30 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 30/12/12

Pudera dar-te, asas...
As asas que saram,
que nos libertam...

Entre frases, que se refazem no pó dos dias que se quedaram. Abasteço a alma e aconchego os palpitares de cada lágrima que verte meu coração.
Saberia delinear a sombreado dos meus olhos, a parte sombria que escurece meu coração, saberia não, sei!.. Palavras, pormenores, do pouco do nada que sei.
Recostada, fecho os olhos... Necessito de ver as cores, de sentir o palrear dos ventos. Na pele a nudez que propositadamente ignoro. É-me necessário o som estridente deste silêncio, onde a alma se encontra e se desencontra tantas vezes. O espirito mergulha no submerso dos sonhos nos hipotéticos ideais que deixei para depois... Depois de quê?!!!
Depois de um tempo?... Depois de mim?... depois do depois que nunca veio. Soubesse a melhor forma de vos contar, de vos narrar em solfejo, as melodias que se tocam na distância, que naufragam nas saudades da irreverência de um tempo que não volta. Mas que se atreve a relembrar-nos, dia a dia, ano após ano. Teimo ajusta-lo! Como se tentasse enganar a realidade, e escrevesse a mais coesa utopia matizada de perfumes que se afloram em cada estação, no gotejar das chuvas que exploram as savanas que se escondem nos meus olhos. Bem ditas bonanças, depois das tempestades! Tragos, que degluto na afinidade de cada timbre que me define como mulher ... Aromas que resgatam a criança que me habita. Rebelde não é a brisa, que me chama. Não é o mar, que me provoca. Rebelde sou eu!... Porque os desafio. .. Protejo-me nas asas, que não vêem. E tomo por garantia a escassa liberdade, de pressentir. De aprumar as tuas lágrimas, com o esquadrão das minhas. Em redor de um fogo, que não se vê. Tatuado com Amor, nada mais...

Ana P.

29 dezembro, 2012

ECOS .... 29/12/12

Bate-me o fogo nos olhos
Queima-me o desejo, a pele
Insana a Alma, lateja
entre o teu fogo e o teu fel...
Arde-me, o peito.
Consome-me, a ânsia.
Devora-me,
o pecado do beijo
que recusei ...
O tormento do tempo
sem amnesia ...
Que ainda recordo,
para te esquecer ....

SAUDADE! ...
 
Ana P.

CARTAS AO VENTO 29/12/12

Um dia de cada vez.

Nem sempre de olhos bem abertos, alcançamos o que vimos com eles fechados.

Houve dias, que foram pequenos demais para albergar as palavras. Acolher todas as sequências, consequências dos afetos que se denominam de sentimentos.
Houve dias, que ceguei, ensurdeci e alguns que esqueci. Outros, que já mais esquecerei. Poderia-vos descrever um céu, ás portas de um inferno qualquer. Rever toda a importância de instantes que desvendei. ... outros que não conto a ninguém. Não é apenas um rascunho, nem se quer é mais uma carta. É somente um momento, aquele momento do dia que eu hoje sei. Observei equinócios, que guardam memórias. Cataventos de asas invisíveis, memoriais da muralha que escondo no coração. Diamantes. Cada lágrima que delicadamente beijou meu rosto. Extractos de essências no horizonte dos dias, que se definiram em mim. Mordomias de quem sente, de quem se veste à flor da pele...
Um ano que passa!
Ou melhor mais um ano.
Grata, acolho os instantes.Os segundos das horas que me pertenceram. Todos os passos para a frente e outros que me fizeram recuar.
Posso ter errado. E errar, é o que nos faz humanos.
Nesta folha de papel, mais uma réstia das páginas dos meus dias. Mais uma fragrância no colo, nos abraços dos braços que me acolheram . Obrigada(o) pelas partilhas, pelos beijos das distâncias que nos unem. Pelo o "Amor", que me doaram. E quando as ausências, se fizeram sentir, obrigada pelas palavras, por todo o conforto nos dias que me senti desfalecer. Dias em que o desgelo, enfeitiçou meu rosto e atormentou a alma. Valeram-me os sorrisos, a importância de simples gestos que dignificam a luz do brilho dos meus olhos, fizeram jus à verdade das lágrimas que derramei. Hospedaram o silêncio que gritei. E amordaçaram a infelicidade. Para que em cada oportunidade soubesse crescer, degustar cada batalha na guerra dos dias acinzentados. Onde pudesse alcançar o arco-íris, no anil que reveste meus olhos cor de terra. E na terra pudesse, colocar meus pés bem assentes. Tactear o quente e o frio, cada relevo da pele que decalca, o meu olhar. Aqui! Posso ver-me no espelho. Dizer, o quanto o tempo é atrevido. Dizer que cresci, que o revejo quando olho para mim.... Em cada traço, um laço. Em cada laço um traço que não se esqueceu de mim. E eu, não me esqueci de vós!
Não esqueço as notas soltas que me ajudaram a unir. Não, esqueço!... Porque fazem parte de mim. Quem sabe do que falo, não necessita de textos elaborados nem de palavras difíceis, não carece de uma nota em rodapé.
Apenas, sabe simplesmente!...
Se os dias se sucedem nas horas, os meses nos anos etc, etc.
Os que se aproximam serão mais um virar de páginas, na sequência de um dia de cada vez!
Obrigada(o).
Desejo, que todos abracem os dias do fim deste ano que se aproxima. De braços abertos, para acolher os dias de outro ano que se aproxima.

Bem-hajam!

Carinhosamente

Ana P.

25 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 25/12/2012

Simplesmente, AZUL.

As páginas testavam a credibilidade de momentos, relembrei-me e perguntei ás horas , o que falariam de mim?!.
Coesa, sabia o que queria e os olhos narravam as histórias que fragmentavam os momentos. Impossível calar-lhes a voz!
Impossível retirar-lhes a liberdade que se sente. Pedia silêncio. Algo que já algum tempo deixara de fazer. Silêncio, silêncio....
E desesperadamente este foi i silêncio mais ruidoso que já tivera. Lá, repousavam as lágrimas, o pó da saudade e a vidraça que ilumina os meus olhos... Só, procurava um pouco de paz.... Da minha, da tua da nossa Paz!... Repreendi-me na inocência das horas, nos conflitos dos dias e no ajuste dos anos. Existiam frases que estavam seladas, haviam palavras que se escondiam, no eco deste silêncio ruidoso. Desejava soltá-las, liberta-las no horizonte do meu peito, no alpendre onde tantas vezes se perdem os meus olhos. ... Anseio o desejo e antecipo os beijos na vontade de querer. De querer-te, mais que um simples dia. E nos dias, sentir o retorno do desejo perdido no azul dos teus olhos e eu, perdida no azul quando os meus fecho. ..
Somente um azul, nada mais...

Ana P.

17 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 17/12/2012

ONDE, MORA O NATAL?!...

