30 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 30/12/12

Pudera dar-te, asas...
As asas que saram,
que nos libertam...

Entre frases, que se refazem no pó dos dias que se quedaram. Abasteço a alma e aconchego os palpitares de cada lágrima que verte meu coração.
Saberia delinear a sombreado dos meus olhos, a parte sombria que escurece meu coração, saberia não, sei!.. Palavras, pormenores, do pouco do nada que sei.
Recostada, fecho os olhos... Necessito de ver as cores, de sentir o palrear dos ventos. Na pele a nudez que propositadamente ignoro. É-me necessário o som estridente deste silêncio, onde a alma se encontra e se desencontra tantas vezes. O espirito mergulha no submerso dos sonhos nos hipotéticos ideais que deixei para depois... Depois de quê?!!!
Depois de um tempo?... Depois de mim?... depois do depois que nunca veio. Soubesse a melhor forma de vos contar, de vos narrar em solfejo, as melodias que se tocam na distância, que naufragam nas saudades da irreverência de um tempo que não volta. Mas que se atreve a relembrar-nos, dia a dia, ano após ano. Teimo ajusta-lo! Como se tentasse enganar a realidade, e escrevesse a mais coesa utopia matizada de perfumes que se afloram em cada estação, no gotejar das chuvas que exploram as savanas que se escondem nos meus olhos. Bem ditas bonanças, depois das tempestades! Tragos, que degluto na afinidade de cada timbre que me define como mulher ... Aromas que resgatam a criança que me habita. Rebelde não é a brisa, que me chama. Não é o mar, que me provoca. Rebelde sou eu!... Porque os desafio. .. Protejo-me nas asas, que não vêem. E tomo por garantia a escassa liberdade, de pressentir. De aprumar as tuas lágrimas, com o esquadrão das minhas. Em redor de um fogo, que não se vê. Tatuado com Amor, nada mais...

Ana P.

29 dezembro, 2012

ECOS .... 29/12/12

Bate-me o fogo nos olhos
Queima-me o desejo, a pele
Insana a Alma, lateja
entre o teu fogo e o teu fel...
Arde-me, o peito.
Consome-me, a ânsia.
Devora-me,
o pecado do beijo
que recusei ...
O tormento do tempo
sem amnesia ...
Que ainda recordo,
para te esquecer ....

SAUDADE! ...
 
Ana P.

CARTAS AO VENTO 29/12/12

Um dia de cada vez.

Nem sempre de olhos bem abertos, alcançamos o que vimos com eles fechados.

Houve dias, que foram pequenos demais para albergar as palavras. Acolher todas as sequências, consequências dos afetos que se denominam de sentimentos.
Houve dias, que ceguei, ensurdeci e alguns que esqueci. Outros, que já mais esquecerei. Poderia-vos descrever um céu, ás portas de um inferno qualquer. Rever toda a importância de instantes que desvendei. ... outros que não conto a ninguém. Não é apenas um rascunho, nem se quer é mais uma carta. É somente um momento, aquele momento do dia que eu hoje sei. Observei equinócios, que guardam memórias. Cataventos de asas invisíveis, memoriais da muralha que escondo no coração. Diamantes. Cada lágrima que delicadamente beijou meu rosto. Extractos de essências no horizonte dos dias, que se definiram em mim. Mordomias de quem sente, de quem se veste à flor da pele...
Um ano que passa!
Ou melhor mais um ano.
Grata, acolho os instantes.Os segundos das horas que me pertenceram. Todos os passos para a frente e outros que me fizeram recuar.
Posso ter errado. E errar, é o que nos faz humanos.
Nesta folha de papel, mais uma réstia das páginas dos meus dias. Mais uma fragrância no colo, nos abraços dos braços que me acolheram . Obrigada(o) pelas partilhas, pelos beijos das distâncias que nos unem. Pelo o "Amor", que me doaram. E quando as ausências, se fizeram sentir, obrigada pelas palavras, por todo o conforto nos dias que me senti desfalecer. Dias em que o desgelo, enfeitiçou meu rosto e atormentou a alma. Valeram-me os sorrisos, a importância de simples gestos que dignificam a luz do brilho dos meus olhos, fizeram jus à verdade das lágrimas que derramei. Hospedaram o silêncio que gritei. E amordaçaram a infelicidade. Para que em cada oportunidade soubesse crescer, degustar cada batalha na guerra dos dias acinzentados. Onde pudesse alcançar o arco-íris, no anil que reveste meus olhos cor de terra. E na terra pudesse, colocar meus pés bem assentes. Tactear o quente e o frio, cada relevo da pele que decalca, o meu olhar. Aqui! Posso ver-me no espelho. Dizer, o quanto o tempo é atrevido. Dizer que cresci, que o revejo quando olho para mim.... Em cada traço, um laço. Em cada laço um traço que não se esqueceu de mim. E eu, não me esqueci de vós!
Não esqueço as notas soltas que me ajudaram a unir. Não, esqueço!... Porque fazem parte de mim. Quem sabe do que falo, não necessita de textos elaborados nem de palavras difíceis, não carece de uma nota em rodapé.
Apenas, sabe simplesmente!...
Se os dias se sucedem nas horas, os meses nos anos etc, etc.
Os que se aproximam serão mais um virar de páginas, na sequência de um dia de cada vez!
Obrigada(o).
Desejo, que todos abracem os dias do fim deste ano que se aproxima. De braços abertos, para acolher os dias de outro ano que se aproxima.

