CARTAS AO VENTO 08/10/2012
ERMIDA ...
que não supere a vontade dos excessos.
Ignorava a covardia submissa ao desejo...
Do desejo o meio termo de amar, de querer e de viver.
Como um dia qualquer, mendigava na ermida onde reza a alma.
O fascínio da cor branca da ermida, segura a inocente rocha esculpida no dorso da montanha.
Apraz-me, este silêncio!
Esta terra de ninguém, quase naufraga de olhares.
Epicentro do encontro dos sentimentos que não abalam de mim...
Cratera fiel dos passos que marcam território...
Trilhos, que aprendi a cavalgar com o tempo.
Onde confrontei os portões em céu aberto, quebrei o vidro da clarabóia que me guardava os sonhos.
E quedava-me na paisagem intocável em redor dos meus olhos.
Sentia-me fora da "era" do tempo que seria o meu.
Uma época sem registos dos anos.
Apenas a diferença da minha presença, contradiz esta tela enigmática.
O raciocínio eleva o espírito e reflecte nos argumentos que uso em prol das razões, do discurso directo com que vêem os meus olhos.
A lucidez, da janela da alma.
A luz que dita as cores da mais negra escuridão. ...
Império que jaz nos sussurros dos silêncios, nas trovas que seduzem os ventos...
... O que sabes de mim?!! ...
De ti, o tudo que envolve, que acalenta... O certo é que me sinto pedaço desta paisagem ! ...
Sinto-me a peça de puzzle inacabado, um ajuste místico que se entranha na pele.
Inalo o perfume que não me atraiçoa.
Decanta dos aromas que tão bem conheço.
Que guardo no colo, como uma "Vénus", protectora do amor, da vida da beleza e da mulher...
Grande não é a parte de mim que te pertence, mas o que tu, me deixaste ver.
Desaire...
É a vergonha com que sentem os meus olhos quando por vós passam sem reparar.
Uma ermida de ninguém, na terra de todos ...
Carinhosamente
Ana P.
(Foto : Ermida Senhora da Piedade... Lousã).
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