Intrigante ...
Atiço o lume na delicadeza que não delata palavras.
Conscientemente, este ano não reconheço o "Natal". Oculto o atrevimento da fugaz alegria.
Hoje, narro nas vestes que amordaço. Não vejo o fim, do vazio que me trespassa. Queria descrever na coerência de um grão de pó, a frágil dor que nos arremete no silêncio. Queria usar e abusar da realidade que muitos não querem ver, ou fingem não ver.... Já não haverá carta ao Pai Natal, despeço-me da terra dos sonhos e calco a terra real , contrafeita de carências e de apêndices que de desprenderam dos sonhos. Não posso negar o que vejo, contradizer o que oiço, tenho a humildade de chorar por quem não conheço, e de sofrer com a ganância cega de quem não reparte um naco do seu pão. Soberbos os medos que não negam, soberbo aquele que pede ajuda, ignorar a tristeza partilhada, é viver sem nada. É ser oco, pedra fria, raivoso e covardia. É deixar-se morrer nos dias...
Infelizmente ... Não me parece ser " Natal", não cheira a "Natal"...O Natal mora lado a lado, com a fome e o cansaço...
Indelicada seria se não procurasse, onde Mora o Natal?!...

Ana P.

16 dezembro, 2012

CARTAS AO VENTO 16/12/2012

Sentir, faz toda a diferença.
Sentir, perlonga-me nos dias nas horas e no tempo.
Sentir é o pulsar do coração.
Pulsar....
És tu, a luz que espelha sobre o meu mar. Pulsar, é muito maior que o silêncio. Que a âncora, que não se levanta.
Pulsar, é libertar o sentir. É não estares e sentir-te partir. É rir. Transgredir, são frases simples que não nos deixam dormir.
Trago-te na arca dos sonhos, entre as páginas que te escrevo e preso noutras que te escreverei. Relembro o mar, a areia fina onde nos costumávamos deitar.
O vento, as neblinas que me ensinaste a rasgar. O abrigo clandestino entre o sol e o mar. Serenamente adormeceste em mim as estações. Em lados opostos nunca estivemos tão perto. Perto de tudo que deixamos passar e longe do tudo que sempre tivemos. Equacionei os momentos, interroguei-me nas preguntas que deixamos por fazer, e observei cada instante que subjugou as brisas que nos levaram para outros lugares. Necessitava de um laço da eternidade, onde pudesse prender um balão azul. E no sempre, ficar a esperança que nos dá, mas também pode tirar. Gostaria que meus olhos encontrassem os teus. Pudessem partilhar o anil que se solta. Emergir nas lágrimas que nunca vimos. Sermos os sedimentos imperfeitos de um tempo que nos deixou. Não escrevo na dor do que foi, mas no amor, que sem sabermos sempre nos uniu. Escrevo nos dias que emanam os retorno dos ventos que nos levaram. No ajuste das lembranças que aperta o laço das saudades. Saudades que contemplam a falta que sempre senti. Que fortalecem as horas que deixei de ver, e outras que não queria sentir... Relembro, o aroma que se veste de avesso. As essências que fragmentaram a verdade dos instantes que sempre ficaram. Moram em mim. Abraçam-me nos dias que me sinto só. E secam-me as lágrimas que nunca sentiste... Pausadamente, existe o confronto dos dias que nada se fez, nada se disse e secretamente nada, nada morreu. Ironia ou não, a vida é uma esfera de linhas que já foram rectas. De pontos de encontros onde não se procura o azimute ... Apenas se olha para os ponteiros do relógio.... E nos deixamos calcinar nas cinzas que um dia seremos. Pó!... Simplesmente, pó! Nada mais.

Ana P.

11 dezembro, 2012

Frágil
a pontuação que
desespera entre duas mãos
Entre o Céu e a Terra
um agnóstico Inferno
que se exprime de saudade
repreende razões
(In)certezas do Eu...
Quebraria as regras
se a inexistência
do existir não usurpasse
a excepção...
E a excepção,
é mais um ponto,
uma silaba
ou uma equação.
Quando não estás ...
Procuro-te! ...
Qualifico a ausência
num absurdo silêncio
De mansinho,
pretende enlouquecer-me ...
Antecipar os dias,
as horas
que não passam...
Fazer-me extinguir nos dias
que não me deixam, esquecer....
Seria suposto
não falar, nada dizer.
Nada dizer,
era pactuar com as palavras
e abismar-me num ruidoso silêncio
Onde os sonhos sonegam
o avançar do tempo
Ao som de um ...
Ritmo...
Melodia ...
Reproduz a copula
da intimidade ...
Consciente afloram desejos
no ventre da unanime paixão...
Delicadeza inconsciente
de quem vive com, ALMA!...

Ana P.

10 dezembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 10/12/2012

Entendi
ou melhor vou entendendo...
Numa de pose, dedicava-me às palavras que anteviam os dias e proclamavam a minucia das horas, onde me perco a contemplar.
Sentia uma erosão, não um desgaste mas como uma explosão de sentimentos, que à deriva procuram um porto seguro. Alinhava ideias, argumentos e sensações que me falam de emoções, das epopeias de pessoas comuns. Atordoada esmiúço os significado das cores, o ajuste das lembranças que me vêem buscar. Não sei, mas este aperto no peito... É como sentir a agonia de muitos laços desfeitos. Fragmentar cada pedaço da minha história, e de muitas que não serei eu a contar. No olhar sobre as ruas da minha cidade( Coimbra), deixei que o coração narrasse o brilho das luzes, das cores de outros Natais que se perlongavam no murmurinho de gentes, que se encantavam e se perdiam no brilho de uma cidade com vida. ... Presentemente, a cidade está entristecida, não existem luzes e as cores vivas, do vermelho, do verde, ficaram submersas de tons negros e cinzentos. Como o rosto das pessoas. No ar deixou de pairar os murmurinhos, a música, o afago das luzes já não aquecem corações. E os meus olhos se fecham, para ver o que já não existe. Entendo o carregado silêncio, e luto que veste o meu rio.( Rio Mondego). Entendo a força das sombras que calafetam as cores vivas, ensurdecedor são os gritos dos rostos. Embora calados, abrem os olhos nas lágrimas que não secaram num passado. 
Hoje, não há lágrimas... 
Amanhã, o passado pode não ser relembrado. Sim, entendi! ...

Ana P.

01 dezembro, 2012

CARTAS AO VENTO 01/12/2012

 
Relembro...
Sou, a reserva do que sinto e de tudo o deixei de sentir. Não digo que perdi.... Simplesmente, transformei-me.
Neste canto, onde o ruído do silêncio agita as lembranças do que fui e do que sou. Retoco, a consciência do quanto se pode mudar. Sem horas, sem tempo, apenas o encantamento dos dias que se alaram aos anos, e os anos moldaram o corpo num místico perfume, que se chama de Mulher. Não me prendo nos amores que perdi, no tudo o que tive ou pedaços que cedi. Acalento as perdas. Acaricio as lágrimas que me pediram colo e aconchego-me nas lembranças de um diário memorial inacabado . Descrevo pedaços de fel, com o sabor de mel.... Não desejo, atrás voltar. O seguir em frente é a chave da porta que se abre, e de muitas que se fecham. É o avançar. Onde me deixo sequestrar e resguardo as forças que minhas mãos ajudam a tecer nas folhas que o tempo me deixa escrever. Involuntária é a sede que agoniza a alma. Inconsciente, apela aos olhos que abriguem o coração. Que sejam o porto-seguro a côdea do meu pão. Eternos.... Eternos sentires que me moldam, suavizam as orlas dos dias cinzentos e exploram as marés do brilho do olhar. Em sintonia com os ventos, levam-me sem nunca sair do lugar. De olhos fechados... Sei de cor os aromas, que não se esquecem nas memórias. As cores negras dos dias coloridos. Sei o segredo, do murmúrio que sussurraste ao ouvido.
Sei de mim, sei de ti... Do relevo da importância na encosta do meu abrigo. Aperto contra o peito, notas de amor, alegria, tristeza e dor. No espelho reajo e revejo a mulher que sou. Essencialmente, porque não procuro perfeição. Procuro o equilíbrio entre o ser e a razão . Há dias em que me perco no tempo, mas também tenho dias que o tempo se perde em mim. E tudo isso é quanto basta. Quanto basta para que ele não se esqueça de mim e me relembre dele também...

