09 dezembro, 2013

CARTAS AO VENTO 09/12/2013

Desculpa se parte de mim não resiste....
Desculpa se porventura nunca foste uma aventura, mais um caso ou um acaso.....

Lembro-me serenamente do dia, da hora dos motivos que nos aproximaram .... Assim como não me esqueço daqueles que nos afastaram. Lembro-me do teu olhar, do teu sorriso, lembro-me de ti como se fosse ontem. E ontem, já lá vão vinte quatro anos... Lembro-te! Cada regresso é conforto de um espaço que sabia ser meu. Não importa os atalhos, onde todos os meios justificam o fim, e do fim pode emergir um recomeço ou então uma continuidade interrompida ... Desculpa, se meus olhos ainda choram por ti, desculpa se as memórias não se esquecem de mim, de ti... de nós. Houve dias que desejei morrer, que preferia não saber, não acreditar. Houve dias que nem me lembro de ser, apenas existiu como um calendário, onde os dias se precorreram sem ser procurados. Lembro-me do antes, do agora e de intermináveis depois. Depois do antes, depois do agora e depois de cada depois.... Tive dias que fingi não perceber, não me atormentar com as respostas das perguntas e não era necessário questionar... Antes houve sempre um nós, e um depois de nós. Agora é o depois de nós que atormenta o antes... E depois de cada depois, o tudo do nada que me deixaste. Inglórios os anos que padeceste de ti. Que sideraste as alvoradas e o entardecer que fustigava a chuva na vidraça dos meus olhos. Onde o teu olhar foi o calabouço de dias intermináveis, infernais... Jamais saberás, os gosto das minhas lágrimas pois, nunca as beijaste. Jamais saberás, o odor da falta que me fizeste sentir. Jamais poderás resgatar os beijos, os abraços que deixamos por dar. Jamais poderás repor o tempo que passou. Desculpa, se não me atrevi dizer-te a magnitude das palavras que me ensinaste a desnudar... Desculpa, se não alcancei a altura dos teus sonhos, do prepósito de simplesmente ser.... Antes, foi o começo do agora depois...
Lamento a insignificância das palavras ditas por dizer. Lamento que não tenhas traduzido todos os enigmas, que não tenhas quebrado elos. Lamento que tenhas asilado o medo nas asas cortadas... Irreversível não é o amor que sempre senti, mas a lança que esculpiste nos meus sentimentos. Irreversível não é o que sinto, mas tudo o que deixei de sentir.... Atalha-me os sentidos, a falta de apreço, a vã sanidade remota num determinado espaço, onde insanas são as mentiras onde ocultas as verdades. Demagogia....
Queria-te mais, que a mim mesma. Como se fosses esse oxigênio que me dava a vida, esse alimento que saciava a minha fome a água que me matava a sede. Num todo queria-te! ... Denominava-me sempre depois de ti. Depois de ti... A fragilidade de vidas sem vida, de vidas refeitas no postigo dos meus olhos....

Carinhosamente

Ana P.

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