05 outubro, 2011

CARTAS AO VENTO ...

CARTAS AO VENTO ....


A cumplicidade das horas com os dias e os anos ....
Trezentos e sessenta e cinco dias, Mulher ....
São muitos dias para se poderem negar....


Hoje não vou escrever ao amigo.
Vou escrever para todas as mulheres em que os dias são de quarenta e oito horas ou mais ....
Com dois filhos menores e não partilhando um lar...
Na maioria dos meus dias, penso que o meu relógio é elástico.
Estico, estico as horas que ás vezes passo pelo o sono a correr...
Não contabilizo as horas que durmo, apenas aquelas em que estou ocupada....
Não sei se é defeito, ou se é mania mas quando tenho um problema por resolver julgo que durmo acordada....
Não sei fazer mais nada?!!! O que não faço eu! ...
A vida das mulheres depois de ter filhos é como o código da estrada em que só existe uma prioridade.
Pois.... os filhos !....
Sempre os primeiros .
Um vai e vem que não cansa, o desassossego no fervilhar do sangue que nos dá vida.
Em cada passo à frente dois para trás, numa conclusão em que devagar se vai longe ....
A vida contabilizada em horários.
Horários com fins laborais, horários caseiros, horários pessoais enfim, uma vida recheada de horários.
O tempo que não descansa, não espera e não volta atrás....
Apenas partilha as horas, que são tão minhas como tuas, nossas! ....
Inerentes ao tempo, caminhamos lado a lado numa conquista, como o luar debruçado na madrugada.
Já não fustigamos o cansaço, olhamos as cores fogo do horizonte, lemos nas estrelas, esperanças.
Sobre o céu azul cerramos os olhos e planamos na crina do vento, onde a liberdade conquista asas.
Aladas, já não temos medo de nada.
Devoradoras como uma força de meteoros, rasgamos o céu, dilatamos as essências que cada horizonte nos oferece.
Vasculhamos cada paralelo e submergimos num mar salgado, que serão as lágrimas afoitas que derramamos, um agridoce que nos tempera, numa sequência de cartas que nunca pedimos para jogar.
No recanto do meu pranto, o fado de uma vida, repleta de tudo e de nada ....
MOMENTOS, que se soltam na memória.
Não se perdem, aglomeram-se na alma.
Escrava das minhas memórias, das algemas que não quero abrir, agradeço à mulher que me habita.
Agradeço ao tempo a Mãe, que me ensina ser, sem ter horas marcadas....
E enalteço no conforto do sorriso dos meus filhos, onde esqueço que os dias têm só vinte e quatro horas ....
E não me canso de ser simplesmente, MULHER! ....

Carinhosamente


ANA P.

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