30 outubro, 2012

BLOCO DE NOTAS: 30/10/2012



(A)mar ...
Gostaria de decompor as palavras, dos aromas dos meus olhos.
Perfuma-las nas lágrimas que nunca viste.
Que nunca sentiste.
Mas que existem!
Existem no estampado elaborado, com que sinto a saudade.
Existem em mim, para além de mim.... sempre no antes e no depois.
Agora, argumento esquecer a dor que mora cá dentro.
Dentro mim...
Dentro dos momentos que foram nossos.
Argumento mas não esqueço a razão que se aliou ao fato.
De fato, não enlouqueço nas hipotéticas opções que poderiam argumentar a razão.
Um passo à frente, compreendo as cores do pôr-do-sol que não quero ver partir.
Aceito o fim do dia, que planeia o anoitecer.
O atrevimento do luar que enfeitiça o meu mar...
Como é bom (a)mar! ....
Não poderei prender-te nas amarras dos meus sonhos, nem dar asas que nunca viste.
Exigir-te. Seria o maior dos erros indisciplinados.
A mágoa da copula que se esconde nos ventos.
O desencontro do beijo que um dia nos uniu.
(A)mar-te! ...
Foi delatar as sequências que nos fizeram, sempre voltar...
Os sorrisos sem horas...
O fitar dos olhares, que nos prendiam quando não podíamos ficar ...
Foi o chorar, sem lágrimas... Escutar do silêncio...
(A)mar-te,
sempre antes de te ver...
(A)mar-te
e desejar-te! ...
Desejar-te sem horas, sem freios ...
Simplesmente na sedução das horas, que se escondem nos ponteiros.
No relógio do tempo que nos apressa.
Nos divide, neste mundo às avessas.
(A)mar-te!
Não se traduz na palavra.
Decompõem-se na trama, definida por sentimentos.
(A)mar, é o melhor de nós dois.
No antes e no que ficou, depois.

(A)mar-te.

Ana P.

25 outubro, 2012

BLOCO DE NOTAS: 25/10/2012

Onde esconderas o beijo, que não deste ?!!...
Apontava os significados mais insignificantes das desculpas que falavam por ti.
Do escárnio, que pintava o forçado sorriso.
Do desconforto de olhares nos olhos, que não são teus.
Balbuciava palavras, inadvertidamente preferia não saber ler-te o olhar.
Não ter de omitir as desculpas que não soubeste calar.
Longe, beberico nas recordações que afagam a iminente dor.
Acalmo quando te sinto próximo, e a proximidade do longe é o figurante ópio ...
Anestesia a falta que sinto . ... Ludibria a realidade de uma suspeita ilusão.
Fascinante não é a tristeza que fica, mas a força que aprende a crescer em dias imperfeitos.
Imperfeitos por que não se estendem nas horas, na alongam as fracções que crucificaram o cansaço.
Imperfeitos, porque são pequenos demais, para quem se esquece do próprio ser.
Imperfeitos, porque não se podem repetir.
Únicos.
Como o beijo que não deste, hoje!...
A importância não está no beijo mas no momento.

Ana P.

