20 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 20/05/2012


CARTAS AO VENTO 20/05/2012 ...

Escrevo de um tempo que não vi passar, mas que faz a diferença ...

Hoje, 
não tinha planos definidos. 
Necessitava do silêncio do tempo ...
Rendida ...
Adormeci na página de um livro de folhas vivas, mortas no cansaço de consequências que precedem os meus dias.
Um intervalo que o corpo cedeu ás horas ...

Num ápice fui abraçada em pleno pelo cansaço, que mais parecia um saqueador furtivo ...
Não recordo ter sonhado.
Nem fragmentei as horas, que por mim passaram simplesmente....
Em recurso da mente, olhei o relógio ... 
Observei a errata ... Como o tempo corre ... 
Passaram duas horas... 
Julguei-as ser, a meia-hora revigorada ... O meu tempo do tudo, em que não me lembro de nada!
Absolutamente nada! .... 
Aqui sentada! ...
Apraz-me uma paz delineada , um conforto de horas que se dizem vivas, mortas no apelo do corpo que me pertence.
Robusta, já não notava a fadiga. 
Desejava expressar-me, colorir um nada com as extensões do perfume colorido, um salpicar as palavras ... 
Fazer delas um leque aromático.  
Um bule ... 
Uma extensa savana de odores inconfundíveis, de cores terra que nos inalam e nos revestem por dentro por fora. 
Iguarias de banquetes que me ajudam a degustar, a decantar as horas imortais nos dias que tenho o privilégio de me lembrar, de ser e estar.
Hoje, pensei ...
Na beleza da força que reinventamos, no verbo Amar!...
Na fraqueza das desculpas, que não nos deixam planar....
Pensei, pensei ... 
No tempo que não podemos planear ....  Na escravidão do relógio, no astro solar ... 
Pensei nos bocadinhos que não me recordo de mim, de ti, de todos que asseguram a minha passagem no Templo do tempo... 
Estrelas da viagem sem passaporte, num céu incolor definido de azul  na sequência de paz que não me perturba, dá-me asas ou velas brancas ....
Lembro-vos, no regaço de um beijo.
No afecto de cada gesto que soletram palavras que marcam e reclamam as lágrimas que se escondem nos meus olhos... 
Lembro-vos, nos escombros de dias desfeitos, em apocalípticas sentenças que ferem e deixam cicatrizes invisíveis... 
Hoje, 
não reclamo o silêncio ... 
Valorizo a importância de horas vazias, que me preenchem . 
Ponto de encontro das forças e das amizades que me erguem, todas as vezes necessárias para me levantar do chão.
Em cada olhar que vos trás até mim, no sonante ruído de fechar os olhos ...
Obrigado(a) ...
Por ficarem...
Nos dias que julgo serem meus ...
e nas horas que não olhei o relógio ...

Carinhosamente!

Ana P.

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