08 janeiro, 2013

CARTAS AO VENTO 08/01/13

Piano...
Ouve... O silêncio...

Arquitectava o silêncio, as palavras ante-vinham como alicerces.

Nestas páginas brancas, nascia o Éden dos sentidos que exploram o meu corpo de mulher. Sentia o derramar de odores, o quente e o frio das cores, a simbiose quase perfeita que dá luz ao coração. Imaginava-me, perto de todos. Imaginava-me sussurrar nos ouvidos das dispersas distâncias e o eco seria a melodia que resgata lembranças. Não me suprime de alcançar, a caravela que leva as ausências. Seria mais um entardecer, uma página virada ou a neblina que se acama na madrugada. Pedia que me vestisse de silêncio. Quieta desejava mais que um forte abraço, desejava sussurrar nas palavras, escutar o eco das amenas conversas que falavam de mim. Perdidamente descrevia as aventuras e desventuras que se cruzam para além do céu, para além mar... Entardecia... Entardecia, porque o olhar o relógio me dizia. Um olhar, apenas desatento nesse ritual de horas.... Abreviava a intensidade que se ajusta, em meros preconceitos de um novo nascer amanhã. E amanhã entardecia ... Olhava os labirintos deste jardim enfeitiçado. Torturava as palavras na espera... A capacidade de me expressar, de usa-las como armas de afetos, despontava-lhes um ponto de ânsias que se repartiam no espaço de todos o momentos que olhei, aquele simples relógio. Teria algo mais, que esta natureza viva que aflora os sonhos?!! Onde pinto, as cores de um sóbrio arco-íris envergonhado. E o tic-tac, é musica que se solta nas pautas lapeadas de incenso. Movem as teclas frias de um piano, que se dissipa no pó do tempo. Este som. Trauteado, é como uma burla dos dias que se foram. Dos dias que se espreguiçam no brilhar de um olhar, omitindo as lágrimas que não se deixam ver. Vorazmente, devoro um território que me praz, enaltece o júbilo das amizades, que não ficam para depois. Palavras expostas, que vinculam as razões de uma mente, da Alma Resistente que predomina um território que sei abraçar.
Saudades! ...

Ana P.

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