24 outubro, 2012

Bloco de notas 24/10/2012

Escreveria ...
Queria escrever.
Escrever a parte de mim que ficou.
Mostra-vos a delicadeza da brevidade que o tempo me dispensa.
Onde tantas vezes declaro guerras e declamo poesias.
Sou o chá do bule, numa chávena fria.
O azul celeste que se envolve na maresia.
Escreveria sobre mim .
Sobre as poesias que inundam os olhos e desaguam nas comportas das emoções verdadeiras.
Contar-vos o significado da intensidade do colorido que com escrevo as palavras.
Do brilho de cada lágrima, que precedem supostos momentos.
Que se repartiram pelas saudades a dor e caracterizam cada pico de felicidade.
Vivo entre o Norte e o Sul dos meus dias.
No magnetismo dos cinco sentidos, que me coloca à prova.
Enigmáticas não são as pessoas, mas o revés dos seus dias.
Falaria do medo, que escondo na criança e amordaço na mulher que sou.
Da inquietude. Que sinto quando a distância abalroa os dias.
Não digo que sejam insuportáveis, prefiro chamar-lhes inquietantes.
Inquietantes, porque acordam o desassossego.
Apelam o grudar das ânsias, que acautelava.
Há dias tristes.
Que incluem os estados de espíritos. Dias selados de emoção, onde as horas são anos e os anos as vestes de tudo o que sou.
Escreveria,
sobre a inclusão da "Mãe" na mulher, onde habita a criança.
Dos abraços,
dos laços que nos unem, das intemperes que assolam o estuário do meu rio.
Do toque,
do beijo da palavra esquecida nas lembranças de uma menina.
Do silêncio que procuro, e outros que me calaram.
Roubaram as palavras. O tom do desejo, aprisionou o esquadrão de asas dos sonhos que ficaram por sonhar....
Lamentos,
o cordel que segura o papagaio papel nos meus ventos.
Anil, Canela e Lilás, a gula da fome que não sacio.
Maresia,
a eloquência de uma Alma sem algemas, livre ...
Azul a imensidão que eleva as palavras.
Descritas no ferro de um fogo vermelho, monopólio de emoções que esquartejam seduções.
Um pecado polido, com argumentos de cada sentido...
Fragrâncias o rasto que vos deixo ficar, no meu leito de pó.
Escreveria, no tempo se pudesse!

Ana P.

23 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 23/10/2012

Alumiar da Alma .
Palco de marionetas.
Nunca de perto, me senti tão longe.
Perto de um abraço,
de uma legião de palavras que seguem um regimento de sentimentos.
E assim tão próxima, presenciei a distância dos abraços, a surdez de bocas que em dias supostamente beijei.
Noutros desejei que fosse beijada...
Em plena estrada, deixo que o vento desfolhe os aromas que harmonizam os sentidos.
À mente, ofereço-lhe as asas que rasgaram o céu com as vitórias de sonhos medievais.
Perdida na floresta. Desejo ser o segredo que se esconde na clareira.
Carácter que reafirma as cores em cada mescla que o silêncio pinta para mim.
Elaborados não os sonhos, que se soltam, mas os que teimam não se extinguirem.
Em cada estação a época de um tempo que não se rende. Sequências que não se repetem nos dias.
Mas no olhar, que não recuso ver de dentro para fora.
Extensas as paragens, que abordam a estrada.
Não são de paragem obrigatória.
Apenas de simples razões em cada opção, do ex-líbris com que poderia escrever a minha história.
Narrar-vos sobre fogo da cordilheira que se amaina nas aurécias das manhãs. Das Auroras coroadas com o cristal, das lágrimas que não pude conter. Falar-vos-ia da espada de saudades que empunho, do manto que protege as cartas que nunca escrevi. Aveludadas as noites que não consegui dormir. Que fugi de mim, de ti e todas as parábolas encenadas num palco que não lembro pisar. Corria o risco de me esquecer. E esquecer é talvez o pretexto que não sei definir. Relembrar é crescer no presente, com condimentos do passado que apura o presente. Iguaria, é o solstício que adocica o arremesso de dias difíceis que aplainam o juízo de uma qualquer mente, que sente ...
Onde um deserto, pode ser oásis que alberga o tempo.
E uma esfinge é o rosto que não se deixa esquecer no tempo.
MOMENTOS!...
Momentos de prosa, que podem ser meus, teus ou os nossos.
E a distância será, sempre os perto que nos uniu.
LEMBRANÇAS!
Archote de memórias.
Onde sou marioneta.

Ana P.

