18 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 18/10/2012

Anel de lembranças.
Há dias que parto sem sair do lugar,
outros que fico quando vou e tenho medo de não voltar.
Enternecida aconchego as lembranças da eterna menina que já não é mais criança.
Acalmo a ânsia das lágrimas que desafiam os meus olhos.
Feliz, relembro os rostos as cores. Uma afinidade de lugares dos quais não sou isenta de saudades.
Recordações guardadas no mural de papiro que vai envelhecendo no tempo.
Desejava inundar-me da simples beleza da cor branca.
Presenciar o especto de cores que reflectem o arco-íris, que se mostra rasgando as paisagens sem pedir licença.
Viajar no tempo.
Pedir-lhe a pausa impossível.
E solenemente deitar-me sobre o húmus, cobrir-me com o manto de folhas que elogiam as estações de épocas que se vão despedindo na transição dos dias.
Inglório, seria obriga-las a ficar, quebrar os laços que humildemente se uniram numa tela viva de sensações e emoções que me trazem de volta.
Liberta não agonizo os dias que passaram, orgulho-me de saber o colorido do pano de um palco que emerge de mim.
Na tentativa de percorrer os dias que passaram, não faço de mim o silêncio mas a eloquência que comove, quando me olho no espelho.
Quando vejo as linhas de menina neste rosto de mulher...
A capacidade da rebeldia que se solta nos cabelos, nos braços a gentileza de querer abraçar, de olhar fixamente o nada que não se pode mudar...
Solta falo-vos dos olhares, da intensidade do negro que brilha sem luz... do brilho dos dias que antecipam a noite. Antevejo sequelas do mundo dos afectos.
Dos prós e dos contras de cada sim, de cada não se escapam marcando a opção.
No rosto o livro inacabado de páginas brancas que esperam por mim.
Planeiam dia a pós dia um indeterminado fim.
Grande, não é o tempo que me arrasta com ele, mas as memórias que não leva de mim.
Carinhosamente,

Ana P.

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