29 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 29/11/2012

Imensidão...
Navegava na vastidão do silêncio. Como um álbum de recortes sendo desfolhado, encontro a vestes das palavras que sempre vos escrevo com plenitude dos sentimentos que se emanam de mim para vós. Em contextos repletos de emoções que tocam e argumentam os sentidos, de cada partida de cada chegada Nunca o silêncio foi a chave perdida, a arca esquecida. A avareza de dias solitários. Em mim o silêncio é a coerência, das exatas respostas, as perguntas das dúvidas que se esclarecem... É onde me encontro e desencontro. É a metáfora, que determina o apreço das emoções que ficam e das que partem... Nele não há sobras. Não há excessos de grandeza altivos. É como se fosse um prenúncio das razões que habitam neste corpo de mulher. Em que respirar é a certeza da comoção que me dá vida. Que me alimenta nos dias de fome. Fome de mim, de tudo que meu peito abraçou e minha boca adocicou. E cada olhar que amordaço, é o perfume do incenso que voa na íris dos meus olhos. Alados florescem na densidade de sentir, e planam nos afectos que relembro nos aguaceiros do tempo. Calada acomodo as palavras em mim. Tatuo no coração as asas da liberdade onde mora a alma. Em cada escape a turbulência de uma rebeldia que corre nas veias. Rubra, delineia a força das desavenças no bloqueio das horas que supostamente, me fazem jazer por momentos. Não há fé que não peça silêncio, nem preces que não possa gritar em oração. E cada lágrima que verti no silêncio, doeu muito mais que aquelas que se dispersaram no rosto, que alcançaram outros olhares, que não o meu... O silêncio, é pódio de todos os medos... O pódio da força que não se vê. A muralha de pedra a ferro e fogo. ... A lava escondida na cratera que sou...

Ana P.

27 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 27/11/2012

PEDAÇOS DE SILÊNCIO..
Meus...
Nossos e Deles...
Porque me dizes tanto, no enredo do silêncio?
Parecia fácil, ficar calado. Calado era o tempo necessário para desculpar actos. Calar as palavras.
Ferozmente esta isenção de ruído, era quanto bastava para amotinar os laços que se fizeram. O fio da navalha, o fim do pavio que assegurava a luz.
Valera-me o equilíbrio constante, de Amar com os olhos na boca, e o Coração nas mãos. ... Vale-me os sorrisos. Os pequenos gestos, o silêncio das vozes que se emanam nos olhares. Vale-me a lucidez de simplesmente gostar. Inquietante, não será propriamente não estar presente!... Inquietante é juntar as peças de cada silêncio. É coordenar os afectos. É ter tuas páginas, no meu livro aberto. É a junção do Oásis, num determinado deserto. Relembro-me na vaidade de uns ponteiros do relógio, acompanhando o tempo.
Irreverentes reclamam as ausências e marcam-nos as horas. Confrontam a sorte, com a supremacia de aprender a viver. Em cada passo o compasso que apressa. A dama do tempo acompanha a eternidade. Não sei, se será uma simbiose perfeita! Porque acreditando ser perfeita, não existiria a imperfeição. Todavia existirá sempre lacunas. Reconheço a liberdade que me deste, na liberdade que me levaste. Reconheço que se aprende mais com qualquer tipo de dor, do que com alguns conceitos sobre o Amor. Ilusão não está nos sonhos que sonhamos, mas nos paradigmas de querermos juntarmo-nos aos de outros. Pedaços de sonhos, que não nos pertencem. A vida é como um dialecto. Aprendemos a vive-la com o tempo ou sucumbiremos.... A felicidade é tão caprichosa, que inferniza a vida nos dias. Faz-nos sentir necessidade de tudo e de nada. O tudo é descoberta do quanto falta para se chegar ao Nada!... Nada a dizer, nada a fazer , nada simplesmente nada. E no nada, nos perdemos. Agonizamos as sentenças que não nos pertencem. Desafiamos a sombra de um astro insistente. ... Olho em volta, repreendo a azafama do silêncio. Não deixo que fale mais alto, que o carinho que sinto em torno de mim. Não deixo que o brilho dos meus olhos me cegue. Aqui, há sempre lugar para mais um(a). Diferentes serão os dias, que o tudo valeu, o nada do teu hoje!...Hoje, tenho tudo do nada que não viste! ... Amor, Amizade e valentia.