Ana P.

29 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 29/11/2012

Imensidão...
Navegava na vastidão do silêncio. Como um álbum de recortes sendo desfolhado, encontro a vestes das palavras que sempre vos escrevo com plenitude dos sentimentos que se emanam de mim para vós. Em contextos repletos de emoções que tocam e argumentam os sentidos, de cada partida de cada chegada Nunca o silêncio foi a chave perdida, a arca esquecida. A avareza de dias solitários. Em mim o silêncio é a coerência, das exatas respostas, as perguntas das dúvidas que se esclarecem... É onde me encontro e desencontro. É a metáfora, que determina o apreço das emoções que ficam e das que partem... Nele não há sobras. Não há excessos de grandeza altivos. É como se fosse um prenúncio das razões que habitam neste corpo de mulher. Em que respirar é a certeza da comoção que me dá vida. Que me alimenta nos dias de fome. Fome de mim, de tudo que meu peito abraçou e minha boca adocicou. E cada olhar que amordaço, é o perfume do incenso que voa na íris dos meus olhos. Alados florescem na densidade de sentir, e planam nos afectos que relembro nos aguaceiros do tempo. Calada acomodo as palavras em mim. Tatuo no coração as asas da liberdade onde mora a alma. Em cada escape a turbulência de uma rebeldia que corre nas veias. Rubra, delineia a força das desavenças no bloqueio das horas que supostamente, me fazem jazer por momentos. Não há fé que não peça silêncio, nem preces que não possa gritar em oração. E cada lágrima que verti no silêncio, doeu muito mais que aquelas que se dispersaram no rosto, que alcançaram outros olhares, que não o meu... O silêncio, é pódio de todos os medos... O pódio da força que não se vê. A muralha de pedra a ferro e fogo. ... A lava escondida na cratera que sou...

Ana P.

27 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 27/11/2012

PEDAÇOS DE SILÊNCIO..
Meus...
Nossos e Deles...
Porque me dizes tanto, no enredo do silêncio?
Parecia fácil, ficar calado. Calado era o tempo necessário para desculpar actos. Calar as palavras.
Ferozmente esta isenção de ruído, era quanto bastava para amotinar os laços que se fizeram. O fio da navalha, o fim do pavio que assegurava a luz.
Valera-me o equilíbrio constante, de Amar com os olhos na boca, e o Coração nas mãos. ... Vale-me os sorrisos. Os pequenos gestos, o silêncio das vozes que se emanam nos olhares. Vale-me a lucidez de simplesmente gostar. Inquietante, não será propriamente não estar presente!... Inquietante é juntar as peças de cada silêncio. É coordenar os afectos. É ter tuas páginas, no meu livro aberto. É a junção do Oásis, num determinado deserto. Relembro-me na vaidade de uns ponteiros do relógio, acompanhando o tempo.
Irreverentes reclamam as ausências e marcam-nos as horas. Confrontam a sorte, com a supremacia de aprender a viver. Em cada passo o compasso que apressa. A dama do tempo acompanha a eternidade. Não sei, se será uma simbiose perfeita! Porque acreditando ser perfeita, não existiria a imperfeição. Todavia existirá sempre lacunas. Reconheço a liberdade que me deste, na liberdade que me levaste. Reconheço que se aprende mais com qualquer tipo de dor, do que com alguns conceitos sobre o Amor. Ilusão não está nos sonhos que sonhamos, mas nos paradigmas de querermos juntarmo-nos aos de outros. Pedaços de sonhos, que não nos pertencem. A vida é como um dialecto. Aprendemos a vive-la com o tempo ou sucumbiremos.... A felicidade é tão caprichosa, que inferniza a vida nos dias. Faz-nos sentir necessidade de tudo e de nada. O tudo é descoberta do quanto falta para se chegar ao Nada!... Nada a dizer, nada a fazer , nada simplesmente nada. E no nada, nos perdemos. Agonizamos as sentenças que não nos pertencem. Desafiamos a sombra de um astro insistente. ... Olho em volta, repreendo a azafama do silêncio. Não deixo que fale mais alto, que o carinho que sinto em torno de mim. Não deixo que o brilho dos meus olhos me cegue. Aqui, há sempre lugar para mais um(a). Diferentes serão os dias, que o tudo valeu, o nada do teu hoje!...Hoje, tenho tudo do nada que não viste! ... Amor, Amizade e valentia.

Ana P.

25 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 25/11/2012

Leva-me ... 
Enquanto despia a essência que me beijava o olhos. Planeava abraçar as palavras que ensinaram a escutar.
Aconchega-las no colo. Dar-lhes colo. Serei mais convicta que os sonhos?! Ou os sonhos serão os alicerces que me dão vida?!
Em cada silêncio um eco de palavras, de máximas que se soltam sem direcção. Procuram os ventos, as tardes, os dias. A rebeldia de todas as noites que não fui capaz de dormir. Ainda procuro por mim. Procuro-me na liberdade das paisagens que resgatei dos olhares. nas cores que em mim anteciparam os arco-íris, as marés dos meus dias... No rosto procuro o vento. A maresia, as saudades dos raios de sol que acalentam a beleza que revive no meu peito. Vejo e revejo o vazio das sombras que abarcam na tristeza... Um vazio tão repleto de mim, que esmiúça a dor de cada sentido... e não haverá parto sem dor. ... Aliviada não condeno, não julgo. Gratifico o amor no caudal dos meus ventos. Agradeço cada erguer, depois de tombar. Cada gosto agridoce que descobri...Que calmamente saboreio no alpendre dos meus olhos. Mesmo fechados, avivam as cores, devoram o tempo na sequência dos momentos, devolvem-me pedaços que ficaram depois de... Depois de cada lágrima, de cada silêncio. Nas alegrias que em alguns dias se disfarçaram de tristeza... Mas não há mar e que não tenha marés. Não há azul que não seja pintado de laranja fogo infernal... Infernal porque nos confronta. Coloca-nos à prova.
Se não reconhecesse a força da vida, que me habita e não apregoa-se o fogo que traduz o amor. De nada me serviria a luz dos meus olhos. O silêncio da riqueza que me ensina a levantar quando caio, isola as nuances da tristeza que por razões ou meras opções lacrimejam. Em cada ermida uma prece, um resgate de mim que ficou. Elevo-me no pó de cada frase escrita com o pólen do amor que partilho. Se o meu silêncio for o ruído dos vossos olhos, a lágrima que vos toca o coração eu serei o brilho do um olhar que passou.
Levada no fascínio de um desconhecido, que se sente tão próximo... No alcance dos abraços. Na coerência de um simples beijo.
Nos sonhos que nunca sonhei, mas a que pertenço. Os vossos....
Agridoce que se sente, o algures num adeus....
Leva-me!

