22 março, 2011

CARTAS AO VENTO...


Foto Ana P. ( Brasfemes, Montemor-o-Velho )...

CARTAS AO VENTO ...
19/03/11

Banquete sob o
meu horizonte laranja ...

Escreverei hoje, porque amanhã não será a mesma coisa ...

Mais uma vez levantei-me cedo. Cambaleei pelo corredor, numa trajectória recta para abrir os estores da sala.
Queria espreitar o tempo . sentia que este me iria surpreender.
À medida que o estore se eleva, a claridade corrompe todo o espaço sombreado da sala. O brilho quente e luminoso do sol, depressa dá vida aos tons laranja e castanhos dos cortinados, que se assemelham a mantos majestosos, cheios de brilho e de toque aveludado. ...
A intensidade luminosa depressa penetra na minha pele, uma energia tão positiva que num ápice, dou meia volta, tomo banho ... Freneticamente procuro os velhos jeans de ganga coçada, quase desfeita, a tshirt preta decotada e as botas de motard que guardo, religiosamente. E Claro! os famosos óculos de sol. Um espólio de uma adolescência rebelde, mas muito feliz. Quero aproveitar ao máximo este sol, sentir na pele aquele perfume que se entranha, o odor que só nestes dias se sente, saboreia ... Sentia-me, magnifica, alegre... Dez minutos depois, já estava fora de casa e ainda não eram nove e trinta da manhã.
Procurei tomar um café, numa esplanada próxima, sem sombras ... Sentia-se, uma alegria no ar. Até o cheiro da minha cidade, não era o mesmo.
Olhando em volta, vislumbravam-se sorrisos nos rostos, nos olhos. Havia uma agitação matinal, que nestes dias deixou de ser habitual.
A maioria das pessoas andavam tristes, cansadas e o tempo ultimamente cinzento, também não ajudava nada ...
Hoje, fez-se jus ás camisolas, aos casacos e cachecóis ... A perspectiva estava estampada na alegria de cada rosto.
Sozinha, decidi que queria dedicar este dia só para mim. Aproveita-lo ao máximo! Deixa-lo iluminar a minha mente, vazar todo o stress iminente. Não teria que me preocupar, com nada.
Bastava-me simplesmente estar à altura, deste banquete maravilhoso, com que a Primavera se fez anunciar...
Como boa anfitriã que sou, recebia de braços abertos, com toda a dedicação que me foi possível.
Acolhia no meu corpo, dei-lhe colo ... Os mimos foram mútuos, retribuídos com exacta perfeição, que todo este sentir é pouco, comparado com o que recebi hoje.
...
Deveras alucinante. Como mudam os estados de espíritos, com o tempo. Que força maior nos atraí?! .... Senti-me uma pérola no oceano. Isenta, de tudo e de todos ...
As horas passam, o tom laranja, beija agora o horizonte. Ao longe parecem labaredas, com um fundo de fogo ardente, belo de mais para não ser notado .... Curto, o tempo que o pinta na tela de um céu azul, que com sombreados nos finta. faz descer seu véu, sob uma noite pardacenta ... Como um simples beijo, numa boca sedenta por mais.
De volta a casa acolhida nos tons laranja da minha sala. Uma paz de espírito fascinante. Um dia bom demais para deixar em branco.
...
Deleito-me nas folhas de papel, adoço-as com açúcar e favos de mel. Faço este bolo de palavras, recheado de frutos silvestres, com aromas de sentimentos de sabor ímpar.
Relembro, todos aqueles que gostam de me ler, oferecendo-lhes um pedacinho deste bolo de néctar, tão precioso.
...

Bem-vindos ao meu banquete.

ANA P.

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