01 junho, 2012

CARTAS AO VENTO 01/06/2012

CARTAS AO VENTO 01/06/2012


Sentia ...

Neste canto redobrado de silêncio, tropeço nas palavras que rugem no interior do coração. 
A simbiose da alma escrita por minha mão.
Consistência! ...
É o reforço exacto do pormenor, que caracteriza o mais improvável acto de um sentimento envergonhado.
Lucidez que encontro em lutas desarmadas, que jogam comigo o tudo...
E o nada ....

Sentia... 
A irreverência, o desacato de um fogo que mirra o tacto. 
Sucumbe na palidez de paredes caiadas, que ornamentam o memorial de páginas brancas do livro, que não soube ler... 
Enigmáticas traições... 
Iludem o contexto de frases que não soube escrever. 
Enredam a sintomatologia de histórias, que me devoram por dentro por fora. 
Num avesso de frenéticas alquimias. Não coesas dilatam performances, corroem os extractos da seiva que me habita....  
Senti...
Urgência, em declamar o alerta de Der e de Dizer ... 
Encontrei-me ...
Numa vastidão em que as palavras, são o prodígio que não posso perder ...
Insólitas, como as cartas que escrevi... 
Que falam por mim.
Vestem-se de fantásticas, para que possa voltar ... 
Um talento, que não posso mistificar. 
Códigos de afectos, colonizam os sonhos que não me lembro de ter sonhado. 
Júbilo de horas em que viva, não dei conta de passarem ... 
Adormecida, uma parte nua outra despida... 
Envelheço nas tranças infinitas de tempo sem horas... 
Em que os vestígios  desenhados na pele... 
Registam a impotência, que não posso travar.
Sentia que enlouquecia as parábolas. 
Uma narração imperfeita, 
um quanto-basta habitual, nas liturgias de geração para geração ...

Descobri-me! ...

Defendi aurécias, que não corromperam as manhãs ...
Fluí, em rios secos de pedras cinzas talhadas ...
Adormeci, no ventre de florestas negras amaldiçoadas ... 
Cravejei socalcos de feridas, no enlace dos dias contra as madrugadas ...
Fui vela sem chama, num fogo frio ...
O moliço no leito do rio ...
O argumento que sujeitou o facto...
Fui a tesoura no teu retrato ...

Senti 
O vento
Falei
com o sol ...
Voei, com  as asas de um pequeno rouxinol...

Senti..

Carinhosamente 

Ana P.

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