16 setembro, 2012

CARTAS AO VENTO 16/09/2012

Excessos.
Que ditam o silêncio dos inocentes...
Que deceparam a dor de muitas, Mães!
Vive-se a agonia dos excessos.
Excesso de medo, de fome da falta da coerência de juízos e de tino.
Vive-se na soleira das portas que não nos pertencem.
Arruínam-se casas, gentes, famílias, filhas e filhos de...
Voltamos novamente à encosta de Impérios perdidos, aos achados mortais de uma legião que gritou liberdade.
Liberdade que saiu à rua.
Andou de mão em mão.
Partilhou cravos, uniu elos que se quebram.
Amordaçou a guerra nos becos da madrugada.
Fez dos dias, sombras das glorias abençoadas.
Da bandeira, o Hino de homens que lutaram. Que não puderam voltar.
Rasgaram-se, os peitos de mães a quem lhes roubaram os filhos....
Mães, que não fizeram o luto. Que sobrevivem sem ele ...
Mães que padeceram de si.
Mães que não se pronunciaram....
Mães que vivas, se enterraram também.
MÃES!....
Mães vestidas de preto, que ainda carregam seus filhos mortos, no colo.
Dormem na cama com eles...
E os apertam no peito ...
Mães! ,,,
Que se sentem as areias soltas no imenso deserto.
Mães das guerras, que nunca pediram. Que nunca seriam suas ... Mães nos trilhos das velhas ditaduras.
SILÊNCIOS.
Fazem do silêncio a mortalha dos olhos que nunca viram.
Fazem das suas lágrimas, as minhas! ...
Do seu espelho a minha imagem.
Num tempo que ruma e nos encadeia. No qual não podemos nem devemos fazer de vista grossa.
( Numa guerra que não pedi, relembro a carta enviada pelo exército aos meus avós paternos. Dando-lhes conhecimento da morte do seu filho, na guerra de Ultramar . Da carta negra, negra de tudo, de dor de informação e de todas as linhas que tinham sombreado a preto, o que lhes restava apenas na leitura é que o seu filho; MÁRIO MANUEL PEREIRA PIMENTEL, tinha sido morto no cumprimento do seu dever.)
Carinhosamente,

Ana P.

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