CARTAS AO VENTO 06/05/2012
Pedaços do eu, do teu que se esconderam de nós...
Soprava as páginas desalinhadas que ocupavam, o sub-canto direito da escrivaninha.
E os olhos percorriam, trilhos de frases que me levam junto de ti.
Pausadamente, descrevem cegueira que por vezes atordoa.
Quantas frases escritas, sem nunca as prenunciar.
Seladas no tempo, jazem aqui neste lugar. ...
Um livro aberto, ainda por terminar.
Relembrava ...
Tacteava as folhas com a ponta dos dedos...
Decalcava-as com o pulsar do coração...
Silenciosamente escutava a melodia das prosas expostas.
Retratos fieis de afectos que predominam os castanho mel dos meus olhos.
Mosteiro eclesiástico de pergaminhos, que educam a doutrina das lágrimas que me descem o rosto. ...
Solfejo de desejos que coram a branca tez...
Pequenez?!! ...
Ou selvagem natureza, ignorada ?! ...
Lascas, semi-doces de sedentos pecados.
Tráfico secreto de sentidos despertos, pólvora seca em coração aberto, livre ...
Cativeiro de afrodisíacas vontades.
Gulas sem castidade...
Isenção moral ou de moralidades ...
Forças que escalam montanhas, rastreio dos ventos quentes e frios de todas as mornas que me embalam a alma ...
Intensidade das fragrâncias que despertam enlameados jardins sem flores, campas abertas a céu expostas.
Mausoléu de palavras que não disse, que não escrevi e que reneguei do colorido incansável onde dormita o arco-íris que conheces...
Apreensiva navego nas margens de um rio que nasce e morre em mim.
De longe, deslumbro margens que perfumam o olhar, fascinam as palavras que não sei falar, só por falar ...
Amenas dunas onde me costumo deitar, onde agarro o céu que se estende sobre o meu mar. Areias, promessas de querer sempre amar...
A praia, que não encontras em qualquer lugar ....
São o meu terço, a minha fé ...
Carinhosamente
Ana P.
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