29 maio, 2012

SUSSURRO ...


SUSSURRO ...

Sussurro ...

vou ...

Caminho para ti ...

Deixo-me ir ...

Arrisco ...

Parto.

Abro os braços ...

Acolho a tua inquietude ...

Acalmo-te ...

Amo-te ...

Desejo-te ...

E depois ...

Parto!

Deixo-te ...

A paz que tento procuras ...

O desejo ...

Que te desgasta habilmente ...

Que te consome ...

E que não sabes abafar, na intolerância dos medos .

Deixo-te...

Saciá-lo!

Liberto-te ...

Dos afectos das coisas mundanas ...

Laços que nos unem...

Que te prendem como Âncoras ...

Abro elos que não te deixam emergir ...

Liberto-te ...

Para que possas acalmar a tua inquietude interior ...

Sussurrando-te ao ouvido ...

Caminha ...

Deixa-te ir ...

Arrisca ...

Abre os braços ...

Ama ...

Deseja ...

E depois ... vai ...

Como o sussurro que te sussurrei ao ouvido ...

Calmamente!


                                                                       Ana P. 

28 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 28/05/2012


CARTAS AO VENTO 28/05/10 


Sabia que me reencontrava na multidão de sons, com que se definem as palavras.
Um lugar perfeito, abrigo das horas que me enlouquecem. 
Ponto de encontro de todas as razões, atilho de luz que ilumina a minha alma...


Reencontro-me em cada silaba que desata a alma... 
Em cada palavra que meus lábios esconderam do prenunciar.
Mais que uma força, é a liberdade de conquistar. 
De morar num horizonte desenhado por arco-íris. 
Num planalto esculpido por um sol, demasiado atrevido e um céu que se rasga de azul, nas asas de um mar que nunca foi navegado.... 
... Aqui sentada! 
No precipício do silêncio, descodifico o eco das palavras que não falei. 
A quem nunca dei a oportunidade de se expressarem. 
De serem ouvidas numa amena cavaqueira, comum em diálogos que nunca ficam imunes. 
Atordoam contextos de ambíguas opiniões, personalizam a imagem que marca os momentos que se perderam num olhar.
Aqui! ... 
Nunca poderei estar só. Não passarei fome nem terei frio. 
Não serei prisioneira. 
Apenas hospedeira num albergue onde pernoitam as palavras, o aconchego dos ventos e a chuva de pétalas com perfumes que me difundem os sentidos.
Açoitam as vertentes no caudal dos meus olhos... 
A margem inconstante assegura o rio desenhado no meu corpo, pele na pele .... 
Sentir... 
De coração aberto, apertar as faltas que não se podem deixar de sentir ....
Não resistir!...
 Abraçar a dor, como sendo um plano seguro dos dias que podem seguir  ...
Olhar nos olhos... 
Apaladar o convexo na conexão do côncavo ... 
Aqui! ...
Não encontro  distância, não diferencio as cores .... Assisto na primeira fila ao glamour que desfila. 
Uma beleza mística que reflecte, o espelhar os sentimentos, enfeitiça a alquimia de pressentir, de desejar e coloca à prova toda a quimérica que não deixamos de sonhar...
De olhar as estrelas, contemplar a aurécia de uma nostalgia que revigora o jejum de um corpo ... 
Refresca ...
Recordo .... 
Agradeço este silêncio.... 


Este pedaço do "Eu", que em tudo, pode ser simplesmente, Nosso! ... 


Obrigada ás palavras, que sem falarem são de certo o melhor do eu, que não fala ...


Carinhosamente 


Ana P.

27 maio, 2012

Voltei de ti, Amor! ...


 Voltei de ti, amor!

Enamorada... 

Ficava no átrio da tua entrada.
Sonhava acordada ...
Nem reparava...

A porta fechada, 
as janelas semi-cerradas...
Fazia sentido, 
e eu sonhava ...
Pestanejava ao sol,
dava guarida às noites
com que te sonhava, 
nas madrugadas ...

Tola, tola enamorada! ...

