21 novembro, 2011

CARTAS AO VENTO ...

Hoje, serei a tecedeira.
Tecendo a manta, com fios de vida de prantos.
Do avesso que mora mim, fiz gravuras com relevos.
Com palavras tingi suas cores, dividi o matizado de cada uma, com dia e a noite.
Do silêncio, fiz a tela firme que as segura.
Aconchegada, procuro amainar a rebeldia no conforto do calor,que descrevo, na combustão das palavras.
De significados constantes, mas dependentes da percepção de quem me lê.
A minha manta retrata-me como sou, ela é o espelho mágico que não mente.
O calor do amor está sempre presente, de uma forma tão coerente que vos permite uma leitura amena, com o coração.
Podereis olhar-me, contemplar-me de uma forma tão discreta, que nem eu, sou capaz de o fazer.
Não sou perfeita!
Sinceramente, já algum tempo que abdiquei da perfeição.
Deixei de correr atrás o tempo, sem lhe dar uma razão.
A razão é o equilíbrio que me faz ser.
Um tempo de horas e momentos partilhados, mas a minha verdade maior, é ser Mãe.
Toda força, que me ergue nos pêndulos da saudade. ...
De um tempo que não volta mais, ....
Sinto-me Magistral! ...
Que em tempo sem retorno, abdico de mim, contemplo o meu forte de muralhas invisíveis.
Os meus filhos....
Todo o meu amor é a placenta, que nos alimenta, suporta o reverso das voltas que a vida nos oferece...
Não desespero nas lágrimas, pois essas conduzem a verdade que não se deve esconder, corroboram a fortaleça existente nos meus dias...
Cravam no peito sentimentos, que não se apagam com o tempo.
Sentimentos, que eu apelo à memória para não os esquecer, ou que eles não se esqueçam de mim.
Não espero ser brilhante nas palavras, não quero ser melhor do que ...
Sou simplesmente uma combustão de sentimentos, que me definem .
Que pintam o azul do meu mar, sobre o castanho aroma de canela que tanto gosto.
Não necessito da exactidão bélica das palavras, não utilizo floreados e não pinto quadros em telas alheias...
Se gosto, gosto e tudo demais é simplificado.
Se não gosto, não gosto, mesmo... Não comento, ignoro nem faz parte do meu passado .
Como gostaria de ter tempo, soltar todo o avesso da mulher que tece a manta, com mãos de Mãe! ...
Como?!!!
Se a primeira e única prioridade é ser, Mãe.
Aqui, deixo palavras que dão relevo ás cores que teço ... à Manta que me conforta e supera o negro dos dias cinzentos ....
Do silêncio matizado que me sai das mãos.

Carinhosamente,

Ana P.

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