22 outubro, 2012

Fundamentos de razão.
Pediria desculpas se meus olhos não se precipitassem.
Se não corressem mais que a vontade do falar.
Não me dão a opção de aguardar as palavras, que se semeiam na boca.
Sem alternativa, o rosto é o leito das lágrimas que sentem.
O leito de todas as expressões.
Das metamorfoses. Epidural dos dias, que tenho medo de esquecer.
Não pedi que se mostrassem, mas são vitimas dos excessos de emoções que latejam a alma e fazem sangrar o coração.
São um exemplo de vitória. Diamantes das histórias que nunca vos contei.
Estrelas cadentes, pedaços de céu, lápides de pedras sombrias... são teimas e manias de quem se senta, para falar com a maresia.
Pediria desculpas, se não me entendesse...
E sendo a mais louca de todas as palavras que um dia soletrarei, serei o elo das razões de enigmáticas que libertam o incenso que adorna o perfume do meu corpo.
Mais que não fosse a asa de uma aventura qualquer, descreveria a realidade do sopro dos ventos, o murmurar do sentir que abre as ameias das emoções.
Pediria desculpas, se a fantasia ofusca-se o brilho das saudades. Do sintoma das perdas, que amainam no tempo.
Se a fragilidade de uma pequena mão estendida, não me fizesse mover.
E não chorasse, sobre o império das minhas saudades.
No álbum nostálgico, que não avançou no tempo...
Se porventura meus olhos não vissem no espelho, a velha criança da qual sou mulher.
Contra o tempo pediria desculpas, se ele não fomentasse a sua razão.

Ana P.

21 outubro, 2012

Ensina-me,
a rasgar os sonhos com palavras.
Ensina-me,
a escrever a nossa poesia.
O fogo que não se vê.
Uma tatuagem inacabada,
a sombra que foge do tempo,
em lembranças guardadas.
Ensina-me! 
O que não posso ler.
O sentir que não se aprende nos livros.
Ensina-me! 
Que um mais um, é um.
Que o antes virá, depois.
Ensina-me,
a morder o beijo, em nossas bocas.
Ensina-me agora,
não depois! 

Ana P.

18 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 18/10/2012

Anel de lembranças.
Há dias que parto sem sair do lugar,
outros que fico quando vou e tenho medo de não voltar.
Enternecida aconchego as lembranças da eterna menina que já não é mais criança.
Acalmo a ânsia das lágrimas que desafiam os meus olhos.
Feliz, relembro os rostos as cores. Uma afinidade de lugares dos quais não sou isenta de saudades.
Recordações guardadas no mural de papiro que vai envelhecendo no tempo.
Desejava inundar-me da simples beleza da cor branca.
Presenciar o especto de cores que reflectem o arco-íris, que se mostra rasgando as paisagens sem pedir licença.
Viajar no tempo.
Pedir-lhe a pausa impossível.
E solenemente deitar-me sobre o húmus, cobrir-me com o manto de folhas que elogiam as estações de épocas que se vão despedindo na transição dos dias.
Inglório, seria obriga-las a ficar, quebrar os laços que humildemente se uniram numa tela viva de sensações e emoções que me trazem de volta.
Liberta não agonizo os dias que passaram, orgulho-me de saber o colorido do pano de um palco que emerge de mim.
Na tentativa de percorrer os dias que passaram, não faço de mim o silêncio mas a eloquência que comove, quando me olho no espelho.
Quando vejo as linhas de menina neste rosto de mulher...
A capacidade da rebeldia que se solta nos cabelos, nos braços a gentileza de querer abraçar, de olhar fixamente o nada que não se pode mudar...
Solta falo-vos dos olhares, da intensidade do negro que brilha sem luz... do brilho dos dias que antecipam a noite. Antevejo sequelas do mundo dos afectos.
Dos prós e dos contras de cada sim, de cada não se escapam marcando a opção.
No rosto o livro inacabado de páginas brancas que esperam por mim.
Planeiam dia a pós dia um indeterminado fim.
Grande, não é o tempo que me arrasta com ele, mas as memórias que não leva de mim.
Carinhosamente,

Ana P.