Bem-hajam!

Carinhosamente

Ana P.

25 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 25/12/2012

Simplesmente, AZUL.

As páginas testavam a credibilidade de momentos, relembrei-me e perguntei ás horas , o que falariam de mim?!.
Coesa, sabia o que queria e os olhos narravam as histórias que fragmentavam os momentos. Impossível calar-lhes a voz!
Impossível retirar-lhes a liberdade que se sente. Pedia silêncio. Algo que já algum tempo deixara de fazer. Silêncio, silêncio....
E desesperadamente este foi i silêncio mais ruidoso que já tivera. Lá, repousavam as lágrimas, o pó da saudade e a vidraça que ilumina os meus olhos... Só, procurava um pouco de paz.... Da minha, da tua da nossa Paz!... Repreendi-me na inocência das horas, nos conflitos dos dias e no ajuste dos anos. Existiam frases que estavam seladas, haviam palavras que se escondiam, no eco deste silêncio ruidoso. Desejava soltá-las, liberta-las no horizonte do meu peito, no alpendre onde tantas vezes se perdem os meus olhos. ... Anseio o desejo e antecipo os beijos na vontade de querer. De querer-te, mais que um simples dia. E nos dias, sentir o retorno do desejo perdido no azul dos teus olhos e eu, perdida no azul quando os meus fecho. ..
Somente um azul, nada mais...

Ana P.

17 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 17/12/2012

ONDE, MORA O NATAL?!...

Intrigante ...
Atiço o lume na delicadeza que não delata palavras.
Conscientemente, este ano não reconheço o "Natal". Oculto o atrevimento da fugaz alegria.
Hoje, narro nas vestes que amordaço. Não vejo o fim, do vazio que me trespassa. Queria descrever na coerência de um grão de pó, a frágil dor que nos arremete no silêncio. Queria usar e abusar da realidade que muitos não querem ver, ou fingem não ver.... Já não haverá carta ao Pai Natal, despeço-me da terra dos sonhos e calco a terra real , contrafeita de carências e de apêndices que de desprenderam dos sonhos. Não posso negar o que vejo, contradizer o que oiço, tenho a humildade de chorar por quem não conheço, e de sofrer com a ganância cega de quem não reparte um naco do seu pão. Soberbos os medos que não negam, soberbo aquele que pede ajuda, ignorar a tristeza partilhada, é viver sem nada. É ser oco, pedra fria, raivoso e covardia. É deixar-se morrer nos dias...
Infelizmente ... Não me parece ser " Natal", não cheira a "Natal"...O Natal mora lado a lado, com a fome e o cansaço...
Indelicada seria se não procurasse, onde Mora o Natal?!...

Ana P.

16 dezembro, 2012

CARTAS AO VENTO 16/12/2012

Sentir, faz toda a diferença.
Sentir, perlonga-me nos dias nas horas e no tempo.
Sentir é o pulsar do coração.
Pulsar....
És tu, a luz que espelha sobre o meu mar. Pulsar, é muito maior que o silêncio. Que a âncora, que não se levanta.
Pulsar, é libertar o sentir. É não estares e sentir-te partir. É rir. Transgredir, são frases simples que não nos deixam dormir.
Trago-te na arca dos sonhos, entre as páginas que te escrevo e preso noutras que te escreverei. Relembro o mar, a areia fina onde nos costumávamos deitar.
O vento, as neblinas que me ensinaste a rasgar. O abrigo clandestino entre o sol e o mar. Serenamente adormeceste em mim as estações. Em lados opostos nunca estivemos tão perto. Perto de tudo que deixamos passar e longe do tudo que sempre tivemos. Equacionei os momentos, interroguei-me nas preguntas que deixamos por fazer, e observei cada instante que subjugou as brisas que nos levaram para outros lugares. Necessitava de um laço da eternidade, onde pudesse prender um balão azul. E no sempre, ficar a esperança que nos dá, mas também pode tirar. Gostaria que meus olhos encontrassem os teus. Pudessem partilhar o anil que se solta. Emergir nas lágrimas que nunca vimos. Sermos os sedimentos imperfeitos de um tempo que nos deixou. Não escrevo na dor do que foi, mas no amor, que sem sabermos sempre nos uniu. Escrevo nos dias que emanam os retorno dos ventos que nos levaram. No ajuste das lembranças que aperta o laço das saudades. Saudades que contemplam a falta que sempre senti. Que fortalecem as horas que deixei de ver, e outras que não queria sentir... Relembro, o aroma que se veste de avesso. As essências que fragmentaram a verdade dos instantes que sempre ficaram. Moram em mim. Abraçam-me nos dias que me sinto só. E secam-me as lágrimas que nunca sentiste... Pausadamente, existe o confronto dos dias que nada se fez, nada se disse e secretamente nada, nada morreu. Ironia ou não, a vida é uma esfera de linhas que já foram rectas. De pontos de encontros onde não se procura o azimute ... Apenas se olha para os ponteiros do relógio.... E nos deixamos calcinar nas cinzas que um dia seremos. Pó!... Simplesmente, pó! Nada mais.

