06 dezembro, 2013

CARTAS AOA VENTO 06/12/2013

Contemporâneos do tempo...
Não idealizes o tempo se não lhe sabes um determinado fim....

Escrevo aquele tempo, onde não procurávamos esmiuçar a vontade de nos termos nos braços.
Escrevo consoante a ironia de um tempo que sempre foi nosso de lados opostos. Nada nos é eterno e a eternidade o peso das saudades que não se preenchem no tempo que ficará depois de nós.
Depois de nós, é passaporte de tudo que perdemos, de tudo o que nos transformou. Depois de nós, a despedida não é despedida. Não haverá certezas, nem mesmo a indignação que nos separou.
Dar-te-ia os esboços de todos os sonhos que deixei para trás e o infinito daqueles que ainda me deixas por sonhar, se porventura fossem as asas da liberdade que sempre tiveste medo de ter.
Ainda relembro cada mordaçar do vento que nos fustigava o rosto. O beijo daquele sol que nos encobria nas dunas, onde diferentes sempre fomos tão iguais.
Guardo no peito o verde/azul desses olhos, onde me deitei tantas vezes.
Prevalece no tempo o fascínio de um passado, que nos moldou o futuro.
Fez de nós a guilhotina, o cano de uma carabina.
Passo a passo não existe condenação, não existe barro que não se deixe moldar.
Transformação é prepósito da força que me deixaste ficar quando por fim foste embora. Soltaste a fragilidade de uma iguaria escondida nesse medo. Nesse arremesso de querer e não querer, de ter e não ter. Longos são os anos que não contaste. Aqueles onde estive e não me viste. Longas as noites que quebraram os meus dias e os dias que não deixei amanhecer. Contra-tempos que nos marcaram o olhar. Relógio invisível que me ofereceste que permaneceu no meu pulso.
Falar-te de mim, sempre foi fácil.
Difícil foi mostrar-te a tua importância da diferença que fazias nos meus dias.
Se tivesses reparado no silêncio dos meus olhos, e olhado o brilho do meu sorriso. Certamente saberias a importância de cada lágrima que me fizeste soltar.
Os anos passaram por nós e nós ficamos nos anos. ...
Quantas certezas?!
Quantas cartas previ escrever e nunca as escrevi...
Nada melhor que o tempo, quando não se sabe ler o silêncio.

Nele, é certo que poderás encontrar as respostas das perguntas que nunca tiveste a coragem de me fazer....

carinhosamente

Ana P.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.