Ana P
 
Negros cabelos
Tapavam-lhe o busto
semelhantes
a um manto negro aveludado
Contracenavam
com o tom pálido
da tez
Os dias
enlaçam-se nas noites
e as noites
se alcançam-se nos dias
Majestoso
brilho negro das asas de um Corvo
Na
proa do Tempo
desaguam na História
de páginas em brancas...
Nas
noites acolhem
enigmáticos momentos,
feitiços da lua,
sabor dos ventos...
Desejos
que desbloqueiam
o medo
Atrevem-se na insegurança
das horas que se contam
na mordomia de horas
moribundas...
Melancolia de "Pérolas Brancas"
Não falam
Marcam a fidelidade
de uma Insígnia
que se veste de Mulher...
Epigrafe gravada
no rosto
Esculpida no corpo
Salvaguarda o
Império
dos sentidos
evocam a Alma ...
que vive nela, Mulher!...

Ana P.

19 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 19/11/2012

Quanto de mim basta, para não me esquecer de ti?!
Amanheces em mim, quando se solta a madrugada. Adormeces, quando não recordo o adormecer. Ainda hoje, me perco nos excessos de gostar. Perco-me com vontade, de ir e pernoitar. Perco-me, por que te sinto puxar. Arrastar-me contigo. No misterioso acordar. Embebecida escuto teus passos neste silêncio, nos fragmentos que se soltam das imagens que meus olhos fotografam. Desejo perder-me para te encontrar, antecipar o tempo para que possa voltar. ..Já te escrevi várias vezes sentada no cume da montanha, acompanhada fielmente pela alma ... Onde as nuvens, são a paz que me dás no louvor do céu azul, matizado pelo o arco-íris, flecha de esperança que trespassa o coração. Salvaguardando momentos que ás vezes sucumbem, na harmonia de opostas razões. Tenho-te nos dias que desfiguram as horas, que se quebram na vitrina do olhar, onde as lágrimas se derramam, quando simplesmente podiam ignorar... Tenho-te, nas tão raras suposições, onde o Ser é bem Menor que o Existir. ... Tenho-te, quando todos partem. e o certo seria, ficarem!...Tenho-te, desenhado na imagem do rosto, no vermelho vivo implantado nos sorrisos... Em cada lágrima que se importa. Esperaria se pudesse a eternidade. Se pudesse alcança-la nos abraços, prende-la-ia!... Sinceramente, absorvo o privilégio de viver, de me difundir nos dias, na luz do brilho que me deixaste ver na escuridão. Não há dias sem horas, nem tempo que não as tire de nós. Assim, como não existe o remorso que não suspire, fragrâncias de lembranças de todos os argumentos contra feitos que surgem, após... Não há dramas melindrados. Um drama, será sempre um drama ainda maior. Maior porque desespera no apego e cresce no apego daquele que sempre vem a seguir. O amor, não pode ser um circulo fechado. É uma sequência de elos abertos. Não se prende, não se mendiga, não se compra. Nasce e renasce as vezes que forem necessárias. Já que eterno, é o Tempo. Ele nos trás e levará ... O que ficará de nós, será o pó dos elos que nunca se fecharam ... Explodem de amor em todas as direções.
Tudo isto, é quanto basta. Para não me esquecer de ti.

Ana P,

18 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 18/11/2012

Inocente! 
Passeava entre as palavras.
Procurava descreve-las em cada sentido. Sentir-lhes a postura no paladar e tacteá-las com se de meu corpo se tratasse.
Atordoa-las, ante-vinha com a essência com que meus olhos as vêem. Descobrindo-lhes a seda, que perfura a pele com o seu perfume. Onde a alma sacia a sede, nas preces que soletra o coração. Eterno o desejo que belisca a Alma, tortura a calma de um solitário coração. Eterno o antes, que ficou para depois. O síndroma da equivalência que se esquiva nas opções. Trago nos braços o peso dos abraços que não foram esquecidos. O peso dos que não dei. O peso dos que não sei se darei.... Inocentemente há lágrimas que se refazem nos olhos, no aperto das saudades, em cada partida, nas chegadas. Há lágrimas que acordam nas madrugas, nos becos, à beira da estrada. Existência do rio lacrimal que me habita que explora os padrões de cada silêncio, de cada grito na montanha dos meus sonhos. Principiante observo a tela dos horizontes que me descobrem, equiparo adereços que por mim ficaram. Expostos em cada conceito que me define, em cada prosa escrita nos botões de uma rosa. Na poesia solidificada na comporta que engloba a vida. A minha. A tua. A nossa e a vossa... Nos traços que acariciam a liberdade da idade no rosto. Apraz o brilho da intensidade que regurgita pedaços de mim, em bouquets secos guardados. Símbolos dos ecos de existências equestres que se envolveram no tempo me empurram para frente. Atrevem o epílogo da sucessão dos dias.
Refazem o rumo de uma culpa inocente, que passa pelos dias que me perdi nas palavras, inocentemente!...

Ana P.

13 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 13/11/2012

Rebeldia . 
Crescias entre mim e o sossego dos dias.
Decidida tomava as rédeas de uma memória que se aproveita da rebeldia dos ventos.
Da tenacidade com que te sentia.
Com medo não queria perder-la....
Pernoito tantas vezes nos dias, como os dias amanhecem nas noites.
Não fomento as inanimadas saudades. Dou asas às vivas, para que se libertem de mim... Para que a panorâmica da mente te encaixe, na paisagem do manto que trago nos ombros. O aconchego. O aperto que uso para ir ao teu encontro. Entre o desejo e o vício de A(mar)-te, além de mim. ...
Escuta o ruído deste silêncio, a maresia que os ventos te levam ... Falam-te de mim, das emboscadas que fazia-mos. Dos sorrisos, das lágrimas que construímos nas margens da felicidade. Represa de gestos e de palavras que se soltavam de nós. Perfumavam a esperança que acordava em nossas mãos. Gravitavam nas gargalhadas que se soltavam dos inesperados sorrisos. Sem esforço seguravam a valentia dos olhares, dominavam as fracções dos momentos, que nos ensinavam a partilhar. Cúmplices tínhamos a ousadia de não pedir os beijos, mas dá-los... Saudade é uma âncora sem peso. Sem medidas. Não nos prende ao chão, mas amarra-nos no tempo. Algemas sem chave, que se perde em nós. Ou seremos nós a perde-mo-nos da chave?!... E lá estás tu, novamente! Entre o silêncio e o sossego dos meus dias, que não te esqueço.

Ana P.

