07 maio, 2012

CARTAS AO VENTO 07/05/12


CARTAS AO VENTO 07/05/2012

 " Nunca saberei ao certo quem sou, 
    por onde passo para onde vou". ...

A chuva lá fora, desafiava a tarde que se aproximava. 
Cautelosamente olhava o céu, tentando perceber se de fato iria chover. 
Ainda que  houvesse nuances de uma nuvens perdidas, estas franziam as sombras no pálido céu. 
Era suposto chover...
Até porque, o vento encena os seus bailados. 
Atrevido, retardava a abertura das chuvas ...  Irritando a mais pequena gota de água.
Na inquietude, salvaguardavam um fim previsível. 
E assim baloiçavam nos lábios da brisa, esperam o pestanejar do tempo. 
Amena, impaciência de conversas silenciosas. 
Desacatos de estações insatisfeitas. 
Coesão multifacetada de estados sóbrios que se alteram em virgulas clandestinas, por pontos que não determinam. 
Um, apenas fim lhe bastasse, seria inglório, impróprio do que se esclarece ser exacto. ... 
Da varanda, teimo atenuar a tristeza de uma longa tarde cinzenta que de Primaveril, nada têm. 
Não fosse a cantoria das andorinhas que se fixaram nos beirais, dos pardais que saltitam nos telhados vizinhos. 
Nada me dizia que estávamos na Primavera ....  
Um pouco mais longe, na velha chaminé da fabrica de tijolo, um marco que mais parece uma lápide abandonada, observo o ninho de cegonhas que o habita algum tempo.... Já não duas, são três .... 
Agora de asas abertas sobrevoam o ninho, alimentando a sofreguidão da sua cria....  
Também elas esperam a Primavera, no decorrer dos dias. 
E assim neste gotejar instável, partilhamos um nicho ao avesso. 
Eu, com os pés no chão e os olhos, no ar .... 
Elas, com as asas no ar e os seus olhos no chão! ... 
Procuramos a esperança. 
Um amanhã, uma reviravolta de um sol envergonhado. 
Acreditamos no Eldorado, que suborna o principado de aromas. 
Desfolhamos o mel, no adocicado olhar, procuramos a canela nas folhas amarelas que camuflam os jardins. 
Nos campos a lavanda, o Jasmim  idealizam a textura do cheiro de terra. 
De todas as folhas silvestres que por aqui nascem, imagino o trago de caril de terras distantes, o aroma do café ...  
Aprazíveis momentos!...
Que  incitam os sentidos. Apuram a textura de todas as palavras. 
Colocam à prova a iguaria de cada olhar, que não deixei passar simplesmente, por mim!....
Aguardo ...
A sua chegada...

Carinhosamente

Ana P.   
  

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