31 dezembro, 2013

CARTAS AO VENTO 31/12/2013

Para quem de perto me conhece, e de longe me quer bem.

O corpo não queria escrever, não queria alinhar na azafama de desejos e dedicações alinhavadas e alinhadas à época de mais um final de ano.
Não queria ser o figurino de frases que não seriam minhas.
Levou-me o tempo, para lá das saudades, para lá de todas as portas que se fecharam ao parapeito de muitas janelas que abri.
Tenho saudades! ... De mim. Tuas ...
De todos os momentos que não esquartejei na incerteza de diferentes razões. Saudades que remeto no silêncio dos meus olhos, para as poder ver outras vez. Vezes sem fim...
Fins onde recomeço e começos que suavizaram o fim.
Tenho no peito o juízo mais que perfeito do que perdi.
A bussola de um passado que me guia no presente.
Tenho amores verdadeiros e outros ausentes.
Lugarejos de páginas brancas, repletas de cinzas que não pudeis ver, que não podeis tocar ou até mesmo limpar.
Soltou-se a Alma à mercê dos sentidos, que sofrega navega no mastro do olhar... Soltaram-se os sorrisos nos nacos de fome, atenuam as frágeis dores de elaborados tons que padeceram do brilho da alva luz.
Rasgou-se o silêncio que nos desventra o ventre, como côdeas de beijos que não pudemos dar.
Impares, são os dias que se seguiram depois da queda do pano de palco, num espetáculo que se dizia de nosso...
Margens acamam-se no leito do rio, que nos habita. Onde nascemos e renascemos, como barro em lama.
Dias que nos levaram sem mordomias, sem forças, sem cansaço que fizeram e desfizeram os leitos...
Sem margens o tempo não pára, para escutar as melodias.
Não compõem! ...
Decompõem.
A perfeição de horas que se julgaram exatas, no romantismo e nas quimeras. Subjugando-as na balbúrdia que arremessa as lágrimas que aconchegamos nos olhos.
O tempo não nos diz as palavras certas. Não nos dias as horas nem mesmo o final do fim... O tempo nos devora por dentro por fora. Não apressa, mas aparte-se.
Enfim, nos deixa a saudade!...
Porque sabe que ele não têm principio, nem fim....

Carinhosamente

Ana P.

27 dezembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 27/12/2013

AMAR...

Por vezes diz-me tudo o que necessito,

ou nada me diz que não saiba.
Amar, é o melhor pretexto para ficar, partir ou simplesmente existir.
Amar será sempre o muito do pouco que sempre teremos.
Será sempre a fronteira entre o antes e o depois.
Será o motim de momentos, o olhar para trás, o seguir em frente...
Amar, é deixar-mo-nos conquistar.
Amar ensina-nos o principio de um começo ou um principio de um fim.
Amar, não é cativeiro.
É cativar!
Cativar, por dentro por fora. Sem moderação...
Amar, é deixar sem querer.
Amar, é uma grande lição, não se aprende na escola e não se joga no chão.

AMAR, é a maior das vitórias que segue as derrotas ....

É essência da Alma.
Não é o preconceito absurdo que nos limita ...
Amar, é o eco que se solta no silêncio, muito além do vosso ouvido é o gracejo que apenei-a o vocábulo dos sorrisos. O paradigma do ser. Candeia de luz que flagra a mais vasta escuridão. Amar sempre foi o motivo das todas razões que transformaram, o pior e o melhor das opções, das regras que seguimos e de muitas que quebraremos .
AMAR! Não é Condicional é Incondicional....
O revesso de uma moeda de duas faces...

AMAR, é eternidade que nos ajusta num tempo sem horas para ficar...

Ana P.

25 dezembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 25/12/2013

As palavras vão chegando de mansinho.

Aconchegam-se no colo dos afetos nos abraços eternos que não quebram elos. Tenho o silêncio repleto de momentos. Nos olhos as lágrimas vacilam.. No peito o laços de amor que ajustam o nó. Sei o quando de mim dei, o quanto de mim perdi e melhor que isso sei o quando de mim se transformou. Acamo-me no leito onde fiquei sozinha. Onde me ajuizei e me julguei enumeras vezes. É lá, que me procuro. Lá, onde só me vi. Onde me escondi de mim de ti, de todos. Lá, onde o vazio me estendeu a mão, onde revi o perfume que foi ficando de mim...
Há dias que não são dias, parecem asilos que nos segregam os anos.
Dias, em que olhando para trás vejo melhor, do que quando olho em frente.
Há dias, em que o esboço do sorriso é a lápide de um certo passado.
Dias marginais, que nos ferem, nos retiram a asas, a liberdade de sermos nós.
E cada dia, nos remete num contexto de anexos que não se escoam de nós.
Nos transformam. Nos adjetivam sobe um alpendre de um estranho qualquer. Pudesse rever cada sinônimo que não pude sussurrar, que não pude mitigar.
Agonizar a melancólica agonia que tantas vezes quebrou a voz que me gritava no olhar. Saberia reinventar cores em padrões únicos, que taparam a manta que carrego nos braços. Aprendiz não é o tempo, sou Eu!... Somos, Nós! ...
Não necessito de me ver ao espelho, se meus olhos me dão a mais certa das razões e o meu olhar não incrimina os horizontes que não podeis ver.
Atormenta-me o fracasso das vozes que não se cansam de falar e nada dizem.... Atormenta-me que se aponte, e que não se indique uma saída....
Essência, é o que fica depois, depois de cada olhar, de cada gesto depois de cada palavra que nos era desconhecida....
Iguaria, não é o que se têm na mesa para comer, mas o que aprendemos a saborear.
E sem querer o Tempo, é a maior das iguarias ...
Há que aprender a saboreá-lo... Ele nos dá, nos tira! Nos leva, e nos trás...
Nos transforma.
Nele a mais valia de dias que nunca serão iguais...
Desabafos, nada mais...