Nos ombros carrego do xaile
que afagava 
o abraço da saudade
Manto negro 
que tapa a tristeza...
No peito o refrão de um amor
sem nada perfeito...
Apenas dor...
Nos olhos morreram as lágrimas
que se perderam de mim ...
No encontro do teu olhar,
que nunca chegou a chegar ...
Um começo pelo fim ...

Vagabundas! ...

Retornam no silêncio
que nunca te fez prenunciar ...
Escravatiza ... 

Perdidamente,
no tempo 
nasceram as flores,
que moram no meu jardim ...

Voltei, amor!..

Deixei-te ficar ...

Fiz promessas ao vento

Libertei meu pensamento ...

Fiz de ti o Mar ...
na Caravela de Amar ...
De todas as brancas telas
que nunca te vi desenhar ...

Fiz de ti a aguarela
nas cores que não me deixaste pintar ...

O branco da tua tela
nas cores desse meu olhar ...

Fui! ...

Mas consegui voltar.


Ana P.

CARTAS AO VENTO 27/05/2012 ...


CARTAS AO VENTO 27/05/2012 ...

Bastava o insucesso de todas as horas que se perderam de nós. 
Para que na vida houvesse um tempo repleto sem horas...

Desejei corromper o tempo. 
Calculei o avesso e atrevi-me a fazer planos ao tempo que vai na minha frente.
Acrescida de uma certeza convicta, que não ia fugir de mim. 
Acreditei ser a sentença. O pêndulo de um relógio ancião.... Contracenei com o sim e o não.
O sim, arrastava-me o olhar, sabia a certezas das profundezas e vinha-me resgatar.
O não, era matreiro, calculador, uma sombra imperfeita dos medos.
Há dias, em que fechar os olhos não é o bastante para deixar de se ver.
Outros sem ruídos, tornam-se desmaiado ruidosos ...  
Haverá palavras que se perdem, outras grandes demais para que as possam entender. 
No insucesso de não compor na perfeição, os sentimentos que me despem o olhar. 
A tristeza de tudo que não soube partilhar.... Não quero ser a maior de ... Nem tão grande como ...
Muito menos a menor de ...
Sei que tenho planos para o tempo!... 
Sinceramente, a maior verdade, é que não sei quais os planos do tempo para mim! ...
Cativa, aguardo o sigilo de um metáfora que não compreendo. Agitação de lágrimas inconstantes, sinédoque de razões inversas....
Nas mãos transporto a coerência de ser mulher, nos braços os filhos que carreguei no ventre e todos os abraços dos afectos que deslizam na alma.
....
Nos olhos, a comporta de lágrimas que me fazem crescer, de dores que enaltecem a alma, suporte dos meus pés... 
Um mar turbo, ao sabor das marés ... 
No paladar, o desejo que por vezes não sei decifrar... 
Um agridoce, o harmonioso pecado natural ... 
No rosto, 
o brilho do sol que lambe o sorriso. 
A encosta de rugas perfeitas, socalcam a gramática dos dias que já foram e acamam o furor da contagem dos dias que se seguem....
No corpo, 
a estátua inacabada que o tempo vai esculpindo...
Em mim, 
o silêncio de estações que passaram, deixaram o giz, para que possa escrever numa ardósia já desgastada. 
Império de muralhas que caíram, de todas as fronteiras delineadas no traços que não se vêem no rosto... 

Meretriz, carregando o tempo! ...

Contra-ponto das horas que não contei. ... 
Meu jejum! ...
Cardápio, de um tempo repleto sem horas.

QUE SE PERDERAM DE MIM ...

Carinhosamente

Ana P.

22 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 22/05/2012


CARTAS AO VENTO 22/05/2012 


" Existem clichés...
  Que
  Marcam a diferença com apenas um gesto.
  Porto-seguro das palavras que não sabem falar "... 



Necessitava de um abraço! ...

