30 setembro, 2013

PERFUME ...

A fragrância
que brota
da essência da luz
que meus olhos emanam.

Perfume,
todo tato do beijo
que se define no toque.

Perfume,
vermelho vivo paixão,
encaixe
púrpura, coração...

Perfume,
onde perdura
a saudade,

que me fazes, sentir! ...

Ana P.

BLOCO DE NOTAS 30/09/2013

Espero-te aqui ! ...

Aparte-se de mim o silêncio. Não há meias palavras. Nem meios tons que possam falar por mim... Seria suposto calar-me! Mas calar-me, é o oposto de mim. É tudo aquilo que não quero deixar por dizer.
Olho, para lá deste silêncio. Para lá, do eco da falta que me fazes sentir, ainda me sento naquele beco, ainda espero e desespero por tanto te querer.
Os sentimentos se despedem dos momentos que partiram de nós. Existe uma força que teima quebrar o vazio. Que teima não nos deixar partir... Nos olhos, vestígios das supostas lágrimas que reacendem o alvoroço de se amar livremente. Não nos perdemos no rasto que decalcamos com os nossos pés, mas nas diferenças que nos lideraram as horas e todos os minutos que desejávamos só nossos. "Só nossos", seria demasiado egoismo.
Até parece que o Mundo gira, à nossa volta...
Sentada. Neste meu pequeno "Mundo" imaginário, esmago a real distância. Conservo o traço dos teus afetos e aproximo o murmurar dos teus lábios. Beijo-te o corpo, em forma de um doce pecado. Nos olhos o trago, desse sorriso que deixaste para mim... Falo para mim, somente de ti!
Somente....
Só(Mente), para não me enganar....

Ana P.

29 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 29/09/2013

The other side ...

Parte de mim se diz viva, a outra jaz nos momentos que nunca abdicarei.
Ironicamente jazo onde me sinto viva. O outro lado de Mim, o outro lado do Mar, do Sol, da Luz ... Haverá sempre o outro lado, e quando não for o meu, será o teu, o vosso ...
Talvez o nosso!

Talvez esta inquietude seja a plataforma mais firme de um qualquer sentimento. Seja o inesperado, o inverso do que seguramente não se esperava.
Elas vinham confusas, dissipavam-se na melodia, no drama no avesso dos dias que sem querer ainda contávamos.
Falo-vos das palavras, da fonética das razões, dos vários adereços que não sonegaram os argumentos. Havia palavras nuas. Minhas, tuas. Palavras vestidas, malditas palavras sem horas e as mal ditas que tanto nos ferem.

Ana P.

26 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 26/09/2013

" Deixa-me ser, eu deixo-vos estar."

As saudades perlongam-se nos dias, como uma aquisição contra-feita de momentos que não nos deixaram ficar para trás.
Abro a janela.
Lá fora fermentam os perfumes de um outono que teima chegar.
Mescla-se os tons de anil com o ardil de tons laranja de cor terra.
A azafama, contorna os efeitos do horizonte que se despe lá longe.
Fecho os olhos.
Por instantes, retoco o silêncio que me brota nos olhos.
Acendo a luz de uma alma ávida de instantes. Cada pormenor é o grafite que o tempo desenha.
Por vezes, desconhece-se o autor e prepósito encurta a distância que nos separa.
Bendita legião de palavras que não me cansa.
Que não resume.
Não se cala nos argumentos de uma qualquer razão.
Bendito o dia que fiquei sem chão, parti o relógio e cortei as rédeas do coração.
Bendito os dias, as horas os anos, os meses que me transformaram.
Assim eu sou, assim serei! ...
No olhar atordoo as saudades de quem gosto, de quem já partiu...
Revejo-me nas perdas, nas vitórias que se enlaçam no corpo, e eternizam as memórias como um mural da mente.
Certamente já me perdi. Perdi-me tantas vezes,....
As necessárias para me encontrar.
Encontrando-me, encontro aqueles de quem não me esqueci.
Só assim terei aquele gosto de saborear, de escolher e decidir ...
Só assim poderei, ser.

Apenas ser, nada mais....

E deixando-me ser, eu deixo-vos estar.

Ana P.

16 setembro, 2013

Não posso escrever o que significo para vós.

Mas posso escrever o que vós signifiqueis para mim.
Nada acontece por acaso.
O acaso é a brevidade dos momentos que nos mudam, nos transformam.

