06 setembro, 2011

CARTAS AO VENTO ...

CARTAS AO VENTO ...

Escrevo em folha lacrada, no apêndice do ruidoso silêncio que me incinera.
Espectadora num palanque que não é só meu, é nosso...

Subo ao palco.
O certo privilégio de escolher a música.
Sinto-me Maestro, de batuta na mão regendo uma orquestra majestosa.
Nada mais, nada menos que os comuns dias de um simples mortal.
Neste palco improvisado domínio imperial de cada sentimento que me veste e despe, a preceito num tempo que partilha connosco, a eloquência de cada hora que passa.
Revestindo-nos com o azimute de um Norte, sem Norte...
Nas abobadas do meu céu, o brilhar de cada sorriso que me ergue no dia a dia e sustenta a beleza de todo o amar, que teço no vosso brilhar...
Nos espaços que pressinto vazios, aprendi aglomerar os sorrisos que me fascinaram, tão repletos de alegria de amor, que neles faço o ancoradouro de momentos das verdades...
Momentos que ainda hoje, acalentam as frentes frias que me ferem o coração, que me fazem lacrimejar num tempo em que queria voltar ...
Retorcer, resgatar pedaços do meu amar, do meu gostar da efémera felicidade que não vi passar...
Ai! Se eu, pudesse voltar!!...
No meu céu o tom laranja a ferro e fogo cravado, num punho cravejado de alquimias com pedras filosofais.
Valentia, senhora dos meus ais ....
Muro de pedras vazias, oco. Sem sais...
Lufada de vento, que adorna meu rosto. O beija mil vezes ...
Sentir ... sentir ... sentir ...
Sentir, o emaranhado que me solta os cabelos...
Sentir, o sussurro que tacteia meu corpo ...
Sentir-me o pedestal do sol que me aquece ...
Bola de fogo, um magma que arrefece.
Pedra fria ...
Que o tempo não esquece ... Desgasta ...
Um grão de areia num deserto...
Tão Meu! ...
Tão Nosso!...
Num palanque que não pedi para subir... Fui, convidada! ...
VIDA ...
Em que não pedimos para nascer, nem para morrer ...
Ofusca simplicidade.
Eclipse, que esconde a luz que nos ilumina na mente que brilha.
Saudades do que não fomos capaz de dizer...
De fazer ...
VIVER! ...viver ...
DE SERMOS, FELIZES! ...
Na incompreensão de um tempo que não me perdoa, à mercê de cada intempere que abalroa a luzes do meu palanque.
Onde me ajoelho, e peço perdão ...
Por me deixar cegar, por vezes...
Agradeço, por sentir e ver os espaços do brilho de cada um, nas abobadas do meu Céu.
...
Obrigada(o)...

Carinhosamente
Ana P.

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