Aqui, sentada no meu canto olho, todas as partituras das palavras silenciosas.
Um livro aberto, paisagens intocáveis de cores virgens. 
Simbiose do espectro de emoções que imanam o magnetismo com que vêem os meus olhos. 
No rodapé pétalas vermelhas e laranjas ...  
Confrontam qualquer efeito provocador, de agridoces pecados que se precipitam no aroma do teu perfume.
Carente, procurava-te nas palavras que me deixas-te sussurradas ao ouvido. 
Na  pele pressentia o tacto das tuas mãos...  sentia-as contornar meu corpo ...
Quase acreditava que estavas, aqui! Junto de mim. 
E o inexplicável abraço, não ficava para depois... 
Depois de mim... 
Depois de ti, de todos os argumentos que não justificam o meio ou então um fim ....
Embora a resistência de amar-te, suborne a ditadura da tua ausência. 
Ainda, confio de olhos fechados nos desejos de que nunca falamos, mas que partilhamos de olhos nos olhos, em todas as sombras que nos apaparicam .

Meu amor; 
É a tez dos devaneios, que fantasiam as tuas chegadas ... 
É o relógio sem horas, numa ilha de coral ...  
É o feitiço, quebrado do bem contra o mal ...

É simplesmente a legenda, que não deixas-te de ler ...

É correr ... Correr...
Correr, para não esquecer,
correr, para ti ...
Correr de manhã
de tarde, de noite,
... Correr, correr ...
E morrer nos braços do abraço, que te pertencem Amor! ...

Carinhosamente 


Ana P.
Contracenei 
num palco
de luz escura, 
abusiva ... 
Dominadora,
fulminava o brilho indeciso
de olhares perdidos ...
Interrogava expressões
de momentos 
desenhados no rosto ...
Mistério de uma imagem
de uma face, 
que esconde o rasto ...
Ocultos segredos
não desvendam a alquimia.
Perseguem-na ... 
De 
passagem,
Tombavam no leito
indiscreto 
de lágrimas solitárias...
Cintilantes, 
descodificavam o brilho
de 
purpurinas metálicas,
reflectindo movimentos
de dias 
que não se esquecem ...
Desvanecem 
nas pétalas levadas no tempo ...
Soltas,
atraiçoam  partir, 
fugir de mim
de inconstante memória ...
Tão perto, do longe! ...
Tão distante, do perto! ...
Perfeitas de mais
para que possam ficar ...
Imperfeições
que decompõem a teoria
do conhecimento
na arte 
de se escrever poesia
nas páginas do vento ... 
Alento, 
encena um palanque 
de sombras que se despem
nos  sentimentos  ...
Erosão
da alma, 
areias movediças de um corpo ...
Sobrevivente
aprendeu a dançar ...

Sozinho! ...

Ana P.

20 maio, 2012





" Vou ao encontro das palavras que se desencontraram de mim." ...

Ana P. 

CARTAS AO VENTO 20/05/2012


CARTAS AO VENTO 20/05/2012 ...

Escrevo de um tempo que não vi passar, mas que faz a diferença ...

Hoje, 
não tinha planos definidos. 
Necessitava do silêncio do tempo ...
Rendida ...
Adormeci na página de um livro de folhas vivas, mortas no cansaço de consequências que precedem os meus dias.
Um intervalo que o corpo cedeu ás horas ...