Ana P.

25 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 25/11/2012

Leva-me ... 
Enquanto despia a essência que me beijava o olhos. Planeava abraçar as palavras que ensinaram a escutar.
Aconchega-las no colo. Dar-lhes colo. Serei mais convicta que os sonhos?! Ou os sonhos serão os alicerces que me dão vida?!
Em cada silêncio um eco de palavras, de máximas que se soltam sem direcção. Procuram os ventos, as tardes, os dias. A rebeldia de todas as noites que não fui capaz de dormir. Ainda procuro por mim. Procuro-me na liberdade das paisagens que resgatei dos olhares. nas cores que em mim anteciparam os arco-íris, as marés dos meus dias... No rosto procuro o vento. A maresia, as saudades dos raios de sol que acalentam a beleza que revive no meu peito. Vejo e revejo o vazio das sombras que abarcam na tristeza... Um vazio tão repleto de mim, que esmiúça a dor de cada sentido... e não haverá parto sem dor. ... Aliviada não condeno, não julgo. Gratifico o amor no caudal dos meus ventos. Agradeço cada erguer, depois de tombar. Cada gosto agridoce que descobri...Que calmamente saboreio no alpendre dos meus olhos. Mesmo fechados, avivam as cores, devoram o tempo na sequência dos momentos, devolvem-me pedaços que ficaram depois de... Depois de cada lágrima, de cada silêncio. Nas alegrias que em alguns dias se disfarçaram de tristeza... Mas não há mar e que não tenha marés. Não há azul que não seja pintado de laranja fogo infernal... Infernal porque nos confronta. Coloca-nos à prova.
Se não reconhecesse a força da vida, que me habita e não apregoa-se o fogo que traduz o amor. De nada me serviria a luz dos meus olhos. O silêncio da riqueza que me ensina a levantar quando caio, isola as nuances da tristeza que por razões ou meras opções lacrimejam. Em cada ermida uma prece, um resgate de mim que ficou. Elevo-me no pó de cada frase escrita com o pólen do amor que partilho. Se o meu silêncio for o ruído dos vossos olhos, a lágrima que vos toca o coração eu serei o brilho do um olhar que passou.
Levada no fascínio de um desconhecido, que se sente tão próximo... No alcance dos abraços. Na coerência de um simples beijo.
Nos sonhos que nunca sonhei, mas a que pertenço. Os vossos....
Agridoce que se sente, o algures num adeus....
Leva-me!

Ana P
 
Negros cabelos
Tapavam-lhe o busto
semelhantes
a um manto negro aveludado
Contracenavam
com o tom pálido
da tez
Os dias
enlaçam-se nas noites
e as noites
se alcançam-se nos dias
Majestoso
brilho negro das asas de um Corvo
Na
proa do Tempo
desaguam na História
de páginas em brancas...
Nas
noites acolhem
enigmáticos momentos,
feitiços da lua,
sabor dos ventos...
Desejos
que desbloqueiam
o medo
Atrevem-se na insegurança
das horas que se contam
na mordomia de horas
moribundas...
Melancolia de "Pérolas Brancas"
Não falam
Marcam a fidelidade
de uma Insígnia
que se veste de Mulher...
Epigrafe gravada
no rosto
Esculpida no corpo
Salvaguarda o
Império
dos sentidos
evocam a Alma ...
que vive nela, Mulher!...

Ana P.

