01 dezembro, 2012

CARTAS AO VENTO 01/12/2012

 
Relembro...
Sou, a reserva do que sinto e de tudo o deixei de sentir. Não digo que perdi.... Simplesmente, transformei-me.
Neste canto, onde o ruído do silêncio agita as lembranças do que fui e do que sou. Retoco, a consciência do quanto se pode mudar. Sem horas, sem tempo, apenas o encantamento dos dias que se alaram aos anos, e os anos moldaram o corpo num místico perfume, que se chama de Mulher. Não me prendo nos amores que perdi, no tudo o que tive ou pedaços que cedi. Acalento as perdas. Acaricio as lágrimas que me pediram colo e aconchego-me nas lembranças de um diário memorial inacabado . Descrevo pedaços de fel, com o sabor de mel.... Não desejo, atrás voltar. O seguir em frente é a chave da porta que se abre, e de muitas que se fecham. É o avançar. Onde me deixo sequestrar e resguardo as forças que minhas mãos ajudam a tecer nas folhas que o tempo me deixa escrever. Involuntária é a sede que agoniza a alma. Inconsciente, apela aos olhos que abriguem o coração. Que sejam o porto-seguro a côdea do meu pão. Eternos.... Eternos sentires que me moldam, suavizam as orlas dos dias cinzentos e exploram as marés do brilho do olhar. Em sintonia com os ventos, levam-me sem nunca sair do lugar. De olhos fechados... Sei de cor os aromas, que não se esquecem nas memórias. As cores negras dos dias coloridos. Sei o segredo, do murmúrio que sussurraste ao ouvido.
Sei de mim, sei de ti... Do relevo da importância na encosta do meu abrigo. Aperto contra o peito, notas de amor, alegria, tristeza e dor. No espelho reajo e revejo a mulher que sou. Essencialmente, porque não procuro perfeição. Procuro o equilíbrio entre o ser e a razão . Há dias em que me perco no tempo, mas também tenho dias que o tempo se perde em mim. E tudo isso é quanto basta. Quanto basta para que ele não se esqueça de mim e me relembre dele também...

Ana P.

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