Num ápice fui abraçada em pleno pelo cansaço, que mais parecia um saqueador furtivo ...
Não recordo ter sonhado.
Nem fragmentei as horas, que por mim passaram simplesmente....
Em recurso da mente, olhei o relógio ... 
Observei a errata ... Como o tempo corre ... 
Passaram duas horas... 
Julguei-as ser, a meia-hora revigorada ... O meu tempo do tudo, em que não me lembro de nada!
Absolutamente nada! .... 
Aqui sentada! ...
Apraz-me uma paz delineada , um conforto de horas que se dizem vivas, mortas no apelo do corpo que me pertence.
Robusta, já não notava a fadiga. 
Desejava expressar-me, colorir um nada com as extensões do perfume colorido, um salpicar as palavras ... 
Fazer delas um leque aromático.  
Um bule ... 
Uma extensa savana de odores inconfundíveis, de cores terra que nos inalam e nos revestem por dentro por fora. 
Iguarias de banquetes que me ajudam a degustar, a decantar as horas imortais nos dias que tenho o privilégio de me lembrar, de ser e estar.
Hoje, pensei ...
Na beleza da força que reinventamos, no verbo Amar!...
Na fraqueza das desculpas, que não nos deixam planar....
Pensei, pensei ... 
No tempo que não podemos planear ....  Na escravidão do relógio, no astro solar ... 
Pensei nos bocadinhos que não me recordo de mim, de ti, de todos que asseguram a minha passagem no Templo do tempo... 
Estrelas da viagem sem passaporte, num céu incolor definido de azul  na sequência de paz que não me perturba, dá-me asas ou velas brancas ....
Lembro-vos, no regaço de um beijo.
No afecto de cada gesto que soletram palavras que marcam e reclamam as lágrimas que se escondem nos meus olhos... 
Lembro-vos, nos escombros de dias desfeitos, em apocalípticas sentenças que ferem e deixam cicatrizes invisíveis... 
Hoje, 
não reclamo o silêncio ... 
Valorizo a importância de horas vazias, que me preenchem . 
Ponto de encontro das forças e das amizades que me erguem, todas as vezes necessárias para me levantar do chão.
Em cada olhar que vos trás até mim, no sonante ruído de fechar os olhos ...
Obrigado(a) ...
Por ficarem...
Nos dias que julgo serem meus ...
e nas horas que não olhei o relógio ...

Carinhosamente!

Ana P.

16 maio, 2012

HORIZONTE ....

HORIZONTE ...


 O 
sol farejava
nascer do dia
Aqui, 
avista-se o além
que ao longe, 
contempla 
Templo da aproximação ...
Acordam-se as flores
numa paisagem calada ...
Inquieto sossego
Culmina 
com 
Desnudada a neblina
desenrola-se no mistério 
no desfiladeiro do rio
de 
traços juvenis...

Património de uma luz, Anciã ...

Paciente,
Olha, 
tabuleiro de xadrez ...
Procura 
a surdez
de todas as peças...

Altivas,
não soletram palavras
representam enigmáticas forças
em formas frias, 
perderam o norte ...
Já, 
não rasgam sorrisos ...
São  
as armas desarmadas,
passos gastos no chão deixam o rasto ...
Abusiva
métrica de uma qualquer mente
que desafia ...
Convoca,
Alucinação provocadora
numa
Gravidade atractiva
que subjuga o olhar ...
Ainda, 
que possa errar

Joga! ...
A
Ambição cega
sem olhos ...
Domina 
o abstracto 
das vinte e quatro horas
de 
noites que perseguiam os dias
e os dias se erguiam das noites ...  

Encontravam
O desatino
de uma face,
que teimava não ver ao longe ...

Tempo,
Sem tempo ...
De cada dia que por mim passa ....
Horizontes
acamados de cores rasantes,
Fogo de artificio 
em cada romper da aurora  ...

Ana P.

14 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 14/05/2012

CARTAS AO VENTO  14/05/2012 


Depois de se quebrarem as regras que não inventa-mos. 
Simplifico os gestos nas palavras, que florescem na clareira de sentimentos. 
Que me definem no teu corpo, tão submerso de mim ....
Em nós, existe um emergir. 
Uma floresta tatuada de sensibilidade, cataclismo que nos inunda de aromas.
De todos os perfumes, que acolhemos nos nossos delitos. 