12 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 12/11/2012

Instantes de momentos
com Alma.
Relembras-me as primeiras chuvas
que a cariciam as ultimas folhas outonais, resistentes .
A pauta esquecida sobre o velho piano.
A melancolia que se esconde debaixo do pó. Os vestígios que aguardam o depois ...
Somente o silêncio compreende a orbita morta dos meus olhos.
Somente ele perfura a Alma, não se esconde máxima de um corpo qualquer ...
Trago-o no meu leito. Prefiro correr o risco de o carregar, de correr o risco de o perder.
Ainda que olhe fixamente aqueles dois copos de balão, desenhando a inercia da luz que bate na vidraça.
Certamente, serei fiel à exacta memória que os envolve. Um tornado contemporâneo de momentos que permaneceram.
A onomatopeia das palavras, ajudam-me a denuncia-los. São o velcro de todos os sons, do colorido que me deixas estampado no rosto.
Entardece. E eu ainda reajo como se o dia rompe-se. Ainda me perco na fragilidade das horas que hoje, não me lembram....
Uma última vez, atravesso a linha fria do horizonte deste lado da minha janela.
Esperava que a chuva caísse.
Esperava-a calmamente! ...
Como uma folha levada pelo vento.

Ana P.

11 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 11/11/2012

Sinceramente, é notória a ausência,
mas cada um sabe de si e Deus sabe de todos.
( Esta já é velha, mas não deixa de ser verdade. Cliché!)
"Não são as palavras que nunca te direi,
mas as palavras que não deixei de te escrever."
Amigo:
Toda a árvore ramificada, têm um caule e uma raiz.
Mesmo não pertencendo geneticamente à árvore, existe a sombra, o seu domínio.
Um reinado que conheces tão bem.
Lugar aprazível e procurado em dias bonitos com sol, ou em dias que nos erguemos nos escombros do que resta de nós.
E as folhas, leva-as o vento, como alimento que prevarico na falésia dos dias mais complicados.
Negligente seria, se não te descrevesse a verdade como a sinto.
Se não notasse tua falta.
Se por um lado caminhamos lado a lado, noutro separa-mo-nos nas encruzilhadas de destinos com rumos opostos.
Leiga seria se não soubesse ver-te na escuridão, onde rasgas palavras escarlate, que investes contra à luz do luar.
De negro desafias os olhares, de quem te lê, de quem tacteia teu corpo numa bandeja de palavras.
Misteriosos não são os desejos que vês passar, mas sim, os que te cegam...
Os que exploram os limites que não atentas soluçar. Nos murmúrios que te fogem dos lábios, afogando-se nas lágrimas secas, nos castiçais dos teus olhos.
Sobrevivente, enrolas-te na corrente de elos eternos, abres janelas quando sentes as portas fechar. Eternamente! ... É a escassez do tempo, que nos cobra. O peso de um juízo perfeito, na imperfeição de dias partilhados. Por todo lado passo por ti, mas não tenho tempo de parar, de falar-te .... Ainda me questiono se é avareza de um incerto destino, ou se é apenas mais uma das opções medievais que ficaram... Voluntariamente, ou involuntariamente encontrarás sempre uma razão, que se expõe no presente, como medo do futuro por causa de um passado. (Cliché). ... Se soubesses a verdade de cada mentira, que sem querer se partilha. Encontrarias o eixo da tua luz e da falta que nos fazes sempre sentir.
Carinhosamente

Ana P.

BLOCO DE NOTAS 11/11/2012

Porque motivos,
não me faltam para sentir-te! 
Se soubesses cada significado do meu sentir.
Poderias não usar pretextos, para que te arranque do meu peito.
Ainda que o correcto, se pudesse denominar de quase perfeito.
O melhor de nós, ficou na imperfeição dos dias que deixamos passar....
Quando os olhos,
não matam as saudades.
Mato-as, no mistério das palavras que me ajudaste a decifrar.
Mato-as e mato-me, também!...
Mato-me na saudade que se estende na distância. Agonia dos dias e dos momentos que me lembram de, nós.
MATO-ME! ...
Na saudade do teu olhar,
nos sons que nos encontravam, muito antes dos encontros.
Sei que nunca te darei uma parte do Céu,
Aguardo-te num pedaço do Inferno do Desejo de tanto querer-te.
Não é propositadamente, foi uma consequência do "Nada acontece por Acaso"!...
E o Acaso,
é um facto imprevisto de uma determinada OCASIÃO!....
PRETEXTO, ou não?!! 

Ana P.

CARTAS AO VENTO 11/11/2012

Num Tempo de tudo,
que julga ser nada.

Quando o tudo,
foi o suficiente para não ser, nada!

Devolvia a serenidade ao coração.
Recatada acolhi-a lembranças, que te traziam para junto mim.
Multiplicava vezes sem fim, os argumentos que não quero que desvaneçam no tempo.
Não quero que se dissipem da felicidade, que me deixaste na saudade.
Quero que fiquem por perto.
Como provas de fogo, do medo de me esquecer.
Em tons de receios que simplificam a consciência, em hipotéticas ocasiões do medo que sinto de me esquecer.
Esquecer-me das asas, com que naveguei na coragem de A(mar).
De acreditar para além das fronteiras invisíveis que me deste.
Espaço aberto....
É o oásis do meu Mar de cor Anil.
Dos sedimentos com que construo sentimentos.
De todas réplicas memoriais que me resgataram num tempo, em horas desiguais.
Extinta não é a vontade de querer, mas a concorrência vã de palavras que nunca foram nossas.
Palavras tão fáceis de se prenunciar, que o seu timbre é o eco de emoções que nos seduziram.
Manipulados não seriamos os "caçadores", mas "presas" engaioladas, nas vontades de outrem.
Lisonjeias as sequências da Alma que nos adula o corpo, fermenta as quimeras de emotivas passagens por onde andávamos.
Onde colhíamos, o incenso dos beijos de abraços. De pedaços que repartimos de nós.
Lírica, não é melodia que me soletraste no ouvido, mas o revelar da paixão que fica, quando se prevê a partida.
Aguaceiros, das quedas de água onde naufraguei meus olhos.
Onde me senti viva por respirar, por sentir de dentro para fora.
Agradeci aos ventos, que me fustigaram o rosto.
Fiz uma vénia a cada lágrima que se soltou e a muitas que se guardei cá dentro, dentro do peito.
No primor de cada silêncio, que falou por mim.
Nas delicadas sequelas que sem rosto, viam muito mais além.
Além de mim e de ti!...
Nos ponteiros de um só relógio.
O TEMPO! ...

Carinhosamente

Ana P.

10 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 10/11/2012

Entre o céu e o inferno.
O Céu
de me relembrar,
no
Inferno de saudades .
Hoje!
Derrubada pela saudade,
quase me senti derrotada.
Não me quis esquecer de ti.
E resgatei-te! ...
Planeei não ser
a mártir mas a aurora acordada.
Entre
as chuvas da memória
que me recorda, quero-te no mural
das histórias que despertam o meu viver.
Quero-te,
aqui e agora!
Quero-te,
no adormecer no tempo,
que não se deixa esquecer...
Quero-te,
como o anjo
de metáforas desmedidas...
Quero-te,
sem elos nos socalcos
com vida..
Se a vida por vezes é um inferno.
Que sejas tu, o maior dos meus pecados.
Não há labaredas sem chamas,
nem amor que não arda, às portas de um Céu Azul.

Ana P.

