20 abril, 2011

CARTAS AO VENTO...

CARTAS AO VENTO ...
Encontros e desencontros de mim ...


Decidi dedicar estes breves momentos exclusivamente, à minha memória.
Ao dom natural com que o espírito conserva lembranças, recordações, alianças que faço com a mente num corpo que acolhe.
Decidi ser fiel a mim mesma, caracterizar o que me vais na alma, o que me rasga o peito, que me move não deturpando o que sinto, e fidelizo nas palavras soltas em folhas brancas de papel.
Palavras desenhadas que constituem essências do que sou ...
Deliberadamente uma parte de mim que não sei ocultar, que me corre nas veias, fermenta o mosto que vos sirvo em cada virar de página destas cartas ao vento, meu vento ....
A calma ou agitação não inane dos sentidos, que apuram momentos que o tempo me oferece enquanto viva, na audácia colorida de cada estação. ...
Vasculhei cada recanto como se procura-se uma utopia, na certeza porém sabia concretamente o que procurava. ...
Vestígios que me ligavam à minha mãe ...
Momentos meus, e dela ! ...
Procurei-os incansavelmente queria soltá-los de mim ...
Queria relembrar, palavras e gestos do seu carinho ....
Forcei mais uma vez e cerrei os olhos ...
Acreditei que acabaria por recordar ...
Fantástico o que a mente nos pode revelar, fantástico leque de verdades que se cruzam ...
Senti-me deveras perdida, não era capaz de trazer à tona gestos de meiguice, de quem chamamos de mãe. ...
Não encontrava nada, nada, nada ... Isso confunde-me ...
Porque, a conotação de ser mãe, é tão forte para mim, que está sempre acima de tudo e de todos ...
É o sangue que me corre nas veias, o oxigénio que necessito para viver. ...
É o alicerce que me ergue, em cada segundo do tempo ...
É a revolta, a fúria cega, surda que me descreve, matiza tudo o que mudei em mim ...
Sentir ...
Viver profundamente o significado da palavra, mãe ! ...
A palavra que me melhor me descreve, sem dúvida .
A única que não abro mão! Mais que um legado, é uma missão que me foi destinada, que faço questão de erguer até ao último suspiro ...
Até que meus olhos fechem ...
Até ao último bater do coração, onde minhas mãos se desprendem de tudo o que me fez, SER! ...
MÃE ...
O legado que faço questão de nunca esquecer ...
Hoje questiono-me ... Porque o tempo não trás lembranças de nós?!! ...
Mãe ...
Quais as palavras, que ficaram por dizer?!! ...
O tempo passa ...
Com a certeza que ainda à muito, por dizer ...

Encontros e desencontros que vagueiam na mente deste corpo de mulher, mãe e amiga ...
Do meu simples, Viver! ...

Carinhosamente

Ana P.

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