Poderia sussurrar-te, entre um beijo e a tua pele. 
E brincado com o desejo, serias mais doce que um favo de mel ... Aprovaria o fogo ardente, todas a erupções que despertam sensações.
Nos nossos braços, os abraços de emoções, a nudez desabitada de caprichos temporais... Um espólio.
Duas mentes lavradas em fogo cruzado. 
Sigilo impaciente do tempo, intervalo com que nos prenda-mos gentilmente. 
Dádiva que nunca, proclamámos...mas tão inerente no ênfase de respirar-te, de me respirares ...
Oxigénio caramelizado que nos escorre entre os dedos. Paladar afrodisíaco, aguçar de sentidos ...
TÃO! ... 
Livres, tão nus ... 
Mas claramente vestidos de tudo.... 
Saciados, num só! ... Dois corpos .
Um leito de folhas acamadas, fascinadas de agressivos tons. 
Ainda que cada folha, seja uma simples folha levada no tempo. 
Nós, seremos a contemplação de insubordinados desejos, fragmentos de uma vida, surpreendida no tempo ...
Apeadeiro de todas as esperadas estações, inconstantes ... 
Atrevem que antevíssemos a sua chegada ... mas que não esperariam por nós...
Eloquente a brevidade com que passam...
Exuberante cada trecho que a memória não apaga. Emana ! ...
Emana um átrio de odores, que fazem de ti o meu Éden avassalado. 
Numa floresta encantada no crepúsculo das folhas que ficaram ...
Em nós, como um delírio de um beijo tatuado.


Carinhosamente

Ana P. 

13 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 12/05/2012


CARTAS AO VENTO 12/05/2012 ...


Pensava que tua voz calava os argumentos. 
À atona nos meus desejos, escravizavam todos os olhares que te retêm no epicentro do meu peito.

Nas mil e uma faces de cada dia, não planifico os momentos que me ausento de mim. 
Mais aqueles que fico agarrada ao teu pescoço, adormecendo no teu colo ...
Se me pudesses sentir, e soubesses tactear o silêncio de todas as frases em que passei a mão, no teu rosto. Saberias, ao certo a intensidade do brilho dos meus olhos. Bastaria um encontro frente a frente para que te sentisses Condor, no azul céu que me seduz. Capitão na caravela do enfeitiçado mar de sentimentos, partitura das canções que cantam os ventos... Serias o pó da noite branca, que adormece no relento .... E mesmo que meus olhos se fechassem, sussurravam-te o perfume dos beijos que dei no teu corpo. Falavam-te das cores de cada sorriso, das frases que sempre deixo para depois... Presenciavas a inquietude de te sentir ausente, escutavas as vezes infinitas que soletro teu nome ... 
Como se fosses uma página de um livro interminável, e o cansaço das palavras não lhe era reconhecido. Eram sublinhadas na plataforma dos afectos, lacradas num coração à prova de fogo. 
E esta teimosia, respeita-te por dentro e por fora  e respeita-me também. 
Não são argumentos de covardia. São verdades, que não dão sinais de si mas existem nos fragmentos de dias nos dias ... em cada momento que deixamos de olhar o relógio.
Nos sons que ouvimos e que não prestamos atenção.... 
Em mim, não ficaram despercebidos, porque deram eco às palavras e ênfase à textura de sentimentos que afaga as horas em que não estás presente. Partilhamos um espaço pleno de aguarelas.Um místico aroma de cerejeira rubra, à flor de amendoeira. Unguento lilás, que marca o território da minha pele nas investidas da tua. 
Reservam um final mágico....
Na apoteose que meus olhos te fazem! ...

FELICIDADE!  ...


Carinhosamente

Ana P.   

10 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 10/05/2012


CARTAS AO VENTO 10/05/2012

" Escrevo no rodapé das páginas de um livro, que ainda não escrevi." ...
  

Há dias que me invento. 
Outros reinvento-me nos intervalos do tempo. 
Ainda adormeço alma nas presentes memórias. Recordações que sobrevivem ao alheio que me desconhece, e muito próximo da distância que canta à capela nos sonhos que não soltei. Poderia descrever a ironia das cores negras das sombras, que acalmam os intensos vermelhos nos leitos que não desfiz. Em vertigens irreflectidas de tentações que emergem à flor da pele. Tonificam os significados de palavras simples, desenhadas em telas de linhaço do rio que me renasce. Simbolizando a força dos afectos que não se perderam, apenas se embriagam por momentos passageiros... Nuvens... deslizando no céu de um perfeito Éden. Um expresso carregado de viagens, de palavras reconhecidas, repletas de gestos carinho, lavradas no meu peito, tacteadas ...  Que se agarram ao despertar de fragrâncias, justificando as razões que me dissolvem neste mundo imperfeito. Perpetuam a grandeza do silêncio que solto, nas páginas que escrevo. Clarificam o nascer do sol, a luz que se esconde nas noites nos dias que não me lembro de ter dormido.
Acordada, não sei se estou sonhar. 