16 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 15/10/2012

Demorava a desfolhar as palavras.
Não queria escreve-las de uma forma desarrumada.
Ansiosa esperava a organização da mente.
Um encontro nos labirintos do equilíbrio onde me posso perder.
Enamorada, coordenava o silêncio que elabora os astros dos sentimentos que me definem.
Sem argumentos, sem desculpas ainda olho para trás com vontade de agarra-los.
Ainda os pressinto no decalque do meu peito, ainda os oiço no coração...
E assim sem artifícios, escuto a melodia que toca o tempo no velho realejo...
Ainda distingo os aquedutos que me levaram para lá.
Para lá de um horizonte, para lá de um rio, para lá dos segundos de todas as horas em que respirei....
Amenamente desfolho as lembranças que se estendem nos meus olhos...
No beiral dos sonhos ante-vejo o arco-íris que me seduz. Pelas cores, pela simplicidade desenhada num céu sem esforço...
Atentamente, peço que as estrelas brilhem, que seduzam as noites que me cobrem o corpo...
Derramar, não é mais que o mistério que me ensinaste a decifrar...
Não é mais que o pólen cobiçado do desejo que não escondo.
Tertúlias que embriagam a saudade, edificam o gostar com a maior simplicidade.
Levo-te nos sonhos de asas abertas...
Xaile que procuro no conforto dos meus ombros...
Aprendi, que me dispo perante o teu olhar, soluço no tempo na espera de te encontrar.
Simplesmente, dizer-te-ia que enriqueceste os meus dias.
Que ilustraste a incompreensão da fragilidade de dias difíceis .
Aumentaste-me a capacidade de saber Amar, de Gostar e de Querer...
Indicaste-me o refúgio quando deixo de ver.
Ai! ...
Se pudesse ser a pandora cobiçada ... A estrada aberta na tua caminhada.
Ser o gume da faca afiada.
A fala mansa quando te deitas numa suposta madrugada.
Se soubesse que o amanhã era hoje... Não seria tarde demais...
Enamorava-me no sorriso dos vendavais, que me oferecem os teus olhos, Amor!
Carinhosamente,

Ana P.

15 outubro, 2012

MOMENTOS ...

Momentos ...
Não sou de me perder no tempo
Mas o tempo se perdeu por mim...
Açoitou as saudades que relembram momentos.
Concedem lembranças, como uma bola colorida nas mãos de uma qualquer criança.
Já fui o Verde que se vestiu de Esperança.
Fui a fita Rubra no laço da tua Trança.
Ui!!!! Se me lembro de quando era a Criança.
Já fui pacto, melodia o grito deserto numa alma que não se esquecia...
Fui, Teresa, Maria ... muitos outros que não sabia.
O tempo deu-me motivos para não querer esquecer, de mim, de nós ...
Já fui asa,
linha torta,
pedaço de linho que se amarrota.
Fui,
Capitã nas asas de uma Gaivota...
Já sonhei quando dormia , de olhos abertos também...
Já fui,
Menina, Mulher e Mãe! ...
Sorri e chorei...
Amoleci, mas não quebrei.
Já desejei Ser a Canela,
o doce Perfume de Jasmim ...
Já quis ser a Folha do perfumado Alecrim,
o Trevo da Sorte,
um Rio que corre do Centro para o Norte...
Já pensei na Morte!...
Fui a Boémia Alegria
Pássaro negro o canto da Cotovia...
Tudo isto eu, queria!
Tudo desejei....
Tudo vos confesso,
o Tudo de que nada Sei.

Ana P.
 
( Não lhe ofereço Rosas,
porque com a distância elas iriam murchar). ...
AMOR...
Por onde vais, Amor?!...
Vou pelas palavras,
pelos laços dos abraços,
dos sorrisos que me ensinaste a decifrar ...
Amor é lágrima
que não deixa esquecer ...
A seiva da fonte na ermida do envelhecer.
O Amor,
é a oração que não se ensina ao coração...
Amor,
é a Dor, e Aurora ...
O Amor,
são Pedaços da tua história...
São a Prosa a Aventura
a Poesia de uma Alma, que Vive...
Amor,
é o Afecto,
dos braços que não conheço
é o trajecto,
que faço, quando procuro por si ...
O Amor,
são as pétalas que fazem a poesia.
O meu Bouquet de flores.
Parabéns querida, Sonia.