Absurdo seria não abraçar as saudades de quem gosto. De quem fez e faz a diferença na rutura dos meus dias. Queria dizer-vos, que não me reconheço perfeita, mas sei reconhecer a humildade de vos chamar " Amigos" (as). Sei também que já fechei muitas portas, mas não esqueci de abrir janelas. Sei que já tive dias difíceis, muito difíceis e dias extremamente difíceis onde as memórias foram as velas do meu barco. E o olhar para trás foi o álbum de fotos que todos me ofereceram, presenciar o carinho, sentir os seus abraços, ouvir as gargalhadas que de nós se soltaram... Diluir todas as palavras as emoções até mesmo os frágeis segredos. Por mim, por vós amar com liberdade as lágrimas que nos fizeram felizes, e outras que nos desventraram por dentro e por fora.
Na paz dos meus dias, anida procuro quem nunca esqueci. Quem de mim levou pedaços. O tempo.
O nosso tempo pode ser diferente mas deixar marcas que nos subornam ou que de alguma maneira subornam o tempo.
O amor, é o quilate da afetividade que me restrutura o interior e o exterior. Cavalga na miragem dos olhares desconhecidos, e embala os que demais nunca desistiram de mim.
Reconheço-me bem, para não me esquecer de vós. Para saber ocupar o lugar que me cativa. A distância revela a concorrência da importância de cada um de nós. Atalhos. Podem ser o caminho mais perto, o mais próximo de se alcançar e o mais fácil de nos perdermos.
Conquista-me e terás a verdade do meu ser.
Sem rodeios.
De uma só face.
De um só sorriso.
As arestas são ambas a diferenças que o tempo, nos ajuda a limar.
O significado das verdades que não escondemos de nós.

Pudesse murmurar-vos as sentenças que me prendem a alma.
Dissecar-vos as asas, que vos prendem nas palavras.
Tirar-vos a venda, que vos tapa os olhos.
Que não seria necessário fazer-vos bem em testamento. ....

Esmiúça-se a fragilidade das amizades em todos os contextos que só têm uma direção, uma afinidade, o júbilo de momentos instantâneos que sodomizam a avareza de precários pretextos. Estagnam a existência de nós em outros quem nem de perto nos vêem. Assombram a glória de nós numa causa perdia, a deles.
Deles, que não nos reconhecem, que não estiveram lá, que nunca ouviram as nossas a verdades as nossas mentiras ... não limparam nossas lágrimas nem escutaram as nossas gargalhadas.
Eloquente é sentir a vossa presença mesmo longe, é sentir um abraço, sentir o retorno sem nada ter, nem temer.
Somente o significado da palavra de quem chamamos de AMIGO(A).....

Ana P.

13 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 13/09/2013

"Comove-me o ruído que inventas no silêncio".

Enquanto tentavas dar o último suspiro da tua ira.

Calmamente eu, respirava. ...
Calmamente fustigava as lembranças que não se perderam de mim.
Que suportam a nomenclatura do equilíbrio que de dissolve nos gestos, nas razões em muitos fatos que argumentam a escassez de quem se gosta, de quem se ama, de quem se respeita.
Poderia entoar o hino qualquer que não haveria silêncio que não o gritasse.
Não haveria sanidade suficiente, que contrariasse a insanidade da liturgia que cega um olhar. Contra-feitas não são as vontades, mas a força de se querer.
...
Querer, como seres únicos.
Querer depois de amar e amar antes de amar...
Querer muito, muito antes de ter, e muito mais depois do após.
Querer a consequência e não atordoa-la com desculpas.
Querer é o antônimo de não estar só...

Meu amigo(a), lavrei as palavras que me deste para semear.
Dei à terra meu corpo, na forma de cultivar toda a trama do verbo Amar depois de te, Amar!...
Entre mãos, solto a savana do perfume que soltaste dos cabelos.
Nos olhos,cerro as tempestades que nos surpreenderam.
No sorriso liberto a bonança que me faz perder... Perco-me na vontade de querer-te. Querer-te ... querer-te! ...Querer-te.
Um Tic-Tac, do relógio sem corda que não pára.
Um folgo da minha paz, devoradora de toda arte que flameja.
Não tenho preconceitos de amar e de dize-lo.
Não me desfiguro em visuais cuidados.
E as réplicas do silêncio, são a reanimação necessária, para amar depois de, Amar-te! ....

Ana P.

09 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 09/09/2013

Imperdível seria não ser imperfeita...

Atentamente, terei mais olhares desatentos do alguma vez pensei. Serei num todo a erosão de um indeterminado tempo. Num corpo que não calafeta janelas, as deixa abertas a contemplar a sucessivas estações que se dissolvem nos aguaceiros. Subornando as aurécias que refrescam a anatomia das manhãs dos dias de um verão apetecido. Assim como o equilíbrio de cada desiquilíbrio que passou . Antes de ser, já o era. Embora não ousasse servir-me das palavras, já há muito estas se serviriam de mim. Há muito que sem saber, teria contextos repletos de sentires, onde a saudade por ser a falta ou a abundância de tudo o que tenho. Poderia deixar de escrever, mas não saberia deixar de sentir. Poderia estar numa zona de perigo, ou numa neutra que não sodomizasse as palavras... moderadamente elevo os sentires no arrasto do tato que meus olhos camufla. Posso abastecer-me nos dias assim como estes podem jazer em mim. Posso repudiar as palavras mas estas não se apartem, não dão uso á cobardia das cordas do relógio. Apenas atordoam o tempo, para que este se perlongue nas quimeras que desafiam a perfeição. Imperfeita serei sempre. Porque sempre me desencontro. Não aguento a pressão de nada fazer, de nada querer e da imposição, do já basta!... Já basta, o quê?!! Se hoje, é hoje e do amanhã nada sei?!!
Já me basta o que sei, para que amanhã não saiba nada...
Perfeito, é esse amor que nasce do peito. Que corrobora as imperfeições que não posso perder... Imperdíveis!
Imperdível seria, talvez dizer que não me vou esquecer que sou IMPERFEITA!