19 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 19/11/2012

Quanto de mim basta, para não me esquecer de ti?!
Amanheces em mim, quando se solta a madrugada. Adormeces, quando não recordo o adormecer. Ainda hoje, me perco nos excessos de gostar. Perco-me com vontade, de ir e pernoitar. Perco-me, por que te sinto puxar. Arrastar-me contigo. No misterioso acordar. Embebecida escuto teus passos neste silêncio, nos fragmentos que se soltam das imagens que meus olhos fotografam. Desejo perder-me para te encontrar, antecipar o tempo para que possa voltar. ..Já te escrevi várias vezes sentada no cume da montanha, acompanhada fielmente pela alma ... Onde as nuvens, são a paz que me dás no louvor do céu azul, matizado pelo o arco-íris, flecha de esperança que trespassa o coração. Salvaguardando momentos que ás vezes sucumbem, na harmonia de opostas razões. Tenho-te nos dias que desfiguram as horas, que se quebram na vitrina do olhar, onde as lágrimas se derramam, quando simplesmente podiam ignorar... Tenho-te, nas tão raras suposições, onde o Ser é bem Menor que o Existir. ... Tenho-te, quando todos partem. e o certo seria, ficarem!...Tenho-te, desenhado na imagem do rosto, no vermelho vivo implantado nos sorrisos... Em cada lágrima que se importa. Esperaria se pudesse a eternidade. Se pudesse alcança-la nos abraços, prende-la-ia!... Sinceramente, absorvo o privilégio de viver, de me difundir nos dias, na luz do brilho que me deixaste ver na escuridão. Não há dias sem horas, nem tempo que não as tire de nós. Assim, como não existe o remorso que não suspire, fragrâncias de lembranças de todos os argumentos contra feitos que surgem, após... Não há dramas melindrados. Um drama, será sempre um drama ainda maior. Maior porque desespera no apego e cresce no apego daquele que sempre vem a seguir. O amor, não pode ser um circulo fechado. É uma sequência de elos abertos. Não se prende, não se mendiga, não se compra. Nasce e renasce as vezes que forem necessárias. Já que eterno, é o Tempo. Ele nos trás e levará ... O que ficará de nós, será o pó dos elos que nunca se fecharam ... Explodem de amor em todas as direções.
Tudo isto, é quanto basta. Para não me esquecer de ti.

Ana P,

18 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 18/11/2012

Inocente! 
Passeava entre as palavras.
Procurava descreve-las em cada sentido. Sentir-lhes a postura no paladar e tacteá-las com se de meu corpo se tratasse.
Atordoa-las, ante-vinha com a essência com que meus olhos as vêem. Descobrindo-lhes a seda, que perfura a pele com o seu perfume. Onde a alma sacia a sede, nas preces que soletra o coração. Eterno o desejo que belisca a Alma, tortura a calma de um solitário coração. Eterno o antes, que ficou para depois. O síndroma da equivalência que se esquiva nas opções. Trago nos braços o peso dos abraços que não foram esquecidos. O peso dos que não dei. O peso dos que não sei se darei.... Inocentemente há lágrimas que se refazem nos olhos, no aperto das saudades, em cada partida, nas chegadas. Há lágrimas que acordam nas madrugas, nos becos, à beira da estrada. Existência do rio lacrimal que me habita que explora os padrões de cada silêncio, de cada grito na montanha dos meus sonhos. Principiante observo a tela dos horizontes que me descobrem, equiparo adereços que por mim ficaram. Expostos em cada conceito que me define, em cada prosa escrita nos botões de uma rosa. Na poesia solidificada na comporta que engloba a vida. A minha. A tua. A nossa e a vossa... Nos traços que acariciam a liberdade da idade no rosto. Apraz o brilho da intensidade que regurgita pedaços de mim, em bouquets secos guardados. Símbolos dos ecos de existências equestres que se envolveram no tempo me empurram para frente. Atrevem o epílogo da sucessão dos dias.
Refazem o rumo de uma culpa inocente, que passa pelos dias que me perdi nas palavras, inocentemente!...

