01 julho, 2012


CARTAS AO VENTO ... 01/07/2012 

Valeram-me as lembranças de memórias, que não planeei guardar.
Pressinto que o infinito seja, a desconhecida reserva do meu tempo.
E que a alma seja a ardósia de testemunhos que pelo tempo ficaram.
Inigualável é o sentir de cada pedaço de um gesto que não tive medo de partilhar.

Hoje, apeteceu-me mergulhar nas memórias de rio, junto á foz do meu olhar.
Sentada, sentia-me nadar... 
Nadar nas palavras que li, nadar nos abraços que dei, nadar nas areias que calquei, nadar no conforto da mente quando a alma vagueia.... 
Apeteceu-me!...
Ser uma corrente... fria, quente ... a força serena de uma pequena ria.
Perdidamente, ainda procuro a quietude deste silêncio que não deixa de falar-me. 
Procuro o equilíbrio de razões, que incompreendidas mudam o rumo da compreensão delineada no rosto.
Expostas marcam os dias. 
Aqueles que passam rápido, os que nunca mais passam e tantos outros que deixei de lembrar... e com certeza outros que não esquecerei.
Mesmo usando uma simbologia hermética, os sentimentos são nascentes de água que não podemos parar, apenas lhe podemos mudar o  curso....
E hoje aqui! ...
Relembro as nascentes em que desviei o curso... 
Emancipo a descoberta da ilusão provisória, de cada socalco que talhei com minhas mãos...
Apreensiva, miro a sombra de  paisagens que supostamente poderiam ser ter sido minhas. 
Renasço nos horizontes mesclados, na metamorfose de perfumes que emanei.
Defino-me em fragmentos de momentos, em cada elemento do ar que respirei, que sustive ... 
Perfeita imperfeição que me define...
Tatuada na simbiose de palavras que não pedi para tatuar. 
Em que sentir, é a esfera colorida que habita o espólio de todos o pretextos que não temo escrever. A voz  tangente das dificuldades que não calei. Arremessei na plenitude   de todas as dores que me fortalecem, no timbre de melodias que não foram tocadas para mim ...  Mas que ficaram na pauta das claves que aprendia a escrever ... 
Sintonia ... 
Que  acompanha o desacato de todas as lágrimas. 
Mesmo daquelas que não chorei por mim ... 
Chorei por ti! ... Por ele, por vós .... 
Demagogia era falar por falar, escrever sem conhecimento, era ter pétalas sem o odor do vento ... 
Corrosivas são as leituras, de frases que nunca escrevi ...  Armas desarmadas, de feridas ensanguentadas nos profundos rios....
No meu leito ... 
Adormeço junto à Foz, que me dá vida.
Na cortina que o tempo vai descendo ... meu palco de luz... 
na luz que meus olhos não escondem ...

NO SILÊNCIO DO MEU OLHAR ...


Carinhosamente


Ana P.

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