09 setembro, 2012

CARTAS AO VENTO 09/09/2012

“ Existir é sentir a falta de …
Alguém , de algo que por instantes nos absorveu.”
É sentir-me à margem de um rio. Planar nas asas do vento, que sem rota se define por momentos.
Lembro-me!… ou …
Apenas relembro os aquedutos, que me levam para lá das margens que não me pertencem.
Águas. ..
Que posso definir nos sorrisos ou nas gotas lacrimejantes que exploram o sentir, muito além das expectivas de todas promessas que simplesmente ignorei.
Sem querer, a mente induz-me numa perspetiva visionária .
Trás-me a glicose de rostos, de vozes e gentes.
Locais que me iluminaram e iluminam a essência que me faz sentir viva.
Na combustão dos dias, das horas, de todos os segundos com que teci a minha pequena manta de retalhos.
Sobre a colina de olhares que despertaram o ruidoso silêncio. Incenso de quimeras que arde.
Alivia o conceito do tempo que passou, atenua lembranças do tempo que passa.
Como se o alcance fosse o retrato impossível que não tirei. Imagino agora, os contornos das gargalhadas, os abraços e as lágrimas que abdicaram de mim.
De rastos com rostos visíveis, acarinham cada fechar de olhos, que repetidamente faço, para os rever, sentir e contornar o rumo das saudades que tantas vezes dispara como uma flecha, sem arco. Amassam a indefesa ausência. Desbastam todos os grumes e alimentam a Alma.
Amo, porque sinto. Porque amar é, e será sempre sentir.
Mesmo que passem por mim, sem me ver, saberei ao certo que nada acontece por um acaso.
Já imaginei passar sem ver, de certo já o fiz, nem me apercebi… rebusquei no porão, escutei vozes, que retribuíam o paladar de dias, dias e mais dias, ficaram no torno , calaram-se! …
Não sei se esperavam por mim, ou se eu esperava por elas. Irónico não é presencia-las, é sentir o vazio dos momentos que ocuparam. Deixaram-me sonolenta, somaram o peso dos afectos que se teimam escolher.
Deixei que escrevessem nas minhas páginas.
Conclui que controlar, é o inverso de respeitar, amar …
Indolor não é a falta que fazem, mas o espaço que ocuparam ou ocupam…
Invés do silêncio, poderiam estranhar o repleto de melodias que se constroem em partituras com faces.
Não necessitei de desenhar os sorrisos, nem de fazer múltiplas perguntas.
Ocorreu-me, se por instantes não fui o objeto de mentes estranguladas.
Carentes procuram raios de sol.
E afinidade mais próxima é o asco de se sentirem denunciados, como se lhes fossem renegados apegos.
Teimosia, pode ser um defeito ou o inverso de cobardia.
Timidez é a tez avermelhada, que tinge o rosto.
Salienta a liberdade que me concede a lucidez necessária para não renunciar das frações que escrevi no tempo.
Prepósito não foi a finalidade do tempo. Mas sim o fim, que lhes dei.

Carinhosamente,

Ana P.

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