Ana P.

14 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 14/10/2012

Porque te importas comigo?
Não é gratidão mas o apreço que sinto.
Mesmo cansada, volto para ti na correria dos meus dias.
Há dias em que não quero nada.
Outros simplesmente nada quero.
Não é demagogia não querer.
É que é diferente querer sem querer.
Percorro as incertezas dos vestígios.
Que sempre deixas nos dias em que o meu rio desagua na tua foz... Não me é indiferente sentir a tua presença.
Sentir que de certa forma és o equilíbrio das razões que fomento, o tino de um juízo quase perfeito. A hora certa , que atrasa o relógio, que confronta os limites do espaço que não é só meu. Não está inteiramente à disposição do meu querer. É partilhado pela divergência das horas que nunca sobejam. Iguaria. É saborear o desfecho dos teus abraços. Tactear-te no sopro do beijo, e inalar a proximidade de sentir o teu corpo perto de mim. Atraiçoar a distância e as saudades. Matar a fome no sorriso dos teus olhos... e pecar por amar-te, amar-te, amar-te sem modéstia. Provocar a infusão que nos acorda os sentidos, e estremece os pormenores de simplesmente se viver. Nos dias menos felizes, apaziguar a dor, a revolta o não entendimento... Não haverá ferida, que não deixe sequela. Todavia, há sequelas que são o virar de páginas, o direito do avesso que não se conhece, a linha o ponto e o circulo de uma esfera.... Acontece, que tenho dias que não te aguardo nas manhãs, e muitos outros que não nascem as noites... Importância é sentir... dar por falta do ponto, da virgula de todos os instantes que me dedicas. Indelicadeza era não fechar os olhos para te ver. Não deixar o eco do silêncio falar.
Indelicado era nunca sentir tua falta, não te querer, não te amar. Era ter medo que te contar, a falta que me fazes... Mais que um dever, é uma obrigação fazer-te sentir-te, mais que meu amado, desejado. Seres o tal porto seguro, na sombra de um murro que cedeu num descampado... A andorinha errante o livro secreto na minha estante...
A lágrima que não me deixa esquecer. O rosto sereno onde adormeço.
Ser o meu tudo e o nada a melodia do recomeço no fim de uma estrada.
O som da minha gargalhada ...
A importância que me dás, quando sinto ser, nada...
Obrigado!
Carinhosamente

Ana P.

13 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO 13/10/2012

Fosse a Dama das Violetas.
Inspiradoras do território desconhecido que aguça os sentidos.
Não há freio, nem corrente mais forte que a liberdade da mente.
Não existe vassalagem mais triste, do que aquela que nos limita o olhar.
De olhos abertos,
não sermos capazes de enxergar.
Enigmáticas, não são as noite que perdi
mas aquelas que por mim passaram, se que desse por elas...
Poeira do tempo,
é a exactidão do relógio que não se vê.
Inebriante,
é nunca perder o encanto do silêncio dos dias, que me ensinaram a escutar...
Saberia descrever-vos o que sinto ou o que em mim mudou.
Supostamente, teria coordenado frases compostas que vos fariam chorar, antever sorrisos e até meditar.
Com elegância. Descreveria-vos as noites onde o negro se veste de escarlate com prata cintilante.
Descreveria-vos no tacto do meu olhar.
As brumas da neblina que desafiam o mistério dos meus olhos.
Lançaria o fogo nos beijos que atraiçoei e provocaria o desejo nos astros que dão cor, à eterna fragrância que ficará depois de mim...
Perfume...
Deleite...
Aromas silvestres de ventos selvagens, esmiúçam o azimute dos dias que não me canso de reviver.
Consequências elaboradas por múltiplas razões. Fragmentos do tudo e do nada que equaciona as pulsações do coração.
Expostas ou não, cabem entre o mar de minhas mãos. Deserto, estalagem das estrelas que não se vêem.
Intemporais...
Contradizem o roteiro das rugas que vão emergindo no rosto.
Estações das épocas que antecedem a incerteza dos meus dias.
Sarcasticamente, saciaria a sede na seiva da imortalidade de que sempre ouvi falar... Nunca duvidarei.
Não terei a contagem exacta dos dias, nem sei se alguém terá ... Todavia ainda se elaboram histórias que têm o final por escrever ...
Violetas...
Aveludado dos dias imperfeitos nas pétalas perfeitas.... Violetas!
Seriam por mim as eleitas. Acolhedoras de uma sensibilidade com rosto de mulher.
Delicadas. Não se exibem na grandeza de ser maior do que mas na mística beleza que desfolha a pequenez.
Expostas num tabuleiro de xadrez...
O vosso! ...
Carinhosamente,

