10 julho, 2011

CARTAS AO VENTO ...

CARTAS AO VENTO ...


Não sei se sou poetisa ...
Não sei se as palavras que solto, fazem de mim poetisa, ou se sou ilustrada com o amor das vossas cores.
Nem sei se estarei à altura, de usar a coroa de poetisa....

Quando as palavras sobejam em mim, à que passa-las a outros que necessitem de alimento de conforto!...
De nada servem guardadas, mofam e morreriam lentamente ...
Assim como nós ...

Hoje, apesar dos pequenas ameaças dos chuviscos da chuva, vesti os velhos jeans de ganga,já coçados do uso mas que ainda contornam na perfeição as linhas do meu corpo.
E que eu, gosto tanto!...
Vesti a tshirt branca, calcei os chinelos brancos de enfiar no dedo e sai de casa ...
Por momentos, olhei o céu como se fosse incompressível entender o tempo que nos visita ...
Vi, as nuances cinzentas de pequenos aglomerados de nuvens que pairavam por cima de mim, olhei mais à esquerda, confrontando a luz branca e quente dos raios de sol, senti a saturação de uma aragem quente e húmida com o cheiro de terra, vindo dos campos que cercam a minha pequena povoação ...
Mesmo assim não dei muita importância, continuei fiel a mim mesma, na direcção para tomar um café rápido...
Precisava de sentir o aroma de um café...
Sentei-me na cadeira de madeira no patamar do café, que convidava a uma aprazível estadia ...
Senti-me como se estive no meio de uma seara, rodeada de espigas de trigo, em que os ventos fustigavam o olfacto dos sentidos com o perfume de uma terra livre,e as melodias do chilrear de pequenos pardais vivaços, brincando em prol de voar em liberdade.
Rapidamente fui absorvida pelo glamour deste belo quadro, pintado na tela do meu olhar.
Decidi raptar-te, Venâncio!...
Trazer-te para a paz da minha seara, numa perspetiva de nos perdermos no meu monte.
Onde poderia colocar a cabeça no teu regaço, olhar nos teus olhos e contar-te alguns dos enigmas, equacionando a luz que me cega de tanto gostar...
Por momentos senti a grandeza de um um tempo, só nosso, sem limites...
Sem medos, de nos perdemos no horizonte...
Senti-me uma força da natureza, inundada por aguas de felicidade, que é ter em ti:
Um amigo, mais que um confidente ...
Alguém, que tendo conhecimento mais que suficiente para adjectivar e argumentar, nunca negou um abraço, uma palavra...
Alguém que é o pólen do xarope do meu mel ...
A Magia celeste, com que pinto os meus dias ...
Meu Mestre, na minha leiga experiência de vida ...
O Timbre da voz, que não satura ...
O Desejo, que não escondi ...
O Beijo, que não esqueço ...
A trama, que nunca tramei ...
A conspiração que não se prevê, acontece! ...

Como um quadro, exponho-te na galeria das verdades que me ilustram a mente.
No livro memorial que percorre os túneis, onde vagueia a minha alma.
Em que se escutam seus passos no eco do rasto que deixas.
Fielmente salva-guardo as horas que ambos partilhamos, mesmo em extremos opostos serão sempre iguais ...
E dos momentos ...
Das ocasiões ...
Do acaso, farei pergaminhos ...
Serei a Guardiã do tempo de um passado que me preenche o presente, e conquista o futuro ...
Em que cada dia que passa, agradeço a tua presença nas partículas da minha vida em que ser feliz é muito mais que possuir ....
É viver intensamente, as verdades que não podemos esconder ...
É saudades ...
É desbravar a solidão ...
É valorizar pequenos Momentos, que podem ser os melhores que por nós passam ...
É estar perto, mesmo que seja longe ...
É fluir e crescer no vento, sentir que estamos vivos e deixar que o tempo se lembre de nos esquecer ...

Assim, como eu me esqueci nestes breves momentos do café da manhã ...
Perdida numa visão de aromas que me dão vida ...
Que resgatam as essências, quando pressinto a alma perdida ...


Carinhosamente

ANA P.

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