenso que alimenta a alma. Reforçam os abraços que ficaram por dar, os afetos do antes que solidificaram o depois... Soubesses a mais exata falta e o excesso do nada, poderias ver de olhos fechados e sentir mesmo afastado pela distância.
Depois...
Depois parte de mim, partiu contigo.
Igualou o desejo nas prosas que me ajudas a escrever. Onde as perda, é essência que não me derrota, mas que elege a diferença que encontro nos dias. Nos dias que não escolhi, mas em que fui escolhida... Vales-me tu, eles e elas, cada desencontro que me ensinou a encontrar. Cada juízo de mim que não deixei ajuizar.
Depois!
Certamente é, SAUDADE!
Depois, sempre depois...

Ana P.

18 maio, 2013

BLOCO DE NOTAS 17/05/2013

Divagar sobre o tempo.
Falar-vos do ruído que surpreende o silêncio.
O meu e o vosso...

As horas desafiam os dias.
Os dias prescrevem as horas na vontade de não jazer na saudade.
Sozinha!
Não dou tréguas ao silêncio... Não me leio nele, porque é ele que sempre me lê.
É ele que me encontra, quando me perco. Quando de pé me sinto de rastos...
Somente o abraço, somente este abraço que me enlaça. Justifica as noite que fingi dormir, e os dias que acordada, adormeci. ...
No planalto de um olhar, antevi a simples falta que me fazes sentir.
Descrevo-me nas legendas que te esqueceste de apagar.
E vivo, nos dias para as poder lembrar. Recordar-me no postigo da memória. Sobe o alpendre, onde o narrar é o amor que nos dá, retira e devolve...
Suspeito que o silêncio é a ânfora dos néctares que se embriaga na vida. Como eu, me embriago no amor que sinto, que senti, que de alguma forma se transforma em mim. Transcrevo-me na delicadeza do passado, que subtilmente sobrevive em cada presente das estações que os anos sucedem a um indeterminado tempo. Não lhe chamo eternidade, porque seria subjugar o limite do tempo, do qual nada sei. Prefiro chamar-lhe indeterminado. Como um qualquer produto inacabado. E inacabado é o jejum das palavras que fazem sentir, que aproximam e afastam as razões de uma vã opção. Poderia perder-me numa hora, e esta hora ser p produto inacabado que se soltou num desejo. Que se uniu num beijo, corroeu a vontade mais afastada desse abraço, de um hipotético sorriso rasgado na face. Poderia pressentir talvez essa eternidade, se os minutos não contassem as horas e as horas os dias.... e os dias o produto inacabado da eternidade. Parece confuso mas é verdade...
Somente a verdade... nada mais!

Ana P.

12 maio, 2013

BLOCO DE NOTAS 12/05/2013

Saudades, (in)-mim ...

O dia passa.
É o exemplo mais simples de cada conquista, superada no contraste das estações que se envolvem no tempo. Aqui dentro no meu canto, escrevo de dentro para fora o que de fora ficou cá dentro. E nos dias e com os dias, abasteço-me dessa paz que se ajusta no equilíbrio da razão de ser apenas-mente. Sereno, é o olhar que deixo preso nos afetos, nas lembranças que ficaram e no silêncio das palavras que não escutei porque nunca mas disseram.... Por vezes ainda me sinto perder! Ainda narro as vontades do corretamente sonhado nos fragmentos de sonhos que se renderam num passado... Aqui! Onde faço o esboço do retrato do que sou. Faço a junção de elos que se soltaram, antecipo as lembranças que não quero esquecer. E em sintonia envelheço no alpendre do tempo, amadureço os obstinados impulsos que se ancoraram numa das muitas lágrimas que não ousei esconder. ... Atestam a rebeldia que se cruza na liberdade do olhar. Olhar para a frente e para trás. Depois do nunca que não escrevi...
Saudades de mim.

Ana P.

08 maio, 2013

BLOCO DE NOTAS 08/05/2013

Para além de mim...

Há muito mais do que se possa imaginar.
Corre-me nas veias as palavras que ficaram e todas as outras que foram ditas. Imagina-las é muito mais que correr o risco. É descrever-me por dentro e por fora. ...
Por dentro, a analogia é muito mas que escrever, é sentir!
Ser construída e transformada por elas.
Por dentro, coabita a razão de tudo o que sou, o que fui e o que virei a ser.
Tivesse o exato colorido, onde o negro é a face mais alva de um fragmento das estrelas.
E a luz que encandeia, é a escuridão que nunca sonhaste. É o peso que se carrega quando não se ignora a alma. Há dias que me fecho, (in)-mim. Dias que o delito mais grave é não ser perfeita. Mas perfeita, não serei! Não procuro perfeição. Procuro o equilíbrio entre o meu Ser, e a Razão... É aqui, isenta dos ruídos que me oiço. Que as amenas conversas são as brisas que devolvem e levam muito mais de mim do que possas imaginar. Cliché! Não é apenas uma suposta lágrima, mas a tal trama que a saudade tece em desafios contraditórios, em partidas que não se enunciaram, em palavras mal ditas ou nas malditas palavras.... Desejo encontrar-me com a paz dos lânguidos olhares, clarificar-me nas tonalidades de um soberbo arco-íris, pintado só para mim... Onde as abobadas são o brilho do sorriso que carrego nos lábios. Rendidos ao fascínio da lágrima mais tímida, e asfixiados pelo o abraço que avança no tempo. ... Oásis, do deserto que arde. Artimanha da ilusão que me chama... Esperança!...
Por fora a nuance de uma tela inacabada. Um corpo de mulher que se despe e veste nas palavras que ouviu, de uma certa forma as sentiu . As partilhou nos dias avessos e em dias quase perfeitos. Ironia pode ser um sintoma do pecado. E este não mora só ao lado!...
Por fora, posso ser a parte de ti ou então aquela que fugiu de mim ...
Posso ser o vento, um melodrama de um espaço vazio, a boca da foz que abocanha o rio. Posso ser a prosa, o vendaval, a liturgia grega num pedestal.
Ilha solitária, o manto de uma mortalha. A beleza selvagem, que se supõem imoral...
Posso ser ou deixar de ser. Existir ou não existir ...
Sou a enclave do que possam ver ... A fonteira entre o que sou, e o que possam imaginar...

Sou!
Muito mais...

Ana P.