Ana P.

08 outubro, 2012

ERMIDA ...



CARTAS AO VENTO 08/10/2012

ERMIDA ...

Não há meio termo, 
que não supere a vontade dos excessos.
Ignorava a covardia submissa ao desejo... 
Do desejo o meio termo de amar, de querer e de viver.
Como um dia qualquer, mendigava na ermida onde reza a alma. 
O fascínio da cor branca da ermida, segura a inocente rocha  esculpida no dorso  da montanha. 
Apraz-me, este silêncio! 
Esta terra de ninguém, quase naufraga de olhares. 
Epicentro do encontro dos sentimentos que não abalam de mim... 
Cratera fiel dos passos que marcam território... 
Trilhos, que  aprendi a cavalgar com o tempo. 
Onde confrontei os portões em céu aberto, quebrei o vidro da clarabóia que me guardava os sonhos. 
E quedava-me na paisagem intocável em redor dos meus olhos. 
Sentia-me fora da "era" do tempo que seria o meu.
Uma época sem registos dos anos. 
Apenas a diferença da minha presença, contradiz esta tela enigmática. 
O raciocínio eleva o espírito e reflecte nos argumentos que uso em prol das razões, do discurso directo com que vêem os meus olhos. 
A lucidez, da janela da alma. 
A luz que dita as cores da mais negra escuridão. ...
Império que jaz nos sussurros dos silêncios, nas trovas que seduzem os ventos... 
... O que sabes de mim?!! ... 
De ti, o tudo que envolve, que acalenta... O certo é que me sinto pedaço desta paisagem ! ... 
Sinto-me a peça de puzzle inacabado, um ajuste místico que se entranha na pele. 
Inalo o perfume que não me atraiçoa. 
Decanta dos aromas que tão bem conheço. 
Que guardo no colo, como uma "Vénus", protectora do amor, da vida da beleza e da mulher...
Grande não é a parte de mim que te pertence, mas o que tu, me deixaste ver.
Desaire... 
É a vergonha com que sentem os meus olhos quando por vós passam sem reparar.  

Uma ermida de ninguém, na terra de todos ...

Carinhosamente


Ana P.


(Foto : Ermida Senhora da Piedade... Lousã).

07 outubro, 2012

FALA-ME ...


Fala-me ...


Fala-me das cores do meu sorriso. 
Dos beijos que me dás quando não estás.... 
Fala-me do que não vêem os meus olhos.

Ensina-me a descrever, 
o que é ser feliz....
Descreve-me,
os tons da terra púrpura, 
as fragrâncias de canela que contemplam horizontes. 
Laranja fogo do sol comprometido. 
Fio de prata do luar, 
espelho secreto da lua, 
nosso mar.
(A)mar ...


Fala-me de ti! ...
Das fontes, 
das árvores talhadas, 
do pedaço de argila entre duas mãos moldada. 
Fala-me, 
do que  grita o silêncio. ...