08 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 07/11/2012

Se denunciar é um ato,
aqui fica o meu .
Trago-te no peito,
no silêncio que grita nos meus olhos.
No porta retrato,
que guardo nas prateleiras da memória.
Basta-me,
fechar olhos para compor e repor os ventos que nos uniram, contra outros que nos separam.
Não haverá mar que não tenha ondas,
nem ondas que não amoleçam no mar.
Dar-te-ia o mais forte dos abraços,
se a implosão das palavras não incluíssem a magnitude de dramas pessoais.
Dar-te-ia o desejo do beijo,
da distância que fugia das horas.
Onde a natural eloquência era o mastro das velas que nos aproximava.
Descreveria-te de fio a pavio,
o sossego desse pequeno espaço que chamava de "meu", de "nosso"! ...
Fazer-te escutar!
Fazer-te ouvir,
o que nunca escutaste do meu coração...
Cada passo caído,
cada segundo a mais,
que entardecia o teu chegar...
Quantas vezes antecipei os dias,
as horas,
selecionei o tempo?!!.
Quantas vezes sem tempo, fiquei?!! 
Quantas vezes cansada, corri ??!!
Quantas vezes fiz de aia, no trono de um Rei?!!
Pedaços que abdicaram de mim. 
Pétalas despidas.
Prosas,
leitos com vida.
Poesias declamadas,
nos becos da madrugada.
Descrever-te-ia,
a Alma que não conheces,
a lágrima invertida.
O desejo, mais fugaz.
O beijo apetecido,
que murmurei simplesmente no ouvido.
E simplesmente delatava-me! 
Simplesmente,
Nada mais. 

Ana P.

04 novembro, 2012



ELE ..

Solitário,
agarrando o corrimão negro
das grades da noite
Rasgando
a neblina
com a densidade do corpo
Não
se lhe vê o rosto
apenas o murmúrio
da quente respiração
que lhe sai da boca
Não lhe
sabemos o nome
a cor
apenas o matizado negro
que dramatiza o vulto
que desfalece na distância
que cede nos olhos
Desafia a luz
que desarma a lua
Desatino
do mistério que perdura
no desconhecido
que suplica ...

Ana P.

CARTAS AO VENTO 04/11/2012

Fala-me...
Dos contextos em que fugíamos de nós.
Fala-me, da prosa do nosso olhar, da poesia, de me tatuares .
Fala-me, não deixes de falar .
Haveria mil histórias, mil sonhos por desvendar.
Na conquista que se fez, mesmo antes de se mostrar.
Anda conta, não deixes de falar...
Traz-me os segredos, que murmuram no luar. O beijo solitário que nasce muito antes do acordar.
Traz-me os momentos na tua voz.
Conta-nos a história, que renasce de nós.
Dá-me a distância do teu abraço.
O conforto do desejo na plenitude relembrada.
Nossos passos nessa estrada....
Dá-me uma lágrima, que não esqueço no amanhã.
Os planos traçados em paralelo, num horizonte lilás ...
Traz-me o flute do silêncio, no inocente brinde que ficou para depois.
Escreve-me as páginas exóticas, de extravagantes distâncias que nos aproximaram.
Desnuda-me no manto da tua saudade.
Nos aveludados ciúmes, dos queixumes que calaste.
Toca-me, como se fosse uma pétala de perpétuos desejos, da inércia dos teus medos.
Dá-me o espaço.
A calçada dos enredos.
O Fogo do gelo no glaciar do medo.
Atreve-te, a falar de nós...
Do que foi, do que sobejou depois do depois .
Equaciona, quanto será um mais um! 
Não escondas a lucidez.
Não amortalhes as horas, na penumbra da tua vontade.
Fala, não temas a luz dessa saudade.
Denso, é o tempo que nos encontrou, nos labirintos de um éden enamorado.
De perfumes abstractos, colonizarão o espaço de dois rubros corações.
Não haverá floresta negra, sem pontos de luz, nem epilogo que não se possa concluir.
Resume-me nos ventos, nas fragrâncias silvestres nos prós e nos contra de cada actos...
Revoluciona, a trama do tempo nas escolhas exactas, de imperfeitos conflitos...
Dá-me o sim, de um grito que não escutei, todo o tempo que agora sei...
Fala-me, das páginas das memórias de um esquecimento qualquer...
Fala-me do ontem,
para que possa escrever antes do amanhã.
Fala-me!.
Carinhosamente,

Ana P.

01 novembro, 2012

CARTAS AO VENTO 01/11/2012

Não sei se quero este silêncio
ou
se ele o quer de mim.
Nostálgica, acolho a melancolia que satura as saudades de mais um dia que passa.
As horas de tempo igual, parecem um desfiladeiro interminável.
Avançam ...
Seduz-me a lentidão que absorve a ânsia de esperar.
O intenso desejo domina o brilho, dos pedaços com vida que não partiram de mim.
Inquieta, amplifico a quietude das memórias que revivem para lá do meu peito.
Para lá da surdez dos sonhos, que não pediram para ficar... foram ficando!
Não se expressam nas cores que não se vêem, mas corrosão dos sentimentos que nos define os sentidos.
Haverá erosão mais deslumbrante que o pó das cores dos meus olhos?!
Que o glamour das lágrimas, que se encontram?!...
Tacteando subscrevo o reverso dos momentos que justificam a luz dos meus dias.
A apoteose da paz que não ilude o coração, aconchega-o.
Nos pequenos melodramas, aprendi as cifras para enfrentar os medos.
No esquadrão de asas pernoitei, antecipei as aurécias das manhãs que fugiam da Aurora.
Atrevi-me a escutar melodias, que foram tocadas em pianos silenciosos. De cordas afinadas preservam os perfumes do incenso, que rejuvenesce o tempo.
Levitam o carrossel de Quimeras, que poderei escrever nas pálidas folhas de papel.
Registos dos elos que uniram, dos laços que afincam a velocidade unânime de um ancestral tempo.
Não quantifica, mas qualifica a densidade dos abraços que se sentirão para além de mim.
Para além das lágrimas que não me pertencem... as vossas.
Não poderei vê-las, mas solta-las-ei no alpendre dos vossos olhos.
Dar-vos-ei, a cortesia de me sentir perto vós, na amplitude de um abraço que não seria aguardado....
Rasgarei o vosso silêncio, com o som do sorriso que a vossa boca me dará.
Dar-vos-ei pedaços meus, dos meus momentos de paz.
Carinhosamente,

Ana P.