Ana P.

17 dezembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 17/12/2013

O tempo não me devolve, mas mata as saudades que sinto do que fui.
Ajuda -me a contemplar as ausências, as lascas que de mim já levaram.

É no berço dos meus olhos que adormeço as lágrimas irrequietas. Que anoiteço os dias e amanheço todas as noites. É ele que me estende os braços, me beija fora de horas. De mim tudo sabe e tudo me ensina. Dá-me as asas que nunca tive, e o sossego do olhar. Dá-me a vontade e a fome, os sorrisos e o chorar. Dá-me todas as razões de Amar depois de Amar....

Deixai-me escrever ao tempo, as palavras que me ensinou.
Muitas vezes foram ditas outras o ventou as levou.
O tempo não padece, nem pode padecer.
Quando isso acontece sinto-me desfalecer.
O tempo é a maior regalia que se pode perder.
Não há dinheiro nem destreza que o possa reverter.

A minha indeterminada, lição! .... Tempo!

Ana P.

16 dezembro, 2013

Elementar, é sentir.
Alinhar os afetos. Tudo o que esquecemos não nos fará falta.
Mais tarde ou logo após, devemos calibrar a vontade de gostar, de amar.
Justo, seria doarmo-nos com o mesmo peso a mesma medida. ...
Injusto seria não nos ter sido dada a oportunidade.
Não há dias perfeitos, muito menos pessoas.
Há que ajustar a imperfeição, a um indeterminado, Tempo!

Ana P.

09 dezembro, 2013

CARTAS AO VENTO 09/12/2013

Desculpa se parte de mim não resiste....
Desculpa se porventura nunca foste uma aventura, mais um caso ou um acaso.....

Lembro-me serenamente do dia, da hora dos motivos que nos aproximaram .... Assim como não me esqueço daqueles que nos afastaram. Lembro-me do teu olhar, do teu sorriso, lembro-me de ti como se fosse ontem. E ontem, já lá vão vinte quatro anos... Lembro-te! Cada regresso é conforto de um espaço que sabia ser meu. Não importa os atalhos, onde todos os meios justificam o fim, e do fim pode emergir um recomeço ou então uma continuidade interrompida ... Desculpa, se meus olhos ainda choram por ti, desculpa se as memórias não se esquecem de mim, de ti... de nós. Houve dias que desejei morrer, que preferia não saber, não acreditar. Houve dias que nem me lembro de ser, apenas existiu como um calendário, onde os dias se precorreram sem ser procurados. Lembro-me do antes, do agora e de intermináveis depois. Depois do antes, depois do agora e depois de cada depois.... Tive dias que fingi não perceber, não me atormentar com as respostas das perguntas e não era necessário questionar... Antes houve sempre um nós, e um depois de nós. Agora é o depois de nós que atormenta o antes... E depois de cada depois, o tudo do nada que me deixaste. Inglórios os anos que padeceste de ti. Que sideraste as alvoradas e o entardecer que fustigava a chuva na vidraça dos meus olhos. Onde o teu olhar foi o calabouço de dias intermináveis, infernais... Jamais saberás, os gosto das minhas lágrimas pois, nunca as beijaste. Jamais saberás, o odor da falta que me fizeste sentir. Jamais poderás resgatar os beijos, os abraços que deixamos por dar. Jamais poderás repor o tempo que passou. Desculpa, se não me atrevi dizer-te a magnitude das palavras que me ensinaste a desnudar... Desculpa, se não alcancei a altura dos teus sonhos, do prepósito de simplesmente ser.... Antes, foi o começo do agora depois...
Lamento a insignificância das palavras ditas por dizer. Lamento que não tenhas traduzido todos os enigmas, que não tenhas quebrado elos. Lamento que tenhas asilado o medo nas asas cortadas... Irreversível não é o amor que sempre senti, mas a lança que esculpiste nos meus sentimentos. Irreversível não é o que sinto, mas tudo o que deixei de sentir.... Atalha-me os sentidos, a falta de apreço, a vã sanidade remota num determinado espaço, onde insanas são as mentiras onde ocultas as verdades. Demagogia....
Queria-te mais, que a mim mesma. Como se fosses esse oxigênio que me dava a vida, esse alimento que saciava a minha fome a água que me matava a sede. Num todo queria-te! ... Denominava-me sempre depois de ti. Depois de ti... A fragilidade de vidas sem vida, de vidas refeitas no postigo dos meus olhos....