Ana P.

13 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 13/11/2012

Rebeldia . 
Crescias entre mim e o sossego dos dias.
Decidida tomava as rédeas de uma memória que se aproveita da rebeldia dos ventos.
Da tenacidade com que te sentia.
Com medo não queria perder-la....
Pernoito tantas vezes nos dias, como os dias amanhecem nas noites.
Não fomento as inanimadas saudades. Dou asas às vivas, para que se libertem de mim... Para que a panorâmica da mente te encaixe, na paisagem do manto que trago nos ombros. O aconchego. O aperto que uso para ir ao teu encontro. Entre o desejo e o vício de A(mar)-te, além de mim. ...
Escuta o ruído deste silêncio, a maresia que os ventos te levam ... Falam-te de mim, das emboscadas que fazia-mos. Dos sorrisos, das lágrimas que construímos nas margens da felicidade. Represa de gestos e de palavras que se soltavam de nós. Perfumavam a esperança que acordava em nossas mãos. Gravitavam nas gargalhadas que se soltavam dos inesperados sorrisos. Sem esforço seguravam a valentia dos olhares, dominavam as fracções dos momentos, que nos ensinavam a partilhar. Cúmplices tínhamos a ousadia de não pedir os beijos, mas dá-los... Saudade é uma âncora sem peso. Sem medidas. Não nos prende ao chão, mas amarra-nos no tempo. Algemas sem chave, que se perde em nós. Ou seremos nós a perde-mo-nos da chave?!... E lá estás tu, novamente! Entre o silêncio e o sossego dos meus dias, que não te esqueço.

Ana P.

12 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 12/11/2012

Instantes de momentos
com Alma.
Relembras-me as primeiras chuvas
que a cariciam as ultimas folhas outonais, resistentes .
A pauta esquecida sobre o velho piano.
A melancolia que se esconde debaixo do pó. Os vestígios que aguardam o depois ...
Somente o silêncio compreende a orbita morta dos meus olhos.
Somente ele perfura a Alma, não se esconde máxima de um corpo qualquer ...
Trago-o no meu leito. Prefiro correr o risco de o carregar, de correr o risco de o perder.
Ainda que olhe fixamente aqueles dois copos de balão, desenhando a inercia da luz que bate na vidraça.
Certamente, serei fiel à exacta memória que os envolve. Um tornado contemporâneo de momentos que permaneceram.
A onomatopeia das palavras, ajudam-me a denuncia-los. São o velcro de todos os sons, do colorido que me deixas estampado no rosto.
Entardece. E eu ainda reajo como se o dia rompe-se. Ainda me perco na fragilidade das horas que hoje, não me lembram....
Uma última vez, atravesso a linha fria do horizonte deste lado da minha janela.
Esperava que a chuva caísse.
Esperava-a calmamente! ...
Como uma folha levada pelo vento.

Ana P.