Deixam-me ser, e eu deixo-as ficar.



Carinhosamente

Ana P. 

RESPIRAMOS POESIA ...

RESPIRAMOS POESIA ...


Não sabemos,
se moramos na Poesia.
Ou
se ela mora em nós . ..

Somos
 o grito, sem voz 
As asas que nunca voaram.
Porta-Vozes, 
de sonhos que nunca falaram ...
Somos
o Monte, que acolhe a fonte.
Velha colina, que dá colo ás neblinas ...

O
Silêncio, barulhento ...
Segredo da velha doutrina, 
da idade sem medo...
Somos, 
a folha o arvoredo  ...
Vendaval sem vento,
Bonança nos olhos das crianças ...
Balança de abraços iguais 
Esporas 
do tempo de
comuns mortais
em agulhetas deitados ...
Somos 
Areias, movediças
filhas do nada que Somos ...

Escrevemos 
em Ardósias esquecidas,
Somos
o
paú de giz, aprendiz ...

Somos 
o eco sentido
em cada pausa, que respiramos ...

Somos,

POESIA ! ....

Ana P.

09 maio, 2012

LIVRE CONFRONTO ...


Livre Confronto ...

Dragava o coração
Deitada na relva,
juntinho do chão.
a terra fugia de mim ...
Uma poça,
num amplo jardim ...
De 
braços abertos
cresciam-me asas ...
Confrontava obcecados
dilemas ...
Ou
Estratagemas?! ... 

Sentia-me a ave
mais livre, 
a mais louca imperatriz.
Filha única
da luz que seduz
Impulsiva com arte ...
Uma pena, serena
lume brando, de corpo ardente ...
Ferozmente a labareda 
Grinalda de Vénus, monumental ! ...
Folha  branca de coral

Carrossel imaginário ...
 

Enquanto voava 
quase me perdia ...
No branco algodão
que cresce no chão,
se eleva ar...
Provocação ...

Sentia ...
O teimar dos ventos
O grito do sol
que chamava por mim ...

E
quando já, aqui não estava ...
Longe queria 
de novo voltar ...

Cravava as mãos
no peito da terra,
Ancorava
deixava-me estar! ...

Livremente ...


Ana P.

07 maio, 2012

LEVO-TE! ...


LEVO-TE! ...

Levo-te, 
na proa dos sonhos.
Na frente, 
rasgando o céu, 
o azul dos ventos...
Trago-te nas mãos, 
meu pião... 
Berlinde de mil cores 
que escondo no bolso.
Ameia do meu coração 
Flecha
sem direcção ...

Levo-te ...
No desejo proibido
No beijo secreto
no enfeitiçar de um Cupido ...
Levo-te ...
No romper do dia ...
Por magia
no rasgar da noite ...
na luz do luar
no brilho do sol
que adormece no mar ...
Levo-te ...
no indagar de todos os sonhos
que acabo por questionar ...

Levo-te ...

Ana P.

CARTAS AO VENTO 07/05/12


CARTAS AO VENTO 07/05/2012

 " Nunca saberei ao certo quem sou, 
    por onde passo para onde vou". ...

