CARTAS AO VENTO 07/10/2012
ainda existe a metamorfose dos dias que não me esqueceram ...
Levaria o desejo no trôpego silêncio de ter querer aqui.
Aqui!
Só para mim... Como a melodia da musica que toca na velha vitrola.
A que eu escolhera.
Não pretendo a euforia de momentos cadastrados contra a tua vontade.
Anseio, aqueles que se soltaram sem serem planeados.
Explico, porque a exactidão é a forma mais clara de se falar, de sentir todas as catástrofes do coração.
Todas as bonanças depois dos cataclismos.
Haverá o tempo que não desculpei, outro que sem querer fingi não ver...
Haverá a incoerência do que ficou por falar, dos gestos presos que deixei por abraçar...
E ao longo do tempo assistirei de pé ás mudanças que previ e muitas outras com quem nem contava...
Falo-te de momentos, do virar de páginas que nos ensinaram a colorir. Do avesso do não, que perfura do sim, que amargura.... Todavia existirá o sempre que não se esquece, o mais dócil dos dias... As aventuras de viagens que fiz sem sair do lugar.... Ainda que procura-se poderia definir esse tempo como estações, apeadeiros de paragens que me acolheram. Horas de vida, onde por vezes me senti morrer...
Eloquência, é a saudade de reviver, de segurar na alma, todos os instantes que não ouso esquecer...
Trágico!
Era não ter nada para te escrever. Não me diluir nas páginas que o tempo me oferece, era não sentir... e sentir equivale ao estar viva. Dominar as essências que não descuram de mim, num propósito de uma simples evasão....
Poder.
É converter lágrimas, é retribuir e usufruir do extenso céu, onde se acamam os meus olhos.
De um extenso mar onde me deito... e envaideço num luar atrevido que soletra meu nome no teu ouvido.
Conquistada.
É sentir-me amada, até pelas pedras das calças. É não ter medo de arriscar... é quebrar os vidros, saltar barreiras, é correr em vez de parar...
É ter sonhos e não os soltar....
É amar, depois de Amar!...
Ser livre, muito antes de acordar....
É escrever em páginas, sem ter de as procurar.
Carinhosamente
Ana P.
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