Ana P.

11 dezembro, 2012

Frágil
a pontuação que
desespera entre duas mãos
Entre o Céu e a Terra
um agnóstico Inferno
que se exprime de saudade
repreende razões
(In)certezas do Eu...
Quebraria as regras
se a inexistência
do existir não usurpasse
a excepção...
E a excepção,
é mais um ponto,
uma silaba
ou uma equação.
Quando não estás ...
Procuro-te! ...
Qualifico a ausência
num absurdo silêncio
De mansinho,
pretende enlouquecer-me ...
Antecipar os dias,
as horas
que não passam...
Fazer-me extinguir nos dias
que não me deixam, esquecer....
Seria suposto
não falar, nada dizer.
Nada dizer,
era pactuar com as palavras
e abismar-me num ruidoso silêncio
Onde os sonhos sonegam
o avançar do tempo
Ao som de um ...
Ritmo...
Melodia ...
Reproduz a copula
da intimidade ...
Consciente afloram desejos
no ventre da unanime paixão...
Delicadeza inconsciente
de quem vive com, ALMA!...

Ana P.

10 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 10/12/2012

Entendi
ou melhor vou entendendo...
Numa de pose, dedicava-me às palavras que anteviam os dias e proclamavam a minucia das horas, onde me perco a contemplar.
Sentia uma erosão, não um desgaste mas como uma explosão de sentimentos, que à deriva procuram um porto seguro. Alinhava ideias, argumentos e sensações que me falam de emoções, das epopeias de pessoas comuns. Atordoada esmiúço os significado das cores, o ajuste das lembranças que me vêem buscar. Não sei, mas este aperto no peito... É como sentir a agonia de muitos laços desfeitos. Fragmentar cada pedaço da minha história, e de muitas que não serei eu a contar. No olhar sobre as ruas da minha cidade( Coimbra), deixei que o coração narrasse o brilho das luzes, das cores de outros Natais que se perlongavam no murmurinho de gentes, que se encantavam e se perdiam no brilho de uma cidade com vida. ... Presentemente, a cidade está entristecida, não existem luzes e as cores vivas, do vermelho, do verde, ficaram submersas de tons negros e cinzentos. Como o rosto das pessoas. No ar deixou de pairar os murmurinhos, a música, o afago das luzes já não aquecem corações. E os meus olhos se fecham, para ver o que já não existe. Entendo o carregado silêncio, e luto que veste o meu rio.( Rio Mondego). Entendo a força das sombras que calafetam as cores vivas, ensurdecedor são os gritos dos rostos. Embora calados, abrem os olhos nas lágrimas que não secaram num passado. 
Hoje, não há lágrimas... 
Amanhã, o passado pode não ser relembrado. Sim, entendi! ...

Ana P.

01 dezembro, 2012

CARTAS AO VENTO 01/12/2012

 
Relembro...
Sou, a reserva do que sinto e de tudo o deixei de sentir. Não digo que perdi.... Simplesmente, transformei-me.
Neste canto, onde o ruído do silêncio agita as lembranças do que fui e do que sou. Retoco, a consciência do quanto se pode mudar. Sem horas, sem tempo, apenas o encantamento dos dias que se alaram aos anos, e os anos moldaram o corpo num místico perfume, que se chama de Mulher. Não me prendo nos amores que perdi, no tudo o que tive ou pedaços que cedi. Acalento as perdas. Acaricio as lágrimas que me pediram colo e aconchego-me nas lembranças de um diário memorial inacabado . Descrevo pedaços de fel, com o sabor de mel.... Não desejo, atrás voltar. O seguir em frente é a chave da porta que se abre, e de muitas que se fecham. É o avançar. Onde me deixo sequestrar e resguardo as forças que minhas mãos ajudam a tecer nas folhas que o tempo me deixa escrever. Involuntária é a sede que agoniza a alma. Inconsciente, apela aos olhos que abriguem o coração. Que sejam o porto-seguro a côdea do meu pão. Eternos.... Eternos sentires que me moldam, suavizam as orlas dos dias cinzentos e exploram as marés do brilho do olhar. Em sintonia com os ventos, levam-me sem nunca sair do lugar. De olhos fechados... Sei de cor os aromas, que não se esquecem nas memórias. As cores negras dos dias coloridos. Sei o segredo, do murmúrio que sussurraste ao ouvido.
Sei de mim, sei de ti... Do relevo da importância na encosta do meu abrigo. Aperto contra o peito, notas de amor, alegria, tristeza e dor. No espelho reajo e revejo a mulher que sou. Essencialmente, porque não procuro perfeição. Procuro o equilíbrio entre o ser e a razão . Há dias em que me perco no tempo, mas também tenho dias que o tempo se perde em mim. E tudo isso é quanto basta. Quanto basta para que ele não se esqueça de mim e me relembre dele também...

Ana P.