Fala-me... 
Porque eu sou, Ardósia e tu o Giz. ...
Duas Almas num almofariz... 
Pó, 
incenso de nós ...

Contos de " Era uma vez" ...

Fala-me, 
não me deixes duvidar.
Afaga-me com os teus beijos. 
Com as caricias dos abraços que nunca se soltaram. 
Eterna não é a vida, 
mas cada momento de amor que se vive ...
Não inventes o Amanhã, 
se não acreditas no Hoje. 
Amanhã, 
pode ser tarde demais...  
E hoje, 
é o agora,
o instante, 
o desejo flagrante...
É a vitória, 
a derrota, 
é a folha de uma breve história.

Que se inventou para o depois...

Ana P.

CARTAS AO VENTO 07/10/2012


CARTAS AO VENTO 07/10/2012

Porque depois de mim, 
ainda existe a metamorfose dos dias que não me esqueceram ...

Levaria o desejo no trôpego silêncio de ter querer aqui.
Aqui! 
Só para mim... Como a melodia da musica que toca na velha vitrola.
A que eu escolhera.
Não pretendo a euforia de momentos cadastrados contra a tua vontade. 
Anseio, aqueles que se soltaram sem serem planeados.
Explico, porque a exactidão é a forma mais clara de se falar, de sentir todas as catástrofes do coração. 
Todas as bonanças depois dos cataclismos.
Haverá o tempo que não desculpei, outro que sem querer fingi não ver... 
Haverá a incoerência do que ficou por falar, dos gestos presos que deixei por abraçar... 
E ao longo do tempo assistirei de pé ás mudanças que previ e muitas outras com quem nem contava... 
Falo-te de momentos, do virar de páginas que nos ensinaram a colorir. Do avesso do não, que perfura do sim, que amargura.... Todavia existirá o sempre que não se esquece, o mais dócil dos dias... As aventuras de viagens que fiz sem sair do lugar.... Ainda que procura-se poderia definir esse tempo como estações, apeadeiros de paragens que me acolheram. Horas de vida, onde por vezes me senti morrer... 
Eloquência, é a saudade de reviver, de segurar na alma, todos os instantes que não ouso esquecer... 
Trágico! 
Era não ter nada para te escrever. Não me diluir nas páginas que o tempo me oferece, era não sentir... e sentir equivale ao estar viva. Dominar as essências que não descuram de mim, num propósito de uma simples evasão.... 
Poder. 
É converter lágrimas, é retribuir e usufruir do extenso céu, onde se acamam os meus olhos. 
De um extenso mar onde me deito... e envaideço num luar atrevido que soletra meu nome no teu ouvido. 
Conquistada. 
É sentir-me amada, até pelas pedras das calças. É não ter medo de arriscar... é quebrar os vidros, saltar barreiras, é correr em vez de parar... 
É ter sonhos e não os soltar.... 

É amar, depois de Amar!...

Ser livre, muito antes de acordar....

É escrever em páginas, sem ter de as procurar.

Carinhosamente

Ana P.

04 outubro, 2012

HORIZONTE ...