11 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 11/11/2012

Sinceramente, é notória a ausência,
mas cada um sabe de si e Deus sabe de todos.
( Esta já é velha, mas não deixa de ser verdade. Cliché!)
"Não são as palavras que nunca te direi,
mas as palavras que não deixei de te escrever."
Amigo:
Toda a árvore ramificada, têm um caule e uma raiz.
Mesmo não pertencendo geneticamente à árvore, existe a sombra, o seu domínio.
Um reinado que conheces tão bem.
Lugar aprazível e procurado em dias bonitos com sol, ou em dias que nos erguemos nos escombros do que resta de nós.
E as folhas, leva-as o vento, como alimento que prevarico na falésia dos dias mais complicados.
Negligente seria, se não te descrevesse a verdade como a sinto.
Se não notasse tua falta.
Se por um lado caminhamos lado a lado, noutro separa-mo-nos nas encruzilhadas de destinos com rumos opostos.
Leiga seria se não soubesse ver-te na escuridão, onde rasgas palavras escarlate, que investes contra à luz do luar.
De negro desafias os olhares, de quem te lê, de quem tacteia teu corpo numa bandeja de palavras.
Misteriosos não são os desejos que vês passar, mas sim, os que te cegam...
Os que exploram os limites que não atentas soluçar. Nos murmúrios que te fogem dos lábios, afogando-se nas lágrimas secas, nos castiçais dos teus olhos.
Sobrevivente, enrolas-te na corrente de elos eternos, abres janelas quando sentes as portas fechar. Eternamente! ... É a escassez do tempo, que nos cobra. O peso de um juízo perfeito, na imperfeição de dias partilhados. Por todo lado passo por ti, mas não tenho tempo de parar, de falar-te .... Ainda me questiono se é avareza de um incerto destino, ou se é apenas mais uma das opções medievais que ficaram... Voluntariamente, ou involuntariamente encontrarás sempre uma razão, que se expõe no presente, como medo do futuro por causa de um passado. (Cliché). ... Se soubesses a verdade de cada mentira, que sem querer se partilha. Encontrarias o eixo da tua luz e da falta que nos fazes sempre sentir.
Carinhosamente

Ana P.

BLOCO DE NOTAS 11/11/2012

Porque motivos,
não me faltam para sentir-te! 
Se soubesses cada significado do meu sentir.
Poderias não usar pretextos, para que te arranque do meu peito.
Ainda que o correcto, se pudesse denominar de quase perfeito.
O melhor de nós, ficou na imperfeição dos dias que deixamos passar....
Quando os olhos,
não matam as saudades.
Mato-as, no mistério das palavras que me ajudaste a decifrar.
Mato-as e mato-me, também!...
Mato-me na saudade que se estende na distância. Agonia dos dias e dos momentos que me lembram de, nós.
MATO-ME! ...
Na saudade do teu olhar,
nos sons que nos encontravam, muito antes dos encontros.
Sei que nunca te darei uma parte do Céu,
Aguardo-te num pedaço do Inferno do Desejo de tanto querer-te.
Não é propositadamente, foi uma consequência do "Nada acontece por Acaso"!...
E o Acaso,
é um facto imprevisto de uma determinada OCASIÃO!....
PRETEXTO, ou não?!! 

Ana P.

CARTAS AO VENTO 11/11/2012

Num Tempo de tudo,
que julga ser nada.

Quando o tudo,
foi o suficiente para não ser, nada!

Devolvia a serenidade ao coração.
Recatada acolhi-a lembranças, que te traziam para junto mim.
Multiplicava vezes sem fim, os argumentos que não quero que desvaneçam no tempo.
Não quero que se dissipem da felicidade, que me deixaste na saudade.
Quero que fiquem por perto.
Como provas de fogo, do medo de me esquecer.
Em tons de receios que simplificam a consciência, em hipotéticas ocasiões do medo que sinto de me esquecer.
Esquecer-me das asas, com que naveguei na coragem de A(mar).
De acreditar para além das fronteiras invisíveis que me deste.
Espaço aberto....
É o oásis do meu Mar de cor Anil.
Dos sedimentos com que construo sentimentos.
De todas réplicas memoriais que me resgataram num tempo, em horas desiguais.
Extinta não é a vontade de querer, mas a concorrência vã de palavras que nunca foram nossas.
Palavras tão fáceis de se prenunciar, que o seu timbre é o eco de emoções que nos seduziram.
Manipulados não seriamos os "caçadores", mas "presas" engaioladas, nas vontades de outrem.
Lisonjeias as sequências da Alma que nos adula o corpo, fermenta as quimeras de emotivas passagens por onde andávamos.
Onde colhíamos, o incenso dos beijos de abraços. De pedaços que repartimos de nós.
Lírica, não é melodia que me soletraste no ouvido, mas o revelar da paixão que fica, quando se prevê a partida.
Aguaceiros, das quedas de água onde naufraguei meus olhos.
Onde me senti viva por respirar, por sentir de dentro para fora.
Agradeci aos ventos, que me fustigaram o rosto.
Fiz uma vénia a cada lágrima que se soltou e a muitas que se guardei cá dentro, dentro do peito.
No primor de cada silêncio, que falou por mim.
Nas delicadas sequelas que sem rosto, viam muito mais além.
Além de mim e de ti!...
Nos ponteiros de um só relógio.
O TEMPO! ...

