30 setembro, 2012

CARTAS AO VENTO ...30/09/2012

Dá-me o hoje,
o amanhã não sei se virá...
Dá-me o sorriso que reconheço, a gargalhada mais ruidosa,
dá-me uma flor... uma rosa.
Um gesto simples, um olhar...
Dá-me um momento do teu tempo ... Amanhã, posso não estar!
Não hesito em dedicar-te o silêncio palavras.
Junto de ti, saberei os enlaces dos abraços de que nunca te falei.
Não serão as marés, nem a foto mais recente. São pétalas, soltas nos ventos da mente.
São a cor,
o cheiro do que fica para depois ....
São essências, pedaços, lacunas sem voz ...
São, sentimentos que abrem janelas ...
Cardápio secreto de desejos.
As portas dos meus beijos.
Onde o mar se espelha, na saudade da falta que me fazes sentir ...
Saberei o gosto da ruidosa saudade.
Reconhecerei o anil da agridoce felicidade.
Contemplo a sedução dos instantes que se repartiram.
E todas as consequências das escolhas que fizera.
Ainda que acredite no destino, ao certo não lhe posso dar um começo, um rumo ou um fim...
Há um fado vadio, que nasce no rodopiou.
Faz de todas as sinas o caudal do meu rio.
Quem a têm chama-a de sorte.
A fortuna abençoada, de quem se esconde nos becos da madrugada.
Há, quem tenha a alma fechada, vazia repleta de nada...
Há, quem lhes sorria deitada nas pedras da minha calçada...
Sem o amanhã atropelo as horas.
Desejava que a sua intensidade fosse a mais escura luz do pleno dos meus dias.
E hoje, deixar-vos-ia a inquietude da minha presença.
O sorriso, que tantas vezes fala por mim.
Em silêncio, quebraria o fim do dia que se faz findar ....
Nos gestos fazia-me delirar.
Desvairar-me de todas a infindáveis desculpas que disparam, fizeram-me recuar.
Inquestionáveis, seriam as certezas dos dias em que não te pedi para ficares....
Hoje...
Fica! ... Deixa-te ficar.
O amanhã não demora ...
E ... posso não estar.

Carinhosamente,

Ana P.

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