24 outubro, 2012

Bloco de notas 24/10/2012

Escreveria ...
Queria escrever.
Escrever a parte de mim que ficou.
Mostra-vos a delicadeza da brevidade que o tempo me dispensa.
Onde tantas vezes declaro guerras e declamo poesias.
Sou o chá do bule, numa chávena fria.
O azul celeste que se envolve na maresia.
Escreveria sobre mim .
Sobre as poesias que inundam os olhos e desaguam nas comportas das emoções verdadeiras.
Contar-vos o significado da intensidade do colorido que com escrevo as palavras.
Do brilho de cada lágrima, que precedem supostos momentos.
Que se repartiram pelas saudades a dor e caracterizam cada pico de felicidade.
Vivo entre o Norte e o Sul dos meus dias.
No magnetismo dos cinco sentidos, que me coloca à prova.
Enigmáticas não são as pessoas, mas o revés dos seus dias.
Falaria do medo, que escondo na criança e amordaço na mulher que sou.
Da inquietude. Que sinto quando a distância abalroa os dias.
Não digo que sejam insuportáveis, prefiro chamar-lhes inquietantes.
Inquietantes, porque acordam o desassossego.
Apelam o grudar das ânsias, que acautelava.
Há dias tristes.
Que incluem os estados de espíritos. Dias selados de emoção, onde as horas são anos e os anos as vestes de tudo o que sou.
Escreveria,
sobre a inclusão da "Mãe" na mulher, onde habita a criança.
Dos abraços,
dos laços que nos unem, das intemperes que assolam o estuário do meu rio.
Do toque,
do beijo da palavra esquecida nas lembranças de uma menina.
Do silêncio que procuro, e outros que me calaram.
Roubaram as palavras. O tom do desejo, aprisionou o esquadrão de asas dos sonhos que ficaram por sonhar....
Lamentos,
o cordel que segura o papagaio papel nos meus ventos.
Anil, Canela e Lilás, a gula da fome que não sacio.
Maresia,
a eloquência de uma Alma sem algemas, livre ...
Azul a imensidão que eleva as palavras.
Descritas no ferro de um fogo vermelho, monopólio de emoções que esquartejam seduções.
Um pecado polido, com argumentos de cada sentido...
Fragrâncias o rasto que vos deixo ficar, no meu leito de pó.
Escreveria, no tempo se pudesse!

Ana P.

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