Carinhosamente

Ana P.

08 dezembro, 2013

" Gosto de ti, porque qualquer grandeza é insignificante quando estás perto.
Gosto de ti, porque não existe pequenez que não se possa sentir.
Que não possa ser traduzida nos braços de cada gesto.
Gosto de ti!
Porque agora sei, o que é gostar de mim... em primeiro! "

Ana P.

BLOCO DE NOTAS 08/12/13

A tarde, despia-se para o dia.
Assim, como meus olhos se fecharam para ver...

Apenas o grito deste silêncio se desfaz no ruído do brilho dos meus olhos.
Pensava num pretexto que não fosse explicável. Por entre caminhos desprendia a saudade que sempre anestesia a faltam que nos fazem sentir.
Dizia para comigo:
- Não se deve correr atrás de quem sabe, onde nos encontrar. ...
Uma verdade tão simples e difícil de concretizar. Ainda sinto essa vontade de vacilar. De me tentar, para encobrir o tormento da importância dos momentos entre a ansiedade e o ter que esperar...
Entardecia! ...
O silêncio dava razão às palavras.
A inquietude deixava-se amenizar no conforto dos meus braços. Nos afetos que me fazem sentir viva.
Não há pressa. Apenas a clareza de fatos que me devolvem os pés à terra.
Talvez, a facilidade seja o mortífero motivo.
Talvez, os sonhos sejam a fuligem da vida. Aquela que nos agarra, nos dá o colo invisível. Nos parte e reparte pelas vontades semi-conquistadas e outras conquistadas.
Entardecia.... Senti no peito a bonança, da tempestade que não previ.
Lá fora, escuta-se o murmuro das horas que definem o impacto dos meus dias. Como o gosto daquele beijo, que ficou por dar.
Entardece...
Amanhã, será um novo dia.

Ana P.

06 dezembro, 2013

CARTAS AOA VENTO 06/12/2013

Contemporâneos do tempo...
Não idealizes o tempo se não lhe sabes um determinado fim....

Escrevo aquele tempo, onde não procurávamos esmiuçar a vontade de nos termos nos braços.
Escrevo consoante a ironia de um tempo que sempre foi nosso de lados opostos. Nada nos é eterno e a eternidade o peso das saudades que não se preenchem no tempo que ficará depois de nós.
Depois de nós, é passaporte de tudo que perdemos, de tudo o que nos transformou. Depois de nós, a despedida não é despedida. Não haverá certezas, nem mesmo a indignação que nos separou.
Dar-te-ia os esboços de todos os sonhos que deixei para trás e o infinito daqueles que ainda me deixas por sonhar, se porventura fossem as asas da liberdade que sempre tiveste medo de ter.
Ainda relembro cada mordaçar do vento que nos fustigava o rosto. O beijo daquele sol que nos encobria nas dunas, onde diferentes sempre fomos tão iguais.
Guardo no peito o verde/azul desses olhos, onde me deitei tantas vezes.
Prevalece no tempo o fascínio de um passado, que nos moldou o futuro.
Fez de nós a guilhotina, o cano de uma carabina.
Passo a passo não existe condenação, não existe barro que não se deixe moldar.
Transformação é prepósito da força que me deixaste ficar quando por fim foste embora. Soltaste a fragilidade de uma iguaria escondida nesse medo. Nesse arremesso de querer e não querer, de ter e não ter. Longos são os anos que não contaste. Aqueles onde estive e não me viste. Longas as noites que quebraram os meus dias e os dias que não deixei amanhecer. Contra-tempos que nos marcaram o olhar. Relógio invisível que me ofereceste que permaneceu no meu pulso.
Falar-te de mim, sempre foi fácil.
Difícil foi mostrar-te a tua importância da diferença que fazias nos meus dias.
Se tivesses reparado no silêncio dos meus olhos, e olhado o brilho do meu sorriso. Certamente saberias a importância de cada lágrima que me fizeste soltar.
Os anos passaram por nós e nós ficamos nos anos. ...
Quantas certezas?!
Quantas cartas previ escrever e nunca as escrevi...
Nada melhor que o tempo, quando não se sabe ler o silêncio.

Nele, é certo que poderás encontrar as respostas das perguntas que nunca tiveste a coragem de me fazer....

carinhosamente

Ana P.