HORIZONTE …

Em redor, sentia a plenitude da grandeza que não limita o olhar.
De longe pinto o horizonte com que meus olhos, beijam as cores além mar.
Seduzem o azul do céu esvoaçante, que alega liberdade dos ventos. 
Apaixonadamente…
Declamo , tertúlias que se acamam no leito dos meus olhos. As mais belas prosas, descrevem a nudez da esfera racional , que se expõem em secretos labirintos salvaguardando a nobreza da mente equaciona. Não exige. Não delineia domínios. E as fronteiras são a densa floresta que persegue o calor do sol. Em cada abraço permitido antevejo as melodias de desejos proibidos, de extenuantes fragrâncias. Incenso, que se extingue em cada olhar. Que embala e acalma os devaneios dos propósitos de se sonhar. 
Sonega a avareza dos dias que me excluem . 
De olhos fechados , sinto a quietude do coração albergando a paisagem nítida do arco-íris. Flamejando cores de uma perspectiva de querer chegar mais além….
Solta, no alpendre do horizonte não há estrelas que não toque, nem muda música que não possa escutar. 
Fascínio. 
É a beleza viva que floresce nas lágrimas. 
Delata as supostas clareiras acamadas com flores… 
Persigo os trilhos do fogo laranja, que desce nas horas ao encontro de mais um fim de tarde. 
Aqui sentada. 
Basta-me um olhar que o mais melindrado drama se esfumaça. 
Reduz-se no insignificante ponto, que nunca será o encontro do horizonte que adormece nos meus olhos…
Horizonte é …
A esperança que não se deixa algemar. 
De olhos cerrados, nunca deixar de ver … 
É voar, sem asas… 
É viver, para depois morrer… 
e ressuscitar num final de tarde pardacento …

Horizonte.

Ana P.

03 outubro, 2012

CARTAS AO VENTO ... 02/10/2012


CARTAS AO VENTO ...02/10/2012

Hoje, 
não há resistência ...

Ambígua, 
a sorte que rasteja e todos os apontados defeitos que o são por defeito.

Levaria todas a incertezas e outras mais que me dessem, se estas não fossem tão incertas assim.
Não há trama que não alicerce montanhas de utopias, nem haverá utopias que não desdenhem da trama.
Concretamente falaria-vos dos  sonhos que sonhei, se não fosse ênfase de não me lembrar de todos. 
Astuta não é a memória que recorda, mas aquela que não me deixa esquecer. 
Boquiaberta aprendera a saudar a escuridão. 
Cada olhar ditava as preces dos momentos que ajustei no meio do meu peito,.. 
Um mar aberto de amores imperfeitos, que me emanam nos ventos, nos alentos de me vestir e despir como mulher. 
De sentir-me, e sentir para além da epiderme que conhecem. 
Doce, o travo dos olhos que me delineiam. 
Doce, o sorriso na fachada do meu rosto. 
Doce, as lágrimas que acentuam os sentimentos diferentes. 
Doce, a mescla da simbiose de cada virar de página que me ensina a recuperar a viver, e a ultrapassar os submersos limites. 
Prosaico é nunca sonhar, nunca ser magoada ou até dilacerada . 
Comungar com a misera vontade de nunca querer fazer  nada, é anestesiar o vácuo do coração. 
É estar viva, sem coração.... 
Eminente, é apego que me seduz para além de cada horizonte. 
De cada aroma que aprendi a descrever nos ecos das emoções. 
Colorir, é a apoteose da intensidade com que vos abraço. 
Vos levo comigo nas viagens que descrevo as páginas, que se soltam de instantes de um tempo que não espera por nós. 
Sentir-vos seres alados, em cada fragmento dos sentimentos que ondulam as marés dos meus eternos dias. 
Não haverá lágrimas perdidas, porque nelas está a represa de todos os desejos que não desperdicei .
Toda eloquência de cada caminho, de cada trilho por onde andei... 
Labirintos. 
Que protegem o Éden, dos meus gritos, do silêncio do flagelo das dores que são minhas. 
Vastos não são os mares, mas as mentes em céu aberto repletas de estrelas, de luz ...
Naufrago, não é quem se perde sem querer. 
Mas aquele que no seu pedaço de chão, ainda não aprendeu a encontrar-se.
Enigmáticos são os sentidos que nos refazem. 
Tempo, é agonia onde me sinto perder. 
Escassa a fome que não posso saciar nos ponteiros invisíveis do relógio.
Arrastados pelas cordas, já não dormem nas horas. Jazem no privilégio de mover os ponteiros num compasso que decorou os espaços do tempo. 
Agora o ritual é um habito que veste os dias que nos acompanham.

Eu, 
apenas deambulei-o no tempo que digo ser, Meu! 


Carinhosamente


Ana P.