Carinhosamente

Ana P.

10 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 10/11/2012

Entre o céu e o inferno.
O Céu
de me relembrar,
no
Inferno de saudades .
Hoje!
Derrubada pela saudade,
quase me senti derrotada.
Não me quis esquecer de ti.
E resgatei-te! ...
Planeei não ser
a mártir mas a aurora acordada.
Entre
as chuvas da memória
que me recorda, quero-te no mural
das histórias que despertam o meu viver.
Quero-te,
aqui e agora!
Quero-te,
no adormecer no tempo,
que não se deixa esquecer...
Quero-te,
como o anjo
de metáforas desmedidas...
Quero-te,
sem elos nos socalcos
com vida..
Se a vida por vezes é um inferno.
Que sejas tu, o maior dos meus pecados.
Não há labaredas sem chamas,
nem amor que não arda, às portas de um Céu Azul.

Ana P.

08 novembro, 2012

BLOCO DE NOTAS 07/11/2012

Se denunciar é um ato,
aqui fica o meu .
Trago-te no peito,
no silêncio que grita nos meus olhos.
No porta retrato,
que guardo nas prateleiras da memória.
Basta-me,
fechar olhos para compor e repor os ventos que nos uniram, contra outros que nos separam.
Não haverá mar que não tenha ondas,
nem ondas que não amoleçam no mar.
Dar-te-ia o mais forte dos abraços,
se a implosão das palavras não incluíssem a magnitude de dramas pessoais.
Dar-te-ia o desejo do beijo,
da distância que fugia das horas.
Onde a natural eloquência era o mastro das velas que nos aproximava.
Descreveria-te de fio a pavio,
o sossego desse pequeno espaço que chamava de "meu", de "nosso"! ...
Fazer-te escutar!
Fazer-te ouvir,
o que nunca escutaste do meu coração...
Cada passo caído,
cada segundo a mais,
que entardecia o teu chegar...
Quantas vezes antecipei os dias,
as horas,
selecionei o tempo?!!.
Quantas vezes sem tempo, fiquei?!! 
Quantas vezes cansada, corri ??!!
Quantas vezes fiz de aia, no trono de um Rei?!!
Pedaços que abdicaram de mim. 
Pétalas despidas.
Prosas,
leitos com vida.
Poesias declamadas,
nos becos da madrugada.
Descrever-te-ia,
a Alma que não conheces,
a lágrima invertida.
O desejo, mais fugaz.
O beijo apetecido,
que murmurei simplesmente no ouvido.
E simplesmente delatava-me! 
Simplesmente,
Nada mais. 

Ana P.

04 novembro, 2012



ELE ..

Solitário,
agarrando o corrimão negro
das grades da noite
Rasgando
a neblina
com a densidade do corpo
Não
se lhe vê o rosto
apenas o murmúrio
da quente respiração
que lhe sai da boca
Não lhe
sabemos o nome
a cor
apenas o matizado negro
que dramatiza o vulto
que desfalece na distância
que cede nos olhos
Desafia a luz
que desarma a lua
Desatino
do mistério que perdura
no desconhecido
que suplica ...

Ana P.