A chuva lá fora, desafiava a tarde que se aproximava. 
Cautelosamente olhava o céu, tentando perceber se de fato iria chover. 
Ainda que  houvesse nuances de uma nuvens perdidas, estas franziam as sombras no pálido céu. 
Era suposto chover...
Até porque, o vento encena os seus bailados. 
Atrevido, retardava a abertura das chuvas ...  Irritando a mais pequena gota de água.
Na inquietude, salvaguardavam um fim previsível. 
E assim baloiçavam nos lábios da brisa, esperam o pestanejar do tempo. 
Amena, impaciência de conversas silenciosas. 
Desacatos de estações insatisfeitas. 
Coesão multifacetada de estados sóbrios que se alteram em virgulas clandestinas, por pontos que não determinam. 
Um, apenas fim lhe bastasse, seria inglório, impróprio do que se esclarece ser exacto. ... 
Da varanda, teimo atenuar a tristeza de uma longa tarde cinzenta que de Primaveril, nada têm. 
Não fosse a cantoria das andorinhas que se fixaram nos beirais, dos pardais que saltitam nos telhados vizinhos. 
Nada me dizia que estávamos na Primavera ....  
Um pouco mais longe, na velha chaminé da fabrica de tijolo, um marco que mais parece uma lápide abandonada, observo o ninho de cegonhas que o habita algum tempo.... Já não duas, são três .... 
Agora de asas abertas sobrevoam o ninho, alimentando a sofreguidão da sua cria....  
Também elas esperam a Primavera, no decorrer dos dias. 
E assim neste gotejar instável, partilhamos um nicho ao avesso. 
Eu, com os pés no chão e os olhos, no ar .... 
Elas, com as asas no ar e os seus olhos no chão! ... 
Procuramos a esperança. 
Um amanhã, uma reviravolta de um sol envergonhado. 
Acreditamos no Eldorado, que suborna o principado de aromas. 
Desfolhamos o mel, no adocicado olhar, procuramos a canela nas folhas amarelas que camuflam os jardins. 
Nos campos a lavanda, o Jasmim  idealizam a textura do cheiro de terra. 
De todas as folhas silvestres que por aqui nascem, imagino o trago de caril de terras distantes, o aroma do café ...  
Aprazíveis momentos!...
Que  incitam os sentidos. Apuram a textura de todas as palavras. 
Colocam à prova a iguaria de cada olhar, que não deixei passar simplesmente, por mim!....
Aguardo ...
A sua chegada...

Carinhosamente

Ana P.   
  

06 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 06/05/2012




CARTAS AO VENTO 06/05/2012 

Enquanto escrevia alinhava dispersos sentimentos. 
Pedaços do eu, do teu que se esconderam de nós...

Soprava as páginas desalinhadas que ocupavam, o sub-canto direito da escrivaninha.
E os olhos percorriam, trilhos de frases que me levam junto de ti. 
Pausadamente, descrevem cegueira que por vezes atordoa. 
Quantas frases escritas, sem nunca as prenunciar. 
Seladas no tempo, jazem aqui neste lugar. ... 
Um livro aberto, ainda por terminar. 

Relembrava ... 

Tacteava as folhas com a ponta dos dedos... 
Decalcava-as com o pulsar do coração...  
Silenciosamente escutava a melodia das prosas expostas. 
Retratos fieis de afectos que predominam os castanho mel dos meus olhos. 
Mosteiro eclesiástico de pergaminhos, que educam a doutrina das lágrimas que me descem o rosto. ... 
Solfejo de desejos que coram a branca tez... 
Pequenez?!! ... 
Ou selvagem natureza, ignorada ?! ... 
Lascas, semi-doces de sedentos pecados. 
Tráfico secreto de sentidos despertos, pólvora seca em coração aberto, livre ...  
Cativeiro de afrodisíacas vontades. 
Gulas sem castidade... 
Isenção moral ou de moralidades ... 
Forças que escalam montanhas, rastreio dos ventos quentes e frios de todas as mornas que me embalam a alma ... 
Intensidade das fragrâncias que despertam enlameados jardins sem flores, campas abertas a céu expostas. 
Mausoléu de palavras que não  disse, que não escrevi e que reneguei do colorido incansável onde dormita o arco-íris que conheces...   
Apreensiva navego nas margens de um rio que nasce e morre em mim. 
De longe, deslumbro margens que  perfumam o olhar, fascinam as palavras que não sei falar, só por falar ... 
Amenas dunas onde me costumo deitar, onde agarro o céu que se estende sobre o meu mar. Areias,  promessas de querer sempre amar...
A praia, que  não encontras em qualquer lugar ....

São o meu terço, a minha fé ...

Carinhosamente 

Ana P.