30 outubro, 2012

BLOCO DE NOTAS: 30/10/2012



(A)mar ...
Gostaria de decompor as palavras, dos aromas dos meus olhos.
Perfuma-las nas lágrimas que nunca viste.
Que nunca sentiste.
Mas que existem!
Existem no estampado elaborado, com que sinto a saudade.
Existem em mim, para além de mim.... sempre no antes e no depois.
Agora, argumento esquecer a dor que mora cá dentro.
Dentro mim...
Dentro dos momentos que foram nossos.
Argumento mas não esqueço a razão que se aliou ao fato.
De fato, não enlouqueço nas hipotéticas opções que poderiam argumentar a razão.
Um passo à frente, compreendo as cores do pôr-do-sol que não quero ver partir.
Aceito o fim do dia, que planeia o anoitecer.
O atrevimento do luar que enfeitiça o meu mar...
Como é bom (a)mar! ....
Não poderei prender-te nas amarras dos meus sonhos, nem dar asas que nunca viste.
Exigir-te. Seria o maior dos erros indisciplinados.
A mágoa da copula que se esconde nos ventos.
O desencontro do beijo que um dia nos uniu.
(A)mar-te! ...
Foi delatar as sequências que nos fizeram, sempre voltar...
Os sorrisos sem horas...
O fitar dos olhares, que nos prendiam quando não podíamos ficar ...
Foi o chorar, sem lágrimas... Escutar do silêncio...
(A)mar-te,
sempre antes de te ver...
(A)mar-te
e desejar-te! ...
Desejar-te sem horas, sem freios ...
Simplesmente na sedução das horas, que se escondem nos ponteiros.
No relógio do tempo que nos apressa.
Nos divide, neste mundo às avessas.
(A)mar-te!
Não se traduz na palavra.
Decompõem-se na trama, definida por sentimentos.
(A)mar, é o melhor de nós dois.
No antes e no que ficou, depois.

(A)mar-te.

Ana P.

25 outubro, 2012

BLOCO DE NOTAS: 25/10/2012

Onde esconderas o beijo, que não deste ?!!...
Apontava os significados mais insignificantes das desculpas que falavam por ti.
Do escárnio, que pintava o forçado sorriso.
Do desconforto de olhares nos olhos, que não são teus.
Balbuciava palavras, inadvertidamente preferia não saber ler-te o olhar.
Não ter de omitir as desculpas que não soubeste calar.
Longe, beberico nas recordações que afagam a iminente dor.
Acalmo quando te sinto próximo, e a proximidade do longe é o figurante ópio ...
Anestesia a falta que sinto . ... Ludibria a realidade de uma suspeita ilusão.
Fascinante não é a tristeza que fica, mas a força que aprende a crescer em dias imperfeitos.
Imperfeitos por que não se estendem nas horas, na alongam as fracções que crucificaram o cansaço.
Imperfeitos, porque são pequenos demais, para quem se esquece do próprio ser.
Imperfeitos, porque não se podem repetir.
Únicos.
Como o beijo que não deste, hoje!...
A importância não está no beijo mas no momento.

Ana P.

24 outubro, 2012

Bloco de notas 24/10/2012

Escreveria ...
Queria escrever.
Escrever a parte de mim que ficou.
Mostra-vos a delicadeza da brevidade que o tempo me dispensa.
Onde tantas vezes declaro guerras e declamo poesias.
Sou o chá do bule, numa chávena fria.
O azul celeste que se envolve na maresia.
Escreveria sobre mim .
Sobre as poesias que inundam os olhos e desaguam nas comportas das emoções verdadeiras.
Contar-vos o significado da intensidade do colorido que com escrevo as palavras.
Do brilho de cada lágrima, que precedem supostos momentos.
Que se repartiram pelas saudades a dor e caracterizam cada pico de felicidade.
Vivo entre o Norte e o Sul dos meus dias.
No magnetismo dos cinco sentidos, que me coloca à prova.
Enigmáticas não são as pessoas, mas o revés dos seus dias.
Falaria do medo, que escondo na criança e amordaço na mulher que sou.
Da inquietude. Que sinto quando a distância abalroa os dias.
Não digo que sejam insuportáveis, prefiro chamar-lhes inquietantes.
Inquietantes, porque acordam o desassossego.
Apelam o grudar das ânsias, que acautelava.
Há dias tristes.
Que incluem os estados de espíritos. Dias selados de emoção, onde as horas são anos e os anos as vestes de tudo o que sou.
Escreveria,
sobre a inclusão da "Mãe" na mulher, onde habita a criança.
Dos abraços,
dos laços que nos unem, das intemperes que assolam o estuário do meu rio.
Do toque,
do beijo da palavra esquecida nas lembranças de uma menina.
Do silêncio que procuro, e outros que me calaram.
Roubaram as palavras. O tom do desejo, aprisionou o esquadrão de asas dos sonhos que ficaram por sonhar....
Lamentos,
o cordel que segura o papagaio papel nos meus ventos.
Anil, Canela e Lilás, a gula da fome que não sacio.
Maresia,
a eloquência de uma Alma sem algemas, livre ...
Azul a imensidão que eleva as palavras.
Descritas no ferro de um fogo vermelho, monopólio de emoções que esquartejam seduções.
Um pecado polido, com argumentos de cada sentido...
Fragrâncias o rasto que vos deixo ficar, no meu leito de pó.
Escreveria, no tempo se pudesse!

Ana P.

23 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 23/10/2012

Alumiar da Alma .
Palco de marionetas.
Nunca de perto, me senti tão longe.
Perto de um abraço,
de uma legião de palavras que seguem um regimento de sentimentos.
E assim tão próxima, presenciei a distância dos abraços, a surdez de bocas que em dias supostamente beijei.
Noutros desejei que fosse beijada...
Em plena estrada, deixo que o vento desfolhe os aromas que harmonizam os sentidos.
À mente, ofereço-lhe as asas que rasgaram o céu com as vitórias de sonhos medievais.
Perdida na floresta. Desejo ser o segredo que se esconde na clareira.
Carácter que reafirma as cores em cada mescla que o silêncio pinta para mim.
Elaborados não os sonhos, que se soltam, mas os que teimam não se extinguirem.
Em cada estação a época de um tempo que não se rende. Sequências que não se repetem nos dias.
Mas no olhar, que não recuso ver de dentro para fora.
Extensas as paragens, que abordam a estrada.
Não são de paragem obrigatória.
Apenas de simples razões em cada opção, do ex-líbris com que poderia escrever a minha história.
Narrar-vos sobre fogo da cordilheira que se amaina nas aurécias das manhãs. Das Auroras coroadas com o cristal, das lágrimas que não pude conter. Falar-vos-ia da espada de saudades que empunho, do manto que protege as cartas que nunca escrevi. Aveludadas as noites que não consegui dormir. Que fugi de mim, de ti e todas as parábolas encenadas num palco que não lembro pisar. Corria o risco de me esquecer. E esquecer é talvez o pretexto que não sei definir. Relembrar é crescer no presente, com condimentos do passado que apura o presente. Iguaria, é o solstício que adocica o arremesso de dias difíceis que aplainam o juízo de uma qualquer mente, que sente ...
Onde um deserto, pode ser oásis que alberga o tempo.
E uma esfinge é o rosto que não se deixa esquecer no tempo.
MOMENTOS!...
Momentos de prosa, que podem ser meus, teus ou os nossos.
E a distância será, sempre os perto que nos uniu.
LEMBRANÇAS!
Archote de memórias.
Onde sou marioneta.

Ana P.