CARTAS AO VENTO 04/11/2012

Fala-me...
Dos contextos em que fugíamos de nós.
Fala-me, da prosa do nosso olhar, da poesia, de me tatuares .
Fala-me, não deixes de falar .
Haveria mil histórias, mil sonhos por desvendar.
Na conquista que se fez, mesmo antes de se mostrar.
Anda conta, não deixes de falar...
Traz-me os segredos, que murmuram no luar. O beijo solitário que nasce muito antes do acordar.
Traz-me os momentos na tua voz.
Conta-nos a história, que renasce de nós.
Dá-me a distância do teu abraço.
O conforto do desejo na plenitude relembrada.
Nossos passos nessa estrada....
Dá-me uma lágrima, que não esqueço no amanhã.
Os planos traçados em paralelo, num horizonte lilás ...
Traz-me o flute do silêncio, no inocente brinde que ficou para depois.
Escreve-me as páginas exóticas, de extravagantes distâncias que nos aproximaram.
Desnuda-me no manto da tua saudade.
Nos aveludados ciúmes, dos queixumes que calaste.
Toca-me, como se fosse uma pétala de perpétuos desejos, da inércia dos teus medos.
Dá-me o espaço.
A calçada dos enredos.
O Fogo do gelo no glaciar do medo.
Atreve-te, a falar de nós...
Do que foi, do que sobejou depois do depois .
Equaciona, quanto será um mais um! 
Não escondas a lucidez.
Não amortalhes as horas, na penumbra da tua vontade.
Fala, não temas a luz dessa saudade.
Denso, é o tempo que nos encontrou, nos labirintos de um éden enamorado.
De perfumes abstractos, colonizarão o espaço de dois rubros corações.
Não haverá floresta negra, sem pontos de luz, nem epilogo que não se possa concluir.
Resume-me nos ventos, nas fragrâncias silvestres nos prós e nos contra de cada actos...
Revoluciona, a trama do tempo nas escolhas exactas, de imperfeitos conflitos...
Dá-me o sim, de um grito que não escutei, todo o tempo que agora sei...
Fala-me, das páginas das memórias de um esquecimento qualquer...
Fala-me do ontem,
para que possa escrever antes do amanhã.
Fala-me!.
Carinhosamente,

Ana P.

01 novembro, 2012

CARTAS AO VENTO 01/11/2012

Não sei se quero este silêncio
ou
se ele o quer de mim.
Nostálgica, acolho a melancolia que satura as saudades de mais um dia que passa.
As horas de tempo igual, parecem um desfiladeiro interminável.
Avançam ...
Seduz-me a lentidão que absorve a ânsia de esperar.
O intenso desejo domina o brilho, dos pedaços com vida que não partiram de mim.
Inquieta, amplifico a quietude das memórias que revivem para lá do meu peito.
Para lá da surdez dos sonhos, que não pediram para ficar... foram ficando!
Não se expressam nas cores que não se vêem, mas corrosão dos sentimentos que nos define os sentidos.
Haverá erosão mais deslumbrante que o pó das cores dos meus olhos?!
Que o glamour das lágrimas, que se encontram?!...
Tacteando subscrevo o reverso dos momentos que justificam a luz dos meus dias.
A apoteose da paz que não ilude o coração, aconchega-o.
Nos pequenos melodramas, aprendi as cifras para enfrentar os medos.
No esquadrão de asas pernoitei, antecipei as aurécias das manhãs que fugiam da Aurora.
Atrevi-me a escutar melodias, que foram tocadas em pianos silenciosos. De cordas afinadas preservam os perfumes do incenso, que rejuvenesce o tempo.
Levitam o carrossel de Quimeras, que poderei escrever nas pálidas folhas de papel.
Registos dos elos que uniram, dos laços que afincam a velocidade unânime de um ancestral tempo.
Não quantifica, mas qualifica a densidade dos abraços que se sentirão para além de mim.
Para além das lágrimas que não me pertencem... as vossas.
Não poderei vê-las, mas solta-las-ei no alpendre dos vossos olhos.
Dar-vos-ei, a cortesia de me sentir perto vós, na amplitude de um abraço que não seria aguardado....
Rasgarei o vosso silêncio, com o som do sorriso que a vossa boca me dará.
Dar-vos-ei pedaços meus, dos meus momentos de paz.
Carinhosamente,

Ana P.