17 junho, 2012

CARTAS AO VENTO 17/06/2012


CARTAS AO VENTO 17/06/2012

Amigo! ...


Dois tons do azul do céu que nos pertence ...
Num tom de uma terra que é nossa...
Em mil palavras que se escondem apenas numa...
SAUDADE! ...

Não sei porque sinto a falta, de algo que nunca tive, que nunca vi .... Que apenas existe na distância.
Poderia escrever-te uma carta perfeita, se assim eu o fosse!...
Na imperfeição dos dias que passaram, e noutros que ainda virão...
Jamais perderei a química de te ler, de coordenar o silêncio que te pertence....
Ainda ontem trocávamos palavras, dispúnhamos de um tempo que nunca foi nosso. Acautelávamos a sinceridade de uma amizade, para lá de razões que nunca foram nossas.
Ontem, a parceria de cada momento era muito mais que simples opiniões. Muito mais que seres diferentes em espaços iguais... Sempre usamos um relógio de invisíveis ponteiros. E a melodia dos aromas dispersavam, como um disco a tocar na velha vitrola .... Sentada neste canto que me pertence, santuário de todas as razões que fomentam o gostar de alguém. Onde o vazio que sinto, se torna tão cheio de pedaços teus meu amigo! ... Daqui, olho para trás e revejo cada traço dos momentos que me arrastam para ti. Que fazem das simples palavras, a muralha  de afectos onde me sento, tantas vezes ...  Onde encontro a força que julgava perdida... Não sei, se reconheces o interior de uma lágrima?! ... Não sei se saberás a força da certeza que és para mim?!! ... Incondicional, é o carinho que tenho nos abraços que nunca te dei. Nos beijos que apuraram os sentidos de duas bocas distantes. Que perpetuaram o incenso da lezíria .... Campo aberto de natureza selvagem, de quimeras de um tempo intocável... Guardando estações inconstantes, fiéis coloridos que não zombam das asas do vento... Aguardam o secreto murmúrio, o sussurro do silêncio que incendeia o rastilho do fogo que não se vê. Envelhece o rosto que nunca olhei, que não ouso esquecer por um segundo que seja. Ontem, não existiu vazio... ontem, nem deste por mim... ontem ainda me lembrava de ti .... Ontem não te deixei ficar. Trouxe-te comigo para a fachada do meu abrigo. Para  poder-te ver ... ou apenas estar contigo....  Partilhar a razia deste oxigénio necessário. Que não asfixia as palavras, fideliza a verdade de se escrever com sentimentos. Enriquece quem se ama( Ou gosta) e não se esquece ... 
Em correntes de elos abertos, sou a enigmática saudade que quase me mata ... Que sente tão profundamente, como raízes de árvores entranhadas na terra ... A seiva que alimenta ... O desassossego do sossego que se lembra de ti... das conversas silenciosas dos amenos sentimentos ... 
Hoje! ...
O vazio continua repleto da tua essência, dos esquadrões de poesias que travam nossas guerras, em busca de almas vazias ...
Hoje, poderia esquecer-te.
Deixar-te para trás num tempo que não pode parar...
Hoje, recordo-te na falta que me fazes, sem nunca saíres do  lugar ...
Hoje, és muito mais forte que a saudade que não quer acordar...   
Hoje! ...
E sempre serás as asas da saudade, que não nos ensina a voar ... 
Na robusta imperfeição nos ponteiro de um relógio...

SAUDADE...


Carinhosamente

Ana P.

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