22 outubro, 2012

Fundamentos de razão.
Pediria desculpas se meus olhos não se precipitassem.
Se não corressem mais que a vontade do falar.
Não me dão a opção de aguardar as palavras, que se semeiam na boca.
Sem alternativa, o rosto é o leito das lágrimas que sentem.
O leito de todas as expressões.
Das metamorfoses. Epidural dos dias, que tenho medo de esquecer.
Não pedi que se mostrassem, mas são vitimas dos excessos de emoções que latejam a alma e fazem sangrar o coração.
São um exemplo de vitória. Diamantes das histórias que nunca vos contei.
Estrelas cadentes, pedaços de céu, lápides de pedras sombrias... são teimas e manias de quem se senta, para falar com a maresia.
Pediria desculpas, se não me entendesse...
E sendo a mais louca de todas as palavras que um dia soletrarei, serei o elo das razões de enigmáticas que libertam o incenso que adorna o perfume do meu corpo.
Mais que não fosse a asa de uma aventura qualquer, descreveria a realidade do sopro dos ventos, o murmurar do sentir que abre as ameias das emoções.
Pediria desculpas, se a fantasia ofusca-se o brilho das saudades. Do sintoma das perdas, que amainam no tempo.
Se a fragilidade de uma pequena mão estendida, não me fizesse mover.
E não chorasse, sobre o império das minhas saudades.
No álbum nostálgico, que não avançou no tempo...
Se porventura meus olhos não vissem no espelho, a velha criança da qual sou mulher.
Contra o tempo pediria desculpas, se ele não fomentasse a sua razão.

Ana P.

21 outubro, 2012

Ensina-me,
a rasgar os sonhos com palavras.
Ensina-me,
a escrever a nossa poesia.
O fogo que não se vê.
Uma tatuagem inacabada,
a sombra que foge do tempo,
em lembranças guardadas.
Ensina-me! 
O que não posso ler.
O sentir que não se aprende nos livros.
Ensina-me! 
Que um mais um, é um.
Que o antes virá, depois.
Ensina-me,
a morder o beijo, em nossas bocas.
Ensina-me agora,
não depois! 

Ana P.

18 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 18/10/2012

Anel de lembranças.
Há dias que parto sem sair do lugar,
outros que fico quando vou e tenho medo de não voltar.
Enternecida aconchego as lembranças da eterna menina que já não é mais criança.
Acalmo a ânsia das lágrimas que desafiam os meus olhos.
Feliz, relembro os rostos as cores. Uma afinidade de lugares dos quais não sou isenta de saudades.
Recordações guardadas no mural de papiro que vai envelhecendo no tempo.
Desejava inundar-me da simples beleza da cor branca.
Presenciar o especto de cores que reflectem o arco-íris, que se mostra rasgando as paisagens sem pedir licença.
Viajar no tempo.
Pedir-lhe a pausa impossível.
E solenemente deitar-me sobre o húmus, cobrir-me com o manto de folhas que elogiam as estações de épocas que se vão despedindo na transição dos dias.
Inglório, seria obriga-las a ficar, quebrar os laços que humildemente se uniram numa tela viva de sensações e emoções que me trazem de volta.
Liberta não agonizo os dias que passaram, orgulho-me de saber o colorido do pano de um palco que emerge de mim.
Na tentativa de percorrer os dias que passaram, não faço de mim o silêncio mas a eloquência que comove, quando me olho no espelho.
Quando vejo as linhas de menina neste rosto de mulher...
A capacidade da rebeldia que se solta nos cabelos, nos braços a gentileza de querer abraçar, de olhar fixamente o nada que não se pode mudar...
Solta falo-vos dos olhares, da intensidade do negro que brilha sem luz... do brilho dos dias que antecipam a noite. Antevejo sequelas do mundo dos afectos.
Dos prós e dos contras de cada sim, de cada não se escapam marcando a opção.
No rosto o livro inacabado de páginas brancas que esperam por mim.
Planeiam dia a pós dia um indeterminado fim.
Grande, não é o tempo que me arrasta com ele, mas as memórias que não leva de mim.
Carinhosamente,

Ana P.

16 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 15/10/2012

Demorava a desfolhar as palavras.
Não queria escreve-las de uma forma desarrumada.
Ansiosa esperava a organização da mente.
Um encontro nos labirintos do equilíbrio onde me posso perder.
Enamorada, coordenava o silêncio que elabora os astros dos sentimentos que me definem.
Sem argumentos, sem desculpas ainda olho para trás com vontade de agarra-los.
Ainda os pressinto no decalque do meu peito, ainda os oiço no coração...
E assim sem artifícios, escuto a melodia que toca o tempo no velho realejo...
Ainda distingo os aquedutos que me levaram para lá.
Para lá de um horizonte, para lá de um rio, para lá dos segundos de todas as horas em que respirei....
Amenamente desfolho as lembranças que se estendem nos meus olhos...
No beiral dos sonhos ante-vejo o arco-íris que me seduz. Pelas cores, pela simplicidade desenhada num céu sem esforço...
Atentamente, peço que as estrelas brilhem, que seduzam as noites que me cobrem o corpo...
Derramar, não é mais que o mistério que me ensinaste a decifrar...
Não é mais que o pólen cobiçado do desejo que não escondo.
Tertúlias que embriagam a saudade, edificam o gostar com a maior simplicidade.
Levo-te nos sonhos de asas abertas...
Xaile que procuro no conforto dos meus ombros...
Aprendi, que me dispo perante o teu olhar, soluço no tempo na espera de te encontrar.
Simplesmente, dizer-te-ia que enriqueceste os meus dias.
Que ilustraste a incompreensão da fragilidade de dias difíceis .
Aumentaste-me a capacidade de saber Amar, de Gostar e de Querer...
Indicaste-me o refúgio quando deixo de ver.
Ai! ...
Se pudesse ser a pandora cobiçada ... A estrada aberta na tua caminhada.
Ser o gume da faca afiada.
A fala mansa quando te deitas numa suposta madrugada.
Se soubesse que o amanhã era hoje... Não seria tarde demais...
Enamorava-me no sorriso dos vendavais, que me oferecem os teus olhos, Amor!
Carinhosamente,

Ana P.

15 outubro, 2012

MOMENTOS ...

Momentos ...
Não sou de me perder no tempo
Mas o tempo se perdeu por mim...
Açoitou as saudades que relembram momentos.
Concedem lembranças, como uma bola colorida nas mãos de uma qualquer criança.
Já fui o Verde que se vestiu de Esperança.
Fui a fita Rubra no laço da tua Trança.
Ui!!!! Se me lembro de quando era a Criança.
Já fui pacto, melodia o grito deserto numa alma que não se esquecia...
Fui, Teresa, Maria ... muitos outros que não sabia.
O tempo deu-me motivos para não querer esquecer, de mim, de nós ...
Já fui asa,
linha torta,
pedaço de linho que se amarrota.
Fui,
Capitã nas asas de uma Gaivota...
Já sonhei quando dormia , de olhos abertos também...
Já fui,
Menina, Mulher e Mãe! ...
Sorri e chorei...
Amoleci, mas não quebrei.
Já desejei Ser a Canela,
o doce Perfume de Jasmim ...
Já quis ser a Folha do perfumado Alecrim,
o Trevo da Sorte,
um Rio que corre do Centro para o Norte...
Já pensei na Morte!...
Fui a Boémia Alegria
Pássaro negro o canto da Cotovia...
Tudo isto eu, queria!
Tudo desejei....
Tudo vos confesso,
o Tudo de que nada Sei.

Ana P.