26 setembro, 2013

BLOCO DE NOTAS 26/09/2013

" Deixa-me ser, eu deixo-vos estar."

As saudades perlongam-se nos dias, como uma aquisição contra-feita de momentos que não nos deixaram ficar para trás.
Abro a janela.
Lá fora fermentam os perfumes de um outono que teima chegar.
Mescla-se os tons de anil com o ardil de tons laranja de cor terra.
A azafama, contorna os efeitos do horizonte que se despe lá longe.
Fecho os olhos.
Por instantes, retoco o silêncio que me brota nos olhos.
Acendo a luz de uma alma ávida de instantes. Cada pormenor é o grafite que o tempo desenha.
Por vezes, desconhece-se o autor e prepósito encurta a distância que nos separa.
Bendita legião de palavras que não me cansa.
Que não resume.
Não se cala nos argumentos de uma qualquer razão.
Bendito o dia que fiquei sem chão, parti o relógio e cortei as rédeas do coração.
Bendito os dias, as horas os anos, os meses que me transformaram.
Assim eu sou, assim serei! ...
No olhar atordoo as saudades de quem gosto, de quem já partiu...
Revejo-me nas perdas, nas vitórias que se enlaçam no corpo, e eternizam as memórias como um mural da mente.
Certamente já me perdi. Perdi-me tantas vezes,....
As necessárias para me encontrar.
Encontrando-me, encontro aqueles de quem não me esqueci.
Só assim terei aquele gosto de saborear, de escolher e decidir ...
Só assim poderei, ser.

Apenas ser, nada mais....

E deixando-me ser, eu deixo-vos estar.

Ana P.

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