Ana P.

07 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 07/09/2013

Tivesse conhecimento para desafiar a eternidade.
Pudesse perlongar-me no tempo. Deitar-me nele, como me deito em minha cama e chamar o sono.
Num deleite que ameniza o cansaço do corpo, apazígua a alma para lá do tempo que lembro acordada.
O desejo entardece os meus dias. Assim como o templo, mescla a cor dos meus cabelos. Naturalmente o corpo carrega os anos, a idade, como a alma me carrega.
Como ela mima, a ternura dos meus olhos e cada gesto livre com que aprendi a falar, a murmurar entre os lábios que sacaneiam o sorriso.
Todo o tempo do mundo, é quanto basta para não saber da eternidade.
O suficiente, em que me rendo nos dias um de cada vez. As lembranças, são os arados dos dias que se precedem. A iguaria que justifica qualquer tipo de opção.
O anti-depressivo ou analgésico que não podemos comprar.
Ali à mão de semear, quantas vezes ignoradas?!! ...

Ana P.

06 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 06/09/2013

Lessons in Love...

Todos os momentos que nos fizeram cair e outros que não sendo eternos nos ajudam a levantar. Valentia, não é nunca ter caído. É cair, e erguermo-nos as vezes que forem necessárias...

Modernizam-se os sonhos, as vontades mas uma lição de amor, será sempre uma lição de AMOR!

A autonomia de ser quem sou, permite que cada momento seja mais que um simples momento. Seja uma lição, uma aprendizagem. A grandeza da lucidez desses momentos, representa estar viva para os poder relembrar.
Hoje, estou diferente de ontem. Certamente muito diferente de alguns anos atrás. No entanto emerge em mim a rebeldia na iminência de um corpo de mulher. Rebelde como os ventos que já me beijaram o rosto. Como as marés que estendem na areia soltando a brisa de sabor a mar.
...

Miro os horizontes, deixo correr os riscos para lá da aventura que não conheço. ... para lá do desconhecido, é tudo aquilo onde me julgo encontrar. Atos que se traduzem em diferentes formas de amar e de estar...
A idade é o porta-retratos que me permite partilhar cada traço que veio para ficar. Mesmo que não vejam nada, nada é tudo o que me define se alonga nos dias que me seguirão. Poderia anoitecer no meu colo, que não haveria páginas em que coubesse a azafama das palavras, não teria forças para conter a comporta que guardo nos olhos . Na subtileza dos afetos render-me no sorriso que meus filhos acarretam em suas bocas. Nos gestos que se dissipam entre o amanhã e o depois... Vanguarda, não é viver no passado é recordá-lo para estar á frente. À frente de mim, depois de vós, meus filhos...
Meus filhos são a tocha de luz dos meus olhos, o brilho de cada sorriso que inaugura os dias e as horas que passam. Não há significados nem adjetivos que não se percam no ventre da mãe. Não há maiores de lições de amor que aquelas que se escondem entre as mãos de uma mãe. Não há prozac, que nos alivie a dor de uma perda. Nem substitutos. Apenas um tempo fora de horas que nos permite, estudar as lições ....

Ana P.

04 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 04/09/2013

Hoje, estou assim...
Amanhã, logo se verá ...

Porque o tempo se enaltece em cada momento que não me esquece.
Há dias que faminta, procuro enganar as palavras. A necessidade de as absorver é bem maior do que qualquer sentimento vão. Há dias remexidos, dias em que o abstrato do silêncio é o único ruído que me retêm. Que dissolve e absolve nas divergentes razões, em que perfeito é o sinônimo mais próximo da imperfeição que me dá vida. Dias, em que a expressão do olhar é a parte mais lucida de mim. O afinco que amordaça a tristeza. Conquista a realidade de cada passo que sempre aguardo dar. Não posso ser a promessa quebrada ou um simples trilho que segue por uma estrada. Sei um pouco de mim, quando julgava não saber de nada.... Impaciente, é o tempo que desdém o tempo. Não eu, que me divido e subdivido na placenta dos dias. Sem opção aprisiono-me nos afetos, no olhares repletos de emoções que não extinguem horizontes. Ironia de uma mordomia de quem sente na pele. De quem enxerga de olhos fechados. Onde por vezes o sorriso é a fonte das lágrimas que não me vistes chorar, os soluços de uma tristeza que não sentis. Mas que faz parte das estações que ludibriam os sonhos, o cansado de dias que parecem não ter fim... Assombram a eternidade de um simples minuto, de uma hora qualquer que dá por falta de mim. Devora e questiona tudo o que sinto e o que senti... Dou por mim, aqui! Numa página de um livro que ainda não escrevi. Em prol de um silêncio que se abastece nas réstias de luz que